Como lidar com tantas informações durante o isolamento social?
Especialistas dão dicas de como se manter mentalmente saudável em meio à epidemia do novo coronavírus.
Logo que a pandemia do novo coronavírus começou a se espalhar pelo mundo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que o isolamento social seria uma medida urgente para que os países pudessem coibir o avanço da doença. De lá para cá, as pessoas que podem ficar em casa, isto é, por não trabalharem com serviços considerados como essenciais, devem se manter reclusas nesse momento evitando ao máximo o contato com outros indivíduos.
Por outro lado, o distanciamento social pode ser um processo difícil a ser enfrentado. Além de alterar profundamente as rotinas e dinâmicas de vida das pessoas, o isolamento torna as angústias e incertezas quanto ao futuro um motivo de preocupação constante no tempo presente. Isso sem falar, é claro, no volume excessivo de dados e de informações constantemente atualizados que nos apresentam um cenário caótico, onde o número de casos e de mortes pelo novo coronavírus crescem exponencialmente todos dias.
Ansiedade e estresse
Um estudo divulgado recentemente por pesquisadores da Universidade Médica Naval de Shangai revelou que na China, país considerado como epicentro da pandemia, até 20% dos moradores já apresentam sinais de transtorno de estresse pós-traumático (TSPT). Os índices do distúrbio psiquiátrico no país são semelhantes ao que ocorreu após a epidemia de síndrome aguda respiratória grave (Sars), em 2003.
No Brasil, a situação da saúde mental da população também é um fator preocupante. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o país é o líder mundial no número de pessoas ansiosas: 9,3% da população brasileira sofre com o transtorno de ansiedade. Nesse contexto, como preservar a saúde mental em tempos de isolamento social? E como lidar com tantas informações nesse momento?
De acordo com a psicóloga clínica e terapeuta, Mônica Nascimento, a situação vivida atualmente se apresenta como algo totalmente novo. Nesse lugar, as pessoas passam a acessar emoções e sentimentos a partir das informações que recebem a respeito da pandemia. Assim, o primeiro passo para cuidar da saúde mental no período de isolamento é respeitar as particularidades do momento.
“Esse período representa a oportunidade de adotarmos um ritmo diferente de vida. É interessante olharmos para nossas escolhas e criarmos bons hábitos – uma simples rotina que seja -, além cultivar laços de afeto e momentos de bem estar, equilíbrio e desenvolvimento pessoal.”
Cuidado com o excesso de informação
No processo de reorganização das dinâmicas de vida deve estar inserido, segundo a psicóloga clínica, Jacqueline Moreira da Vinha, um cuidado redobrado com o consumo de informações a respeito da pandemia.
“É essencial que se organize uma agenda de atividades que não deixem que as notícias tomem conta do seu dia. Neste momento, não se deve nem mergulhar nas informações sobre a doença, muito menos ignorá-la. O equilíbrio é fundamental e deve vir a partir de um consumo consciente das informações.”
Para Mônica, a otimização no consumo de notícias inclui uma reavaliação no volume de informações absorvidas nesse momento. A psicóloga explica que as pessoas devem avaliar até que ponto a prática pode ser saudável para elas.
“Além disso, deve-se identificar a finalidade e a serviço de que está o recebimento constante de informações, uma vez que já temos acesso ao que tem sido divulgado por fontes seguras, como o Ministério da Saúde, e medidas para o combate da doença estão sendo tomadas.”
Jacqueline complementa que, para além da busca incessante por informações e atualizações sobre o coronavírus, o período de distanciamento social deve ser encarado pelas pessoas como uma oportunidade para nos reconectarmos com o nosso interior.
“Nesse momento, em que estamos distantes e em casa certamente seremos atravessados por dores e questões emocionais, e precisaremos que lidar com elas. No entanto, não necessariamente estaremos preparados para isso. Desse modo, é importante que as pessoas que busquem ajuda profissional, mesmo que à distância.”
No país, grupos de psicólogos e terapeutas oferecem atendimento psicológico online e gratuito durante o período de isolamento social. A plataforma Relações Simplificadas conta com mais de 30 profissionais que oferecem conversas que duram 30 minutos e acontecem por videoconferência. O site A Chave da Questão interage com o público a partir de lives e vídeo-aulas nas redes sociais do projeto. Além disso, o Escuta 60+ realiza um tratamento por telefone voltado para a escuta e acolhimento de pessoas com mais de 60 anos.
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