Junho Literário: Escritora Jarid Arraes indica livros inspiradores
Vencedora do Prêmio APCA de Literatura, a cordelista conversou com a gente no Instagram sobre os 60 anos de Quarto de despejo
A escritora e cordelista Jarid Arraes conversou com a gente sobre os 60 anos do livro Quarto de despejo – Diário de uma favelada, de Carolina Maria de Jesus, na última sexta-feira (26), na série Junho Literário. Neste clássico da literatura brasileira, Carolina narra seu cotidiano como catadora de papel e, mais do que isso, traz debates sobre desigualdade social no Brasil.
Vencedora do Prêmio APCA de Literatura, com o livro Redemoinho em dia quente, Jarid reforçou a importância de Carolina na literatura brasileira, neste 3º encontro da série. Para quem não assistiu à live, pode conferir no IGTV. No bate-papo, ela também indicou livros que inspiram sua escrita até hoje. Lista inclui grandes nomes da literatura brasileira e mundial, como Conceição Evaristo e Toni Morrison. Confira as indicações e boa leitura!
Diário de Bitita, de Carolina Maria de Jesus
A dura luta cotidiana de uma família negra, nas primeiras décadas do século passado, narrada do ponto de vista de uma menina inteligente e interessada. O Diário de Bitita documenta seus esforços para, ainda criança, encontrar trabalho, garantir a sobrevivência material e manter a dignidade, acima de tudo. Um painel da sociedade agrária brasileira, realçado com tintas de injustiça social, preconceito e discriminação. Jarid contou que este é o seu livro favorito de Carolina Maria de Jesus
Amada, de Toni Morrison
Baseado numa história real, Amada é ambientado em 1873, época em que os Estados Unidos começavam a lidar com as feridas da escravidão recém-abolida. Com estilo sinuoso, Toni Morrison constrói uma narrativa complexa. Este é um dos seus principais livros.
O olho mais azul, de Toni Morrison
A lista de indicações literárias de Jarid inclui um segundo livro de Toni Morrison, O olho mais azul. Considerado um dos livros mais impactantes de Toni Morrison, o primeiro romance da autora conta a história de Pecola Breedlove, uma menina negra que sonha com uma beleza diferente da sua. Negligenciada pelos adultos e maltratada por outras crianças por conta da pele muito escura e do cabelo muito crespo, ela deseja mais do que tudo ter olhos azuis como os das mulheres brancas — e a paz que isso lhe traria. Mas, quando a vida de Pecola começa a desmoronar, ela precisa aprender a encarar seu corpo de outra forma. Poderosa reflexão sobre raça, classe social e gênero, é um livro atemporal e necessário.
A cor púrpura, de Alice Walker
Este romance epistolar conta a história de Celie, uma mulher negra e semianalfabeta, que mora nos Estados Unidos, e planeja uma vida diferente para ela e sua irmã, Nettie. Ao longo da narrativa, os leitores acompanham o dia a dia de Celie, que escreve diariamente cartas a Deus e à irmã, pedindo melhores condições de vida. A obra escancara a desigualdade social, o racismo, a pobreza e a violência contra a mulher.
Jamais peço desculpas por me derramar, de Ryane Leão
Este é o mais recente livro de poesia da autora de Tudo nela brilha e queima. “Mesmo na correria, eu sigo em busca das sutilezas. Não posso deixar as distrações passarem batidas. O peso do mundo não vai tomar conta de minha pele se eu me atentar às brechas, às margens. Anteontem eu vi o mar, recebi abraços apertados que me agradeceram pelos poemas que escrevo com o coração na ponta dos dedos. (…) Há algo que resiste por entre os escudos, que me relembra que existe uma coisa essencial em ser uma mulher que se reconstrói diariamente: eu sou profunda demais pra acabar”, diz a autora Ryane Leão.
Olhos d’água, de Conceição Evaristo
Em Olhos d’água, Conceição Evaristo ajusta o foco de seu interesse na população afro-brasileira abordando, sem meias palavras, a pobreza e a violência urbana que a acometem. Sem sentimentalismos, mas sempre incorporando a tessitura poética à ficção, seus contos apresentam uma significativa galeria de mulheres: Ana Davenga, a mendiga Duzu-Querença, Natalina, Luamanda, Cida, a menina Zaíta. Ou serão todas a mesma mulher, captada e recriada no caleidoscópio da literatura em variados instantâneos da vida?
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