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Autobiográficos, livros de Charles Bukowski revelam personalidade do escritor

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Para homenagear os 98 anos do nascimento do poeta, selecionamos dez títulos para você conhecer a obra do autor. Confira a lista completa!

Alcoolismo, marginalidade, sexo, ressacas e jogatinas eram temáticas frequentes dos livros do poeta, contista e romancista Charles Bukowski. Com alto teor autobiográfico, as obras revelam a personalidade complicada e turbulenta do autor. Nascido em 16 de agosto de 1920, na Alemanha, ele mudou-se com a família para Los Angeles, nos Estados Unidos, aos 3 anos. Começou a escrever enquanto cursava Jornalismo, aos 19 anos, e foi expulso de casa pelo pai por causa do conteúdo de seus textos.

Para sobreviver, Bukowski procurou pequenos trabalhos, muitas vezes precários, que não atrapalhassem sua vida de escritor: ele atuou como motorista de caminhão, frentista e faxineiro. Foi neste período que o poeta tornou-se alcoólatra, passou a escrever compulsivamente e se envolveu com dezenas de mulheres. O romancista casou-se com a editora da revista Harlequim, Barbara Frye, na década de 1950, mas logo se separaram. Em seguida, conheceu Frances Smith, com quem teve uma filha.

Em 1971, Bukowski ganha mais notoriedade e cria o alterego Henry Chinaski, que aparece em quase todos os seus livros. O poeta é considerado como o último escritor maldito da literatura dos Estados Unidos. Este grupo reúne os autores que só foram reconhecidos anos após a publicação de suas obras.

Nunca me senti só. Gosto de estar comigo mesmo. Sou a melhor forma de entretenimento que posso encontrar.”

Caracterizados por um humor áspero, os livros de Bukowski são conhecidos ainda por um estilo livre, sem preocupações estruturais, obsceno e coloquial. Ao mesmo tempo, o romancista deu visibilidade aos marginalizados em suas tramas, já que os heróis das histórias são os que ficam dias sem comer e vencem brigas nos bares.

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Apesar de sua vida conflituosa, ele publicou 45 títulos de poesia e prosa. Entre os mais conhecidos estão Misto-quentePulpMulheresCrônica de um amor louco. Bukowski morreu, aos 73 anos, por causa de uma pneumonia decorrente de um tratamento de leucemia, em 9 de março de 1994, na Califórnia. Para homenagear o autor, selecionamos dez das suas principais obras. Veja a lista completa!


Misto-quente

Em Misto-quente, Charles Bukowski narra a história de Henry Chinaski, um homem pobre, de origem alemã, com um pai autoritário quase psicopata e uma mãe passiva e ignorante. Este romance é uma das obras mais comoventes do autor. Publicado em 1982, o livro cativa o leitor pela sinceridade e aparente simplicidade com que a história é contada. A trama reúne a ânsia pela dignidade e a busca vã pela verdade e pela liberdade.

Misto-quente, de Charles Bukowski


Pulp

Esse é um dos clássicos de Bukowski. A saga de Nick Belane poderia até ser igual a de tantos outros detetives de se­gunda categoria que perambulam pelas largas ruas de Los Angeles. No entanto, mulheres inusitadas cruzam pernas compridas e falam aos sussurros, principalmente a personagem Dona Morte.

Pulp, de Charles Bukowski


Cartas na rua

Assim como nas obras de Bukowski, Cartas na rua tem um alto teor de autobiografia. “Tudo começou como um erro”, diz a primeira frase do livro. O “erro” do escritor foi se candidatar à vaga de carteiro temporário no início dos anos 1950. Quando percebeu, já estava há 14 anos em uma rotina maçante, ainda mais para um homem de meia-idade sempre de ressaca. No entanto, tinha em mãos a matéria-prima para seu primeiro romance.

Cartas na rua, de Charles Bukowski


Mulheres

Alter ego de Bukowski, Henry Chinaski é escritor, alcoólatra e amante da música clássica. Mulheres não é um livro convencional. Depois de um período de jejum sexual, o protagonista envolve-se com várias mulheres, como Lydia, April, Lilly, Dee Dee, Mindy, Hilda, Cassie, Sara e Valerie. Ele entra na vida dessas mulheres, bagunça suas almas, rompe corações, as enlouquece, as faz sofrer. Ainda assim, elas ainda o consideram um bom sujeito. 

Mulheres, de Charles Bukowski


Factotum

Segundo romance de Bukowski, Factotum traz novamente o alter ego do autor, Henry Chinaski, que é protagonista em vários livros. Na Segunda Guerra Mundial, ele é considerado inapto para o serviço militar e não consegue entrar para o Exército. Sem profissão e perspectiva, o personagem cruza o país, arranjando bicos e fazendo de tudo um pouco, na tentativa de sobreviver com empregos que não atrapalhem a sua escrita.

Factotum, de Charles Bukowski


Crônica de um amor louco

Primeiro dos dois volumes da obra Ereções, ejaculações e exibicionismosCrônica de um amor louco mostra uma jornada pelo universo onírico de Buk. O livro leva o título do filme que o italiano Marco Ferreri realizou baseado nos textos de Bukowski e cuja linha mestra é o primeiro conto da obra, A mulher mais linda da cidade. Na trama, Cass é uma bela mestiça que passara a adolescência em um convento. No livro, o autor mergulha na excitação frenética, na insanidade corrosiva das noites e manhãs de névoa poluída em Los Angeles, cidade amada por Bukowski. 

Crônica de um amor louco, de Charles Bukowski


Hollywood

Hollywood foi escrito a partir da experiência de Bukowski ao fazer o argumento do filme “Barfly”, com direção de Barbet Schroeder. No longa, ele narra a história de um escritor que ganha muito dinheiro para escrever um roteiro cinematográfico. Alguns dos diálogos da obra são memoráveis e a violência de sua linguagem é geralmente oculta em uma indisfarçável ternura pelos perdedores e excluídos. 

Hollywood, de Charles Bukowski


Queimando na água, afogando-se na chama

Escritos entre 1955 e 1973, os poemas de Queimando na água, afogando-se na chama pintam o retrato do autor como um ilustre desconhecido, no auge de seus 30 anos. Entre porres e reflexões, corridas de cavalo e amantes, Bukowski testa limites no dia a dia e nos vários experimentos poéticos que realiza no período. Com um estilo mais romântico, ele esmiúça de forma mordaz e melancólica o lado sombrio do sonho americano.

Queimando na água, afogando-se na chama


Numa fria

Em Numa fria, Bukowski se mostra “puro” em uma preciosa coletânea de contos, gênero ao qual ele se dedicou mais intensamente. Alguns dos diálogos do autor são memoráveis. Entre os textos reunidos nesta obra estão Dois gigolôsDona quenteÉ um mundo sujoGrite quando se queimarBraçadas para o meio do nada.

Numa fria, de Charles Bukowski


Sobre o amor

Sobre o amor é uma coletânea de poemas sobre o amor, sentimento que fulminou muitas vezes o coração de Bukowski. Homem de emoções intensas, o autor debruçou-se sobre o sentimento amoroso em seu sentido amplo: paixão, sexo, desejo e amor paterno. Os versos revelam um escritor brilhante, brincalhão, metafísico e doce ao refletir sobre sua filha, amantes, aventuras, amigos e trabalho.

Sobre o amor, de Charles Bukowski


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Gabriela Mattos

Gabriela Mattos

Gabriela é jornalista, editora do Estante Blog e foi repórter em um jornal carioca. Viciada em comprar livros, é apaixonada por literatura contemporânea e jornalismo literário.

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