Flup homenageia Modernismo Negro
Festa Literária das Periferias começa nesta sexta-feira (11) com programação especial no Museu de Arte do Rio e no Museu da História e Cultura Afro-brasileira
Na semana de comemoração do centenário da Semana de Arte Moderna, a Festa Literária das Periferias (Flup) homenageia o Modernismo Negro da Pequena África. A partir desta sexta-feira (11) até o dia 18 de fevereiro, o evento gratuito tem uma programação especial no Museu de Arte do Rio (MAR), na Praça Mauá, e no Museu da História e Cultura Afro-brasileira, na Gamboa, ambos no Centro do Rio de Janeiro.
Para Daniele Salles, porta-voz da Flup, a importância de falar sobre Modernismo Negro é desconstruir a narrativa que estabelece o movimento como de “elite intelectual paulista e branca”. “Mergulhar nesta história é desfazer o apagamento da diversidade cultural do Brasil colocando a presença negra num lugar central que sempre lhe foi legítimo”, explica.
Os homenageados da Flup 2022
Os homenageados da edição deste ano são o escritor Lima Barreto, o maestro Pixinguinha e a cantora Josephine Baker. Daniele reforça que os três homenageados são figuras centrais na arte e na literatura brasileiras. No entanto, eles têm as histórias pouco disseminadas no país. A porta-voz da Flup destaca que, enquanto a Semana de Arte Moderna acontecia em São Paulo, havia o primeiro encontro de músicos negros na diáspora, em Paris, na França. Entre os convidados estavam Pixinguinha e seu grupo, o Oito Batutas.
“Os brasileiros encontraram-se com músicos norte-americanos, que saíram do sul, foram para o norte dos Estados Unidos e emigraram para a França. A cantora e dançarina norte-americana Josephine Baker revolucionou o estatuto da mulher negra em suas quatro visitas ao Brasil, com performances que a creditam como feminista antirracista e ícone LGBTQIAP+ de primeira hora. Lima Barreto, morto em novembro de 1922, teve na condição marginalizada o ponto de partida para a investigação da identidade nacional, retratada no clássico Triste Fim de Policarpo Quaresma”, completa.
Na abertura do evento, o público pode participar da estreia da exposição sobre Pixinguinha, a partir das 15h30. Entre outros destaques da programação do MAR estão as mesas “Colecionismo: os novos agentes negros da Arte Contemporânea”, no sábado (12), às 17h30, e “Experiência afrofunk – Do afro ao funk”, às 19h de terça-feira (15)
Programação da Flup
Na abertura do evento, o público pode participar da estreia da exposição sobre Pixinguinha, a partir das 15h30. Entre outros destaques da programação do MAR estão as mesas “Colecionismo: os novos agentes negros da Arte Contemporânea”, no sábado (12), às 17h30, e “Experiência afrofunk – Do afro ao funk”, às 19h de terça-feira (15)
A escritora Eliana Alves Cruz e a jornalista Flavia Oliveira participam do debate “Matriarcado das tias baianas”, às 19h, na quarta-feira (16), no MAR. Já a historiadora Lilia Schwarcz participa da abertura da exposição “Essa minha letra: Lima Barreto e os Modernismos Negros”, no Museu da História e Cultura Afro-brasileira, na quinta-feira (17), às 18h. Confira a programação completa! Veja, abaixo, também livros dos homenageados e de alguns convidados da Flup!
Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto
O autor foi um crítico mordaz da vida carioca no período da primeira república. A obra traça o destino tragicômico de um homem tomado pelo patriotismo ingênuo, em quixotesca luta contra a corrupção de políticos.
Lima Barreto: Triste visionário, de Lilia Moritz Schwarcz
Durante mais de dez anos, Lilia Moritz Schwarcz mergulhou na obra de Afonso Henriques de Lima Barreto, com seu afiado olhar de antropóloga e historiadora, para realizar um perfil biográfico que abrangesse o corpo, a alma e os livros do escritor de Todos os Santos. Esta, que é a mais completa biografia de Lima Barreto desde o trabalho pioneiro de Francisco de Assis Barbosa, lançado em 1952, resulta da apaixonada intimidade de Schwarcz com o criador de Policarpo Quaresma – e de um olhar aguçado que busca compreender a trajetória do biografado a partir da questão racial, ainda pouco discutida nos trabalhos sobre sua vida.
O crime do Cais do Valongo, de Eliana Alves Cruz
Um corpo amanhece em um beco, envolto em uma manta e com pequenas partes cortadas. O crime do cais do Valongo, de Eliana Alves Cruz, é um romance histórico-policial que começa em Moçambique e vem parar no Rio de Janeiro, mais exatamente no Cais do Valongo. O local foi porta de entrada de 500 mil a um milhão de escravizados de 1811 a 1831 e foi alçado a patrimônio da humanidade pela UNESCO em 2017. A história acontece no início do século 19 e é contada por dois narradores — Muana e Nuno — que conviveram com a vítima: o comerciante Bernardo Vianna.
Úrsula, de Maria Firmina dos Reis
Úrsula não é apenas o primeiro romance abolicionista da literatura brasileira, é também o primeiro da literatura afro-brasileira, entendida como produção de autoria afrodescendente que tematiza a negritude a partir de uma perspectiva interna.
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