[Bienal 2019] “Muitas vezes é a história que escolhe a gente”, diz a jornalista Daniela Arbex
Autora de Todo dia a mesma noite participou de mesa ao lado dos jornalistas Felipe Recondo e Chico Felitti neste domingo (1)
Um dos principais eventos de literatura do país, a Bienal do Livro do Rio de Janeiro começou na última sexta-feira (30) com grandes destaques. Na tarde de domingo (1), os jornalistas Daniela Arbex, Felipe Recondo e Chico Felitti participaram de um debate, sob mediação do jornalista Mauro Ventura, sobre a construção de livros-reportagem.
Autora de Todo dia a mesma noite – A história não contada da Boate Kiss, Daniela Arbex é um dos principais nomes do jornalismo brasileiro contemporâneo. Ela contou sobre seu processo de criação do livro, que reconstrói o incêndio que deixou mais de 200 mortos no estabelecimento da cidade de Santa Maria, a partir de centenas de entrevistas com parentes das vítimas e profissionais que trabalharam no caso.
Fui dez vezes à Santa Maria. Eu deixava o meu filho em casa para contar a história dos outros. Foi um processo de muita escuta e aprendizado”.
Na mesa durante a Bienal, a jornalista relembrou que o processo de apuração do livro foi doloroso, ainda mais quando precisou falar com as famílias das vítimas. “Nem sempre é o jornalista que escolhe a história. Muitas vezes, é a história que escolhe a gente”, acrescentou Daniela.
O jornalista Chico Felitti também contou sobre a criação da obra Ricardo e Vânia – O maquiador, a garota de programa, o silicone e uma história de amor, lançada neste ano. O livro surgiu após uma reportagem publicada no site Buzzfeed sobre Ricardo, apelidado maldosamente de “Fofão da Augusta”.
Há 20 anos, ele circulava pela Rua Augusta e a Avenida Paulista, em São Paulo, onde liderou uma trupe de palhaços, distribuiu panfletos e pediu esmolas. Por trás do apelido, estava um cabeleireiro disputado nas décadas de 1970 e 1980, que falava idiomas, era esquizofrênico e foi drag queen.
Tinha medo de cair no sensacionalismo”.
“A história de Ricardo é a minha história com São Paulo. Fiquei com muito medo do que a reportagem poderia fazer com ele. Mas, depois da matéria, as pessoas começaram a chamá-lo de Ricardo. Foi uma glória profissional absurda”, enfatizou Felitti.
Autor de Os onze – O STF, seus bastidores e suas crises, Felipe Recondo disse que percebeu que havia uma lacuna de livros sobre o Supremo Tribunal Federal (STF) no meio literário. O jornalista cobriu a Suprema Corte, em 2007, pelo jornal O Estado de São Paulo e, desde então, começou a pesquisar mais sobre o assunto.
“Percebia que havia um vazio [sobre o STF em livros-reportagem]. Antes, tínhamos uma visão muito fragmentada. Foi uma escolha minha escrever sobre o Supremo Tribunal Federal”, completou.
Conheça os livros dos três jornalistas!
Todo dia a mesma noite – A história não contada da Boate Kiss, de Daniela Arbex
Todo dia a mesma noite traz uma reportagem definitiva sobre a tragédia que abateu a cidade de Santa Maria em 2013. A obra relembra e homenageia os 242 mortos no incêndio da Boate Kiss. Neste livro, a jornalista Daniela Arbex reconstitui de maneira sensível e inédita os eventos da madrugada de 27 de janeiro de 2013. Foram necessárias centenas de horas dos depoimentos de sobreviventes, familiares, equipes de resgate e profissionais.
Ricardo e Vânia, de Chico Felitti
Uma das reportagens de maior repercussão nos últimos tempos, a história de Ricardo – apelidado ofensivamente de “Fofão da Augusta” – surge retrabalhada a partir de uma nova descoberta: a trajetória de Vânia, sua namorada. Em 2017, um leito do Hospital das Clínicas de São Paulo foi ocupado por um homem sem identidade. Há 20 anos, ele circulava pela região das ruas Augusta e Paulista, onde liderou uma trupe de palhaços, distribuiu panfletos e pediu esmolas. Sua aparência lhe rendeu a alcunha de Fofão da Augusta e o status de lenda urbana.
Os Onze – O STF, seus bastidores e suas crises, de Felipe Recondo e Luiz Weber
Este é o mais completo relato sobre a atuação do principal tribunal do país, do Mensalão ao governo Bolsonaro. Desde o julgamento da ação penal 470, mais conhecida como Mensalão, o Supremo Tribunal Federal viu-se no centro do debate nacional. Seus integrantes se tornaram amplamente conhecidos e, também por isso, passaram a usar a opinião pública como fundamento para seus votos. Nos turbulentos anos de uma das maiores crises políticas e econômicas que o país já viveu, o protagonismo a que foi alçado o tribunal criou um conjunto novo de desafios. O jornalista Felipe Recondo, especialista na cobertura do STF, acompanha e analisa o cotidiano do Supremo há mais de uma década. Luiz Weber estuda o funcionamento do tribunal e analisa os movimentos e forças políticas que interagem com o STF.
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