Cecília Meireles: 120 anos de poesia e pioneirismos
Ao longo de sua trajetória, a poetisa e professora carioca dedicou-se à educação e à literatura e presenteou o público com obras atemporais
Nascida no Rio de Janeiro em 7 de novembro de 1901, Cecília Benevides de Carvalho Meireles foi jornalista, poetisa, tradutora, pintora e professora. Considerada uma dos maiores nomes da poesia brasileira, Cecília Meireles publicou mais de 50 obras literárias e foi a primeira mulher no país a ser amplamente reconhecida no meio literário.
Em seus livros, a escritora costumava abordar reflexões de cunho subjetivo, espiritual e filosófico e, portanto, foi identificada com o movimento neossimbolista. Mas, a importância de Cecília seria registrada também na segunda fase do modernismo brasileiro e ela tornou-se uma das vozes mais relevantes entre o grupo de poetas que deram origem à chamada “Poesia de 30”.
Cecília Meireles perdeu o pai antes de nascer e a mãe logo depois de completar três anos de vida. Por esse motivo, a escritora foi criada pela avó materna Jacinta Garcia Benevides, que era portuguesa e de quem recebeu uma educação baseada nos saberes religiosos. Desde a infância, Cecília demonstrava grande interesse pela cultura e pelo ensino.
A menina dedicou-se, então, ao aprendizado de música e de línguas e, em 1917, formou-se professora aos 16 anos após completar os estudos no Curso Normal do Instituto de Educação do Rio de Janeiro. Na função de professora, ela atuou em prol das reformas educacionais e foi defensora do incentivo à leitura e da elaboração de bibliotecas infantis.
Enquanto lecionava, Cecília também passou a escrever. Em 1919, a poetisa publicou o seu primeiro livro, “Espectros”, que apresentava 17 sonetos de temas históricos. Três anos depois, na Semana de Arte Moderna, a poetisa uniu-se ao grupo da revista Festa, ao lado de nomes como Tasso da Silveira, em defesa do universalismo e da preservação de alguns dos valores tradicionais da poesia. Conectando os seus interesses por literatura e educação, ela também passou a estudar sobre o folclore brasileiro e passou a atuar como jornalista em veículos da imprensa carioca, como o Diário de Notícias, publicando artigos sobre os três temas.
A vocação para o ensino e a paixão pelos livros fizeram com que a escritora fundasse em 1934 a primeira biblioteca infantil no Rio de Janeiro. Para além de seu trabalho como professora, Cecília passou a dedicar-se também a produção de livros paradidáticos e de poemas destinados às crianças e jovens.
Durante a sua trajetória literária, a autora publicou mais de 50 livros, que lhe renderam reconhecimentos em premiações como o Prêmio de Poesia Olavo Bilac, o Prêmio Jabuti e o Prêmio Machado de Assis. A poetisa também traduziu obras como para o português obras como “Orlando”, de Virginia Woolf, participou de conferências e palestras sobre temas como educação, literatura e folclore brasileiro em países como Estados Unidos, México, Uruguai e Chile.
Aos 63 anos, Cecília Meireles foi vítima de um câncer e faleceu na tarde do dia 9 de novembro de 1964, enquanto estava em sua casa, no Rio de Janeiro. O corpo da poetisa foi velado no Ministério da Educação e Cultura e, em 1989, ela foi homenageada pelo Banco Central com sua representação na cédula de cem cruzados novos, que era a moeda oficial do país na época.
Na ocasião dos 120 anos da poetisa, nós selecionamos cinco livros escritos por ela que todo mundo deveria conhecer. Confira a lista e aproveite a leitura!
Antologia Poética
Publicada em 1963, a Antologia Poética Cecília Meireles é a única cujos textos foram escolhidos pela própria poeta. Composta por poemas retirados de diversos livros de Cecília, a obra constrói um precioso autorretrato da escritora. O livro trata desde reflexões sobre as pequenas maravilhas da vida até os questionamentos profundos a respeito do destino do mundo e da humanidade.
O Menino Azul
Com poesia de Cecília Meireles e ilustrações de Elma, O Menino Azul retrata o imaginário infantil com leveza e sensibilidade em seus versos.
Olhinhos de Gato
Olhinhos de gato trata de maneira poética da infância da autora, Cecília Meireles, que perdeu pai e mãe muito cedo e foi criada por sua avó materna, Jacintha. Ao longo de seus treze capítulos, o livro contempla dois momentos marcantes na vida da menina conhecida como Olhinhos de gato: o primeiro, com a perda da mãe, e o segundo, com outro tipo de morte, o da infância, momento em que a garota tem os seus cachos cortados.
Ou Isto Ou Aquilo
Em Ou Isto ou Aquilo, Cecília Meireles resgata o universo infantil cheio de perguntas imprevisíveis, fantasia e imaginação e convida as crianças a se aproximarem da poesia. Neste livro, a autora cria um universo encantador, a partir de recursos que o gênero e a língua lhe proporcionam.
Romanceiro da Inconfidência
Em Romanceiro da Inconfidência, Cecília Meireles recria o cotidiano, os conflitos e os anseios do grupo de sonhadores de Minas Gerais. A autora associa a verdade histórica com tradições e lendas, atenta aos autos do processo, às cartas, aos testamentos, à pintura, às modinhas e às estátuas de profetas de Aleijadinho. Os cenários marcam as mudanças de atmosfera e localizam os acontecimentos e as falas, por sua vez, acrescentam comentários que levam o leitor a reflexões sobre os fatos históricos.
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