Vida e carreira de Jorge Amado em foco
Escrita por Joselia Aguiar, primeira biografia do autor foi lançada em novembro. Que tal conhecer algumas das principais obras do escritor?
Boa notícia para os fãs de Jorge Amado! Em novembro, sua primeira biografia foi lançada pela autora Joselia Aguiar. Além de entrevistas e pesquisas no Brasil, na Europa e nos Estados Unidos, o livro reúne documentos de família e cartas de parentes, amigos e outros escritores. De forma quase romanesca, a obra retraça a vida de um dos mais populares autores brasileiros.
Nascido em 10 de agosto de 1912, em Itabuna, na Bahia, Jorge Amado passou a infância em Ilhéus e depois mudou-se para Salvador. Sua relação com a literatura começou ainda no fim da adolescência, quando passou a escrever para o jornal Diário da Bahia. Em 1931, já no Rio de Janeiro, publicou seu primeiro romance, O país do Carnaval.
Vida política e literária
Aos 21 anos, casou-se com Matilde Garcia, com quem teve uma filha, mas o casal separou-se em 1945. Ainda na juventude, Jorge Amado formou-se em Direito na Faculdade Nacional de Direito e foi preso duas vezes por causa de seus ideais socialistas. Foi exilado e morou em alguns países, como Argentina, França e Uruguai. Após o divórcio, o escritor entrou para o Partido Comunista Brasileiro (PCB).
Na década de 1950, Jorge Amado casou-se com a escritora Zelia Gattai e teve dois filhos. Integrante da Academia Brasileira de Letras (ABL), o escritor deixou um extenso legado para o meio literário brasileiro. Suas obras são marcadas pelo regionalismo, temas sociais, sensualidade do povo brasileiro, folclore e crenças.
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Entre os 45 livros publicados, há romances, poesias, contos, peças de teatro e literatura infantil. O escritor ainda conquistou alguns prêmios, como o Camões, em 1994, e o Jabuti, nos anos de 1959 e 1995. Jorge Amado morreu, aos 89 anos, em 6 de agosto de 2001, em Salvador. Para homenageá-lo, selecionamos alguns de seus principais livros. Confira a nossa lista!
Mar morto
Escrito em 1936, quando Jorge Amado tinha apenas 24 anos, Mar morto conta as histórias da beira do cais da Bahia. Nenhuma outra obra sintetizou tão bem o mundo pulsante do cais de Salvador, com a rica mitologia em torno de Iemanjá. Personagens como o jovem mestre de saveiro Guma parecem prisioneiros de um destino traçado há muitas gerações: o dos homens que saem para o mar e que um dia serão levados por Iemanjá, deixando mulher e filhos a esperar, resignados.
Os velhos marinheiros ou o capitão-de-longo-curso
Este livro é uma divertida parábola sobre os limites entre a verdade e o mito, narrada por um historiador de província que busca reconstituir os fatos 30 anos depois de ocorridos. Em 1929, chega à estação de trem de Periperi, um personagem singular, vestindo túnica de oficial da marinha mercante: comandante Vasco Moscoso de Aragão, capitão-de-longo-curso. Aos 60 anos, ele se declara cansado de navegar mundo afora e diz que veio para ficar.
Gabriela, cravo e canela
O romance entre o sírio Nacib e a mulata Gabriela, um dos mais sedutores personagens femininos criados por Jorge Amado, tem como pano de fundo a luta pela modernização de Ilhéus, em desenvolvimento graças às exportações do cacau. Com sua sensualidade inocente, Gabriela não apenas conquista o coração de Nacib como também seduz um sem-número de homens ilheenses, colocando em xeque a lei que exigia que a desonra do adultério feminino fosse lavada com sangue.
Tereza Batista cansada de guerra
No sertão de Sergipe, aos 13 anos incompletos, a órfã Tereza Batista é vendida pela tia a um fazendeiro pedófilo e brutal. Depois de estuprá-la, ele a mantém cativa em sua propriedade. Amadurecida precocemente, e do modo mais doloroso, a menina se tornará uma mulher valente e decidida. Tereza Batista é sem dúvida uma das mais fascinantes heroínas de Jorge Amado, talvez a mais completa e complexa.
Tenda dos milagres
Tenda dos milagres é um dos principais livros de Jorge Amado. Na obra, o escritor narra a história do mulato Pedro Archanjo, que atua como uma espécie de intelectual orgânico do povo afro-descendente da Bahia. Autodidata, seus estudos sobre a herança cultural africana e sua defesa entusiástica da miscigenação abalam a ortodoxia acadêmica e causam indignação entre a elite branca e racista.
Capitães de areia
Desde o seu lançamento, em 1937, Capitães da Areia causou escândalo: inúmeros exemplares do livro foram queimados em praça pública, por determinação do Estado Novo. Romance de formação, o livro nos torna íntimos de suas pequenas criaturas, cada uma delas com suas carências e suas ambições: do líder Pedro Bala ao religioso Pirulito, do ressentido e cruel Sem-Pernas ao aprendiz de cafetão Gato, do sensato Professor ao rústico sertanejo Volta Seca.
A morte e a morte de Quincas Berro D’Água
Escrita em 1959, esta pequena obra-prima de concisão narrativa e poética é tida por muitos como uma das mais admiráveis novelas da nossa língua. Jorge Amado narra a história das várias mortes de Joaquim Soares da Cunha, vulgo Quincas Berro Dágua, cidadão exemplar que a certa altura da vida decide abandonar a família e a reputação ilibada para juntar-se à malandragem da cidade.
Seara vermelha
Em Seara vermelha, Jorge Amado narra a luta dos sertanejos do Nordeste contra a fome e pela dignidade humana. Na primeira parte, o romance descreve a penosa retirada rumo ao sul de uma família de lavradores pobres, expulsos da roça pelo novo latifundiário da região. Na segunda metade do livro, conta-se a história dos três filhos de Jerônimo que saíram de casa antes do grande êxodo.
Tieta do agreste
Neste livro, Jorge Amado conta a história da adolescente Tieta, que é surrada pelo pai e expulsa de Santana do Agreste graças à delação de suas aventuras eróticas por parte da irmã mais velha, a pudica e reprimida Perpétua. Um quarto de século depois, rica quarentona, Tieta retorna em triunfo ao vilarejo, no interior da Bahia. Com dinheiro e influência política, ajuda a família e traz benefícios à comunidade, entre eles a luz elétrica.
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