7 citações literárias na música brasileira
Dos livros aos discos, conheça sete canções da música brasileira que foram inspiradas em obras clássicas da literatura mundial
A música brasileira é marcada por composições repletas de referências. As artes plásticas, o cinema e a literatura se mantêm presentes nas composições e nos trabalhos de artistas de diferentes classes, gerações e estilos musicais no país. As citações às obras literárias, por exemplo, são uma constante na música que é produzida por aqui.
Já parou para pensar se aquela música que você adora teve inspirações literárias? Aqui, nós separamos sete canções da música brasileira que fazem referência a obras clássicas da literatura mundial, que vão desde “Os Lusíadas”, de Luís de Camões a “O Pequeno Príncipe”, de Antoine de Saint-Exupéry. Aumente o som e boa leitura!
Admirável Chip Novo, Pitty
Assim como o álbum Admirável Chip Novo (2003), em que está inserida, a canção homônima, composta pela cantora Pitty, faz alusões ao livro Admirável Mundo Novo, do escritor inglês Aldous Huxley. Assim como na obra literária, a personagem do sistema vive em sua versão robotizada, que já havia sido condicionada desde antes do seu nascimento.
Admirável mundo novo, Aldous Huxley
O romance distópico Admirável Mundo Novo exibe uma sociedade que é plenamente organizada pelos princípios da ciência. Neste mundo, os indivíduos são programados em laboratórios e devem cumprir a sua função em uma sociedade marcada por castas definidas biologicamente no nascimento. A literatura, a música e o cinema, por sua vez, são encarados como uma ameça, uma vez que ajudam a solidificar o espírito de conformismo.
Alegre Menina, Dorival Caymmi
A canção Alegre Menina, composta por Dorival Caymmi e Jorge Amado, foi inspirada no livro “Gabriela, Cravo e Canela”, do escritor baiano. A versão mais conhecida da música foi gravada pelo músico Djavan e virou trilha sonora da novela “Gabriela”, exibida pela TV Globo em 1975.
Gabriela, cravo e canela, Jorge Amado
Publicado em 1958, Gabriela, Cravo e Canela narra a história de romance vivido entre o sírio Nacib e Gabriela em meados dos anos 1920, época em que a cidade de Ilhéus, na Bahia, lutava para se modernizar. O amor dos dois era marcado por contradições e, em diversas passagens do livro, a postura de Gabriela põe em xeque a lei que exigia que a desonra do adultério feminino fosse lavada com sangue.
Amor É Pra Quem Ama, Lenine
A canção Amor É Pra Quem Ama, presente no disco “Chão” (2010), foi escrita por Lenine em parceria com Ivan Santos. A composição parte de uma citação do livro “Grande Sertão Veredas”, de Guimarães Rosa, em que o personagem Riobaldo diz que “qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso pra loucura”.
Grande Sertão: Veredas, João Guimarães Rosa
Um clássico da literatura brasileira, Grande sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa parte do sertão de Minas Gerais para analisar questões universais que atravessam a alma humana, como o amor, o sofrimento, a violência, a força e a alegria.
Amor I Love You, Marisa Monte
Presente no álbum “Memórias, Crônicas e Declarações de Amor” (1999), a canção Amor I Love You, escrita por Marisa Monte e Carlinhos Brown, inclui um trecho do livro “O Primo Basílio”, do autor português Eça de Queirós. A passagem da obra literária é recitada na canção pelo músico Arnaldo Antunes.
O Primo Basílio, Eça de Queiroz
O Primo Basílio conta a proibida história de amor vivida entre Luísa e Basílio, um primo seu que retornava ao Brasil após completar os estudos em Portugal. Ao descobrir o romance dos dois, Juliana, que trabalha na casa de Luísa, ameaça contar tudo para o marido da patroa, que naquele momento viajava a trabalho e em breve retornaria à casa.
Busca Vida, Os Paralamas do Sucesso
Busca Vida é uma canção lançada no álbum “Nove Luas” (1996), oitavo trabalho de estúdio da banda Os Paralamas do Sucesso. A composição de Herbert Vianna constrói versos que fazem alusão à trajetória do protagonista do livro “O Pequeno Príncipe”, do escritor francês Antoine de Saint-Exupéry. O clipe da música também faz claras referências ao livro infantil.
O Pequeno Príncipe, Antoine de Saint-Exupéry
Publicado em 1943, O Pequeno Príncipe narra a história de um príncipe que faz amizade com um piloto que sofreu um acidente no meio do deserto. Com ilustrações em aquarela feita pelo próprio autor, o livro aborda temas universais como o amor, a amizade e o sentido da vida. A obra já foi traduzida em mais de 250 idiomas e tornou-se um dos maiores sucessos de todos os tempos, sendo o livro francês mais lido no mundo.
Monte Castelo, Legião Urbana
Lançada no álbum “As Quatros Estações” (1988), a composição Monte Castelo, de Renato Russo, reproduz trechos do livro “Os Lusíadas”, de Luís de Camões. Na letra, o autor incorpora versos do poema de Camões, como na passagem: “O amor é o fogo que arde sem se ver/ É ferida que dói e não se sente/ É um contentamento descontente/ É dor que desatina sem doer.”
Os Lusíadas, Luís de Camões
Um clássico da literatura, Os Lusíadas narra detalhes sobre a viagem que o capitão Vasco da Gama e a tripulação portuguesa realizaram no período das Grandes Navegações. A epopeia de Luís Camões descreve as aventuras dos navegantes, que vão desde o embate com ardis de Baco e a ira dos mouros, ao apoio de Júpiter, Vênus e a Divina Providência.
Vambora, Adriana Calcanhotto
A música Vambora está presente no disco “Maritmo”, lançado por Adriana Calcanhotto em 1998. Em passagens diferentes da canção, Adriana menciona os livros de poesias “Dentro da Noite Veloz”, de Ferreira Gullar e “A Cinza das Horas”, de Manuel Bandeira.
Dentro da Noite Veloz, Ferreira Gullar
Lançado em 1975, Dentro da Noite Veloz é um dos livros de poemas de Ferreira Gullar com maior engajamento político. A obra contém poemas clássicos da carreira de Gullar como “Não há vagas” e “Homem Comum” e denuncia, em um tom inquieto e questionador, a realidade de dureza e de desigualdade vivida no Brasil.
A Cinza das Horas, Manuel Bandeira
Livro de estreia da carreira de Manuel Bandeira, A Cinza das Horas aborda as dificuldades da vida humana. Bandeira, que escreveu a obra enquanto realizava um tratamento em um sanatório, expõe um estado de espírito “cinza”, diante das dores, do desamparo e da solidão que nos atravessam em nossa existência.
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