Uma viagem no universo da literatura cyberpunk
Você já ouviu falar sobre o movimento, que é também um subgênero literário? Saiba mais!
A palavra cyberpunk foi utilizada pela primeira vez em 1983 pelo escritor norte-americano Bruce Bethke. O termo surgiu a princípio como um gênero da ficção científica que era representado pelo universo “underground” da sociedade contemporânea.
Distante dos padrões estabelecidos pela época, o cyberpunk foi responsável por levar a visão de uma contra-cultura para dentro da literatura, na medida em que exaltava o equilíbrio entre a alta tecnologia e o baixo custo de vida. Mais tarde, o movimento ultrapassaria as fronteiras da arte, se consolidando também como uma forma de ver e experienciar os conflitos da realidade cotidiana dos Estados Unidos.
Ao contrário do cyberpunk norte-americano, o brasileiro surgiu marcado por um forte tom satírico, que exaltava a resistência política contra possíveis ameaças neoliberais, no período posterior ao fim da ditadura militar. A partir dos anos 2000, as histórias ganham um novo tom e várias delas passam a retratar ciborgues que, na figura de políticos e líderes militares, revelavam a manipulação de sistemas democráticos.
No Brasil, o movimento da ficção científica surgiu oficialmente na metade do século XX, por iniciativa de Jerônymo Monteiro. A obra de Monteiro abriu caminhos para que a primeira geração de escritores do gênero surgisse na década de 1960. Anos depois, os fãs dessa literatura organizaram o Clube de Leitores de Ficção Científica (CLFC), que existe até hoje e, além de produzir a revista Somnium, um fanzine original do grupo, desenvolve também uma premiação específica, o Prêmio Argos.
Atualmente, a literatura brasileira vive a quarta onda da ficção científica. O cyberpunk é marcado por diferentes subgêneros, como o afrofuturismo, com o livro O Caçador Cibernético da Rua 13, de Fábio Kabral, e o cyberagreste, movimento desenvolvido por ilustradores brasileiros que estuda os arquétipos da cultura nordestina com inspirações do cyberpunk. Obras como a HQ Cangaço Overdrive, de Zé Wellington e Walter Geovani, são importantes referências para o grupo.
Mais recentemente, o ilustrador João Queiroz desenvolveu o amazofuturismo que, de acordo com ele, trata-se de um estudo da cultura amazônica sob a perspectiva do futuro. Além disso, o estilo conecta a Amazônia a inspirações do solarpunk, subgênero da ficção científica que se opõe ao pessimismo do cyberpunk e idealiza um futuro mais sustentável.
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