Novo romance de Mia Couto encerra trilogia histórica africana
Lançado em março, O bebedor de horizontes retrata a saga final do imperador moçambicano Gugunhana
Um dos principais escritores africanos da atualidade, Mia Couto ganha cada vez mais espaço nas livrarias brasileiras. Sensíveis, os textos do autor traduzem a alma humana, o que torna impossível para alguém permanecer indiferente após a leitura. Em março deste ano, ele encerrou a trilogia As Areias do Imperador, com o lançamento do livro O bebedor de horizontes. Contextualizada no período em que Moçambique foi colônia de Portugal, a obra mostra a saga final do imperador moçambicano Gugunhana, o último imperador de Gaza, parte atual do país.
Conhecido pela resistência contra os portugueses, o imperador reinou de 1884 a 1895, quando foi levado como prisioneiro pelo oficial da cavalaria de Portugal Mouzinho de Albuquerque. Depois, ele foi transportado para Lisboa e enviado aos Açores, onde ficou até o fim da vida. O exílio de Gugunhana e de outros prisioneiros é retratado no último livro da trilogia.
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Na mesma comitiva há a presença da jovem negra Imani Nsambe, que estudou em uma missão católica e serve como intérprete entre os nativos e as autoridades portuguesas. Ela está grávida do sargento Germano de Melo, alocado em outra parte de Moçambique. No livro, a tradutora narra os trágicos acontecimentos do fim do império de Gaza, que também se alternam no romance com as cartas do sargento.
Sobre o autor
O escritor Mia Couto, pseudônimo de António Emílio Leite Couto, é um dos principais nomes da literatura contemporânea e é aclamado por onde passa. Nascido em Beira, Moçambique, no dia 5 de julho de 1955, ele iniciou os estudos em Medicina, mas abandonou o curso no terceiro ano. Em seguida, o profissional passou a atuar como jornalista, foi nomeado diretor da Agência de Informação do país e da revista Tempo, além de trabalhar no jornal Notícias.
Em 1983, Mia Couto publicou o primeiro livro de poesia, Raiz de Orvalho, que foi considerado contra a propaganda marxista. Ele pediu demissão, em 1985, e começou a cursar a universidade de Biologia. O autor lançou o primeiro romance, Terra Sonâmbula, em 1992. Três anos depois, conquistou o Prêmio Nacional de Ficção da Associação dos Escritores Moçambicanos. Já em 2013, o escritor foi homenageado com o Prêmio Camões.
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