Rubem Fonseca morre aos 94 anos
Escritor desde os 17 anos, Rubem Fonseca foi um grandes nomes da literatura policial brasileira.
Às vésperas de completar 95 anos, Rubem Fonseca morreu nesta quarta-feira (15), no Rio de Janeiro. Após sofrer um infarto em seu apartamento no bairro do Leblon, o escritor mineiro foi levado por familiares ao Hospital Samaritano, mas não resistiu. As informações são da assessoria de imprensa do centro médico.
Nas redes sociais, fãs de prestaram homenagens ao autor. No Twitter, o jornalista e escritor Arthur Dapieve comentou: “Nenhum escritor brasileiro teve tanto impacto em mim quanto Rubem Fonseca. Muito, muito obrigado.” Já o escritor João Paulo sintetizou: “O que dizer do Rubem Fonseca nessa hora? Agradecer.”
Biografia
Nascido no dia 11 de maio de 1925 em Juiz de Fora (MG), José Rubem Fonseca foi morar no Rio de Janeiro aos oito anos de idade. Na capital, Fonseca se formou em Direito e chegou a trabalhