Estante Entrevista: O olhar das mulheres através das páginas
Na sexta-feira (21), vamos conversar com as escritoras Aline Bei, Eliana Alves Cruz e Tatiana Salem Levy em live no Instagram
Teremos mais uma live especial na série Estante Entrevista, no nosso Instagram. Na sexta-feira (21), às 17h, vamos conversar com as escritoras Aline Bei, Eliana Alves Cruz e Tatiana Salem Levy sobre “O olhar das mulheres através das páginas”. No bate-papo, falaremos sobre a representatividade da mulher como personagem das histórias e no mercado literário brasileiro.
As três autoras convidadas lançaram livros recentemente. Vencedora do Prêmio São Paulo de Literatura 2018, com o livro O peso do pássaro morto, a escritora Aline Bei lançou o segundo romance, Pequena coreografia do adeus, neste mês. Também no início de 2021, a escritora Tatiana Salem Levy lançou o livro Vista Chinesa. Tatiana conquistou o Prêmio São Paulo de Literatura, em 2008, com A chave da Casa.
Já a escritora e jornalista Eliana Alves Cruz foi semifinalista do Prêmio Oceanos, com o livro O crime no Cais do Valongo. Ela é autora também dos livros “Água de barrela” e “A copa frondosa da árvore”, e lançou a obra “Nada digo de ti, que em ti não veja”, em 2020.
Conheça os livros das escritoras!
Pequena coreografia do adeus, de Aline Bei
Julia é filha de pais separados: sua mãe não suporta a ideia de ter sido abandonada pelo marido, enquanto seu pai não suporta a ideia de ter sido casado. Sufocada por uma atmosfera de brigas constantes e falta de afeto, a jovem escritora tenta reconhecer sua individualidade e dar sentido à sua história, tentando se desvencilhar dos traumas familiares. Entre lembranças da infância e da adolescência, e sonhos para o futuro, Julia encontra personagens essenciais para enfrentar a solidão ao mesmo tempo que ensaia sua própria coreografia, numa sequência de movimentos de aproximação e afastamento de seus pais que lhe traz marcas indeléveis.
Vista Chinesa, de Tatiana Salem Levy
Estamos em 2014. Euforia no Brasil e especialmente no Rio de Janeiro. Copa do Mundo prestes a acontecer, Olimpíadas de 2016 à vista. Autoestima da cidade nas alturas. Sensação de que o país havia encontrado um novo caminho. Júlia é sócia de um escritório de arquitetura que está planejando alguns projetos na futura Vila Olímpica. No dia de uma dessas reuniões com a prefeitura, Júlia sai para correr no Alto da Boa Vista, um enclave de Mata Atlântica no meio da grande cidade. A certa altura, alguém encosta um revólver na sua cabeça e a leva para dentro da mata, onde é estuprada. Deixada largada no meio da floresta, ela se arrasta para casa, onde uma amiga lhe presta os primeiros socorros. O rosário de dor, sensação de imundície e “culpa” é descrito com crueza e qualidade literária poucas vezes vistas em nossa ficção.
Nada digo de ti, que em ti não veja, de Eliana Alves Cruz
Uma cidade com milícia, racismo, fake news, delação premiada, conservadorismo, fanatismo religioso e ruas sujas. Parece 2020, mas esse é o Rio de Janeiro de 1732, ano no qual está ambientado este romance histórico. A narrativa é eletrizante. Entre as temáticas, salta aos olhos a transexualidade, raras vezes presente em uma trama de época, e as fake news tão em voga, através de cartas anônimas que ameaçam revelar alguns dos segredos mais bem guardados dos integrantes das duas famílias ricas que se cruzam nas 200 páginas do título.
O crime do Cais do Valongo, de Eliana Alves Cruz
Um corpo amanhece em um beco, envolto em uma manta e com pequenas partes cortadas. O crime do cais do Valongo, de Eliana Alves Cruz, é um romance histórico-policial que começa em Moçambique e vem parar no Rio de Janeiro, mais exatamente no Cais do Valongo. O local foi porta de entrada de 500 mil a um milhão de escravizados de 1811 a 1831 e foi alçado a patrimônio da humanidade em 2017. A história acontece no início do século 19 e é contada por dois narradores — Muana e Nuno — que conviveram com a vítima: o comerciante Bernardo Vianna.
O peso do pássaro morto, de Aline Bei
A vida de uma mulher, dos 8 aos 52, desde as singelezas cotidianas até as tragédias que persistem, uma geração após a outra. Um livro denso e leve, violento e poético. É assim O peso do pássaro morto, romance de estreia de Aline Bei, onde acompanhamos uma mulher que, com todas as forças, tenta não coincidir apenas com a dor de que é feita.
A chave da casa, de Tatiana Salem Levy
Passando por temas como a morte da mãe, a relação com um homem violento, viagem e raízes, A chave de casa é um livro pulsante, cheio de vida e emoção. A autora tece um romance de vozes diversas – como são as vozes da memória -, histórias que se complementam num tom de densa estranheza.
Água de barrela, de Eliana Alves Cruz
As muitas mulheres negras presentes no romance Água de barrela, de Eliana Alves Cruz encontram no lavar, passar, enxaguar e quarar das roupas das patroas e sinhás brancas um modo de sobrevivência em quase trezentos anos de história, desde o Brasil na época da colônia até o início do século XX. O título do romance remete a esse procedimento utilizado por essas mulheres negras de diferentes gerações e que garantiu o sustento e a existência de seus filhos e netos em situações de exploração, miséria e escravidão. A narrativa inicia-se com a comemoração do aniversário de umas das personagens após viver um século de muitas lutas, perdas, alegrias, tristezas e principalmente resiliência. Damiana, personagem central para a narrativa, cansada das batalhas constante e ininterruptamente travadas pela liberdade, se vê rodeada por sua família e se recorda dos tempos de lavadeira.
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