Conheça os melhores romances do século 21
Leitores responderam a questionário da Revista Bula e escolheram os livros mais marcantes do período. Qual obra você incluiria?
Há tantos grandes escritores sendo descobertos no século 21, que fica difícil escolher apenas um deles. Por isso, a Revista Bula realizou uma enquete com os leitores, entre janeiro e agosto deste ano, para descobrir quais foram os 25 melhores romances publicados no período. A pesquisa considerou apenas um livro por autor e ainda obras que foram publicadas a partir de 1º de janeiro de 2001. O levantamento foi realizado com os colaboradores, assinantes e internautas nas redes sociais.
Em seis categorias, os títulos foram separados de acordo com o número de indicações, que variava de 20 a 100. O resultado da pesquisa foi surpreendente. Segundo os dados, São Paulo foi o estado com o maior número de escritores citados, o equivalente a sete indicações. Logo em seguida, aparecem o Rio de Janeiro e Minas Gerais, com seis e quatro indicações respectivamente.
Há obras para todos os gostos e a seleção também reúne livros de autores que não estão mais vivos, como Elvira Vigna, João Ubaldo Ribeiro e Victor Heringer. A partir do resultado da pesquisa, selecionamos o top 13 da lista. Confira!
Pornopopéia, de Reinaldo Moraes
Pornopopéia, de Reinaldo de Moraes, conta a história do ex-cineasta marginal Zeca, que é obrigado a filmar vídeos promocionais para sobreviver. “Holisticofrenia” é o único longa-metragem em seu currículo, gravado sem concorrer à verba oficial ou à renúncia fiscal. No improviso e sem dinheiro, Zeca precisa rodar um vídeo institucional sobre embutidos de frango. No entanto, o personagem entra em uma espiral de bebidas, sexo e drogas.
O filho eterno, de Cristovão Tezza
Esse é um dos principais livros de Cristovão Tezza. O filho eterno retrata os conflitos de um homem que tem um filho com Síndrome de Down. Na história, o protagonista mostra-se inseguro, envergonhado e medroso em relação à situação do menino. No entanto, com muito esforço, ele enfrenta o caso e passa a conviver de forma amorosa com a criança.
Cinzas do norte, de Milton Hatoum
Terceiro romance de Milton Hatoum, Cinzas do norte é o relato de uma longa revolta e do esforço de compreendê-la. Dois meninos travam uma amizade, em Manaus, na década de 1950, que atravessará toda a vida. De um lado, Olavo, de apelido Lavo, o narrador, menino órfão, criado por dois tios mal-e-mal remediados, que cresce à sombra da família Mattoso; de outro, Raimundo Mattoso, ou Mundo, filho de Alícia, mãe jovem e mercurial, e do aristocrático Trajano. Outros fios completam o tecido ficcional do livro, como uma carta que o tio Ranulfo envia a Mundo.
Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios, de Marçal Aquino
Narrador da obra, o fotógrafo Cauby está convalescendo de um trauma em uma pensão barata, em uma cidade do Pará prestes a ser palco de uma nova corrida do ouro. Sua voz é impregnada da experiência de quem aprendeu todas as regras de sobrevivência no submundo. O motivo de sua descida ao inferno é Lavínia, a misteriosa e sedutora mulher de Ernani, um pastor evangélico. A trajetória do fotógrafo, dado a premonições e a um humor desencantado, vai sendo explicada por meio de pistas.
Barba ensopada de sangue, de Daniel Galera
Após a morte de seu pai, um professor de Educação Física procura refúgio em Garopaba, um pequeno balneário de Santa Catarina. O protagonista afasta-se da relação conturbada com os outros integrantes da família e mergulha em um isolamento geográfico e psicológico. Ele empreende a busca pela verdade no caso da morte do avô, que teria sido assassinado décadas antes na mesma Garopaba, na época apenas uma vila de pescadores. Em Barba ensopada de sangue, Daniel Galera alterna descrições ricas em sutileza e detalhamento com diálogos ágeis e de rara verossimilhança.
