Por dentro da literatura de Maria Valéria Rezende
Em 2018, premiada escritora lançou a coletânea A face serena, que reúne 37 contos. Conheça também algumas das principais obras da autora!
Vencedora duas vezes do Prêmio Jabuti (2009 e 2015) e do Prêmio Casa de las Americas (2017), a escritora Maria Valéria Rezende voltou ao foco do mercado literário brasileiro no último ano. Em 2018, a autora lançou a coletânea de contos A face serena (editora Penalux), com 37 textos que fazem um apanhado de nossas fases ao longo do caminhar pelo mundo.
Os contos oferecem “uma vasta galeria de tipos confrontada com mortes simbólicas e reais, nos quais transparecem algumas marcas da autora”, como “a captura do leitor logo de entrada pela inteligência narrativa sem necessidade de preâmbulos”.
Uma das finalistas do Jabuti 2018, a obra tem como contexto principal a morte e retrata a evolução e o amadurecimento dos personagens. Os protagonistas relacionam-se com outros modelos familiares e encontram na própria família sentimentos como ansiedade e inveja.
Sobre a autora
Nascida em 1942, em Santos, São Paulo, Maria Valéria Rezende começou a relação com a literatura ainda na infância. Filha de pais escritores, usava a máquina de escrever e desenhava para organizar seus próprios livrinhos infantis. Recebia também a ajuda da avó para costurar o miolo das obras, que normalmente eram reproduzidas em cinco ou seis exemplares.
Maria Valéria Rezende morou em Santos até os 18 anos. Em 1965, um ano após o início da ditadura militar, ela entrou para a Congregação de Nossa Senhora, Cônegas de Santo Agostinho. Formada em Língua e Literatura Francesa, Pedagogia e mestre em Sociologia, dedicou-se à educação popular, como na periferia de São Paulo. A partir de 1972, mudou-se para Pernambuco, depois para o meio rural da Paraíba e, desde 1986, ela mora em João Pessoa.
A partir dessas experiências, a narrativa de Maria Valéria Rezende costuma retratar o sertão nordestino – as histórias apresentam os amores, as tragédias e a geografia local. No entanto, ela rejeita o título de “regionalista”. “Nunca vi classificar de regionalista aquela literatura que só fala de Ipanema ou da Vila Madalena”, disse a autora, em entrevista à revista Época, em março de 2016.
Quarenta dias
Este é um dos principais livros de Maria Valéria Rezende. A obra conta a história de Alice, uma professora aposentada, que mantinha uma vida pacata em João Pessoa até ser obrigada pela filha a deixar tudo para trás e se mudar para Porto Alegre. Mas uma reviravolta familiar a deixa abandonada à própria sorte, numa cidade que lhe é estranha, e impossibilitada de voltar ao antigo lar.
O voo da guará vermelha
O livro trata da relação de Irene e Rosálio. Ela, uma mulher que chega do Norte e, em São Paulo, se torna uma prostituta com Aids. Ele, um servente de pedreiro que vive na cidade grande. Os personagens desta obra sobrevivem na obscuridade humana, discretos e anônimos na sua miséria, mas intensos nos seus sonhos de um dia viver como os outros vivem, com alegria e alguma esperança.
Vasto mundo
Vasto mundo também é um dos principais livros da escritora Maria Valéria Rezende. Assim como em suas outras obras, nesta coletânea, a autora retrata a geografia e a cultura do Nordeste brasileiro.
Fora dos eixos
Este é uma das obras raras de Maria Valéria Rezende. Fora dos eixos retrata a relação de Irene e Rosálio. Ela, uma mulher que chega do Norte e, em São Paulo, se torna uma prostituta com Aids. Ele, um servente de pedreiro que vive na cidade grande.
Outros cantos
O romance traz uma narrativa comovente sobre passado e futuro. Numa travessia de ônibus pela noite, Maria, uma mulher que dedicou a vida à educação de base, entrelaça passado e presente para recompor uma longa jornada que nem mesmo a distância do tempo pode romper. Em uma escrita fluida, conhecemos personagens cativantes de diversos lugares do mundo e memórias que desfiam uma série de impossíveis amores.
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