O drible, de Sérgio Rodrigues
Desenganado pelos médicos, um cronista esportivo, de 80 anos, testemunha dos anos dourados do futebol brasileiro, tenta se reaproximar do filho com quem brigou há 25 anos. Toda semana, em pescarias dominicais, Murilo Filho preenche com saborosas histórias dos craques do passado o abismo que o separa de Neto. Revisor de livros de autoajuda, ele leva uma vida medíocre colecionando quinquilharias dos anos 1970 e conquistando moças que trabalham no comércio perto de sua casa, na Gávea.
Sinfonia em branco, de Adriana Lisboa
O enredo de Sinfonia em branco é inteligente e cativa o leitor sem jamais erguer a voz nem o ludibriar. Com passagens de grande força poética, Adriana Lisboa narra, em uma sequência não cronológica, a história destas irmãs. Clarice, a mais velha, sempre esteve fadada a se casar com o filho do dono da fazenda vizinha, enquanto Maria Inês, a mais nova, acaba por se tornar testemunha pueril e estarrecida de um abuso que dilaceraria a vida da irmã. O silêncio e o segredo dão o tom a essa sinfonia.
Nove noites, de Bernardo Carvalho
Um jovem e promissor antropólogo americano, Buell Quain, se matou aos 27 anos, de forma violenta, enquanto tentava voltar de uma aldeia indígena no coração do Brasil para a civilização. O caso se tornou um tabu para a antropologia brasileira, foi logo esquecido e permaneceu em grande parte desconhecido do público. Após 60 anos do caso, o narrador de Nove noites é levado a investigar de maneira obsessiva e inexplicada as razões do suicídio do antropólogo.
O amor dos homens avulsos, de Victor Heringer
Em O amor dos homens avulsos, Victor Heringer narra a história de um menino que nasce em um subúrbio carioca, em meio a partidas de futebol e conversas sobre terreiros, na década de 1970. Na adolescência, ele recebe em casa um menino apadrinhado de seu pai, que morre tempos depois num episódio de agressão. O menino cresce e esse passado o assombra diariamente, ditando os rumos de sua vida.
Como se estivéssemos em palimpsesto de putas, de Elvira Vigna
Esta foi a última obra publicada por Elvira Vigna em vida. Em Como se estivéssemos em palimpsesto de putas, a autora retrata a história de dois estranhos que se encontram em um verão de forte calor no Rio. A mulher é designer em busca de trabalho e o homem foi contratado para informatizar uma editora. O acaso junta os dois em uma sala, onde ele relata seus encontros frequentes com prostitutas. A escritora cria um poderoso jogo de traições e insinuações.
Eles eram muitos cavalos, de Luiz Ruffato
O escritor Luiz Ruffato evidencia o cotidiano de pessoas anônimas, no dia 9 de maio de 2000, em São Paulo. Eles eram muitos cavalos mostra que os habitantes seguem realizando pequenos e grandes feitos cotidianos, protagonistas de uma narrativa subterrânea, que representa, ao fim e ao cabo, o próprio tecido da cidade. Para captar essa polifonia urbana, Ruffato estruturou seu romance em 69 episódios, cada qual com registro e fôlego próprios, alternando entre poesia, discurso publicitário, música, teatro e prosa, instantâneos de uma cidade que só se move deixando para trás um rastro de esquecidos.
Budapeste, de Chico Buarque
O livro Budapeste, de Chico Buarque, conta a história do ghost-writer José Costa, um profissional especializado em escrever cartas, artigos, discursos e livros para outras pessoas, sob a condição de continuar no anonimato. Narrado em primeira pessoa e com senso de humor particular, Budapeste é a história de um homem exaurido por seu próprio talento, que se vê emparedado entre duas cidades, duas mulheres, dois livros, duas línguas e uma série de outros pares simétricos que conferem ao texto o caráter de espelhamento que permeia todo o romance.
O azul do filho morto, de Marcelo Mirisola
Em O azul do filho morto, Marcelo Mirisola utiliza uma prosa violenta, composta de cortes abruptos, frases secas entrecortadas por alguns momentos de humor ácido e raro lirismo. A história trata de denúncias da banalidade da vida burguesa, o ridículo das questões familiares, o tédio do culto ao corpo e o patético de todo tipo de relacionamento afetivo.
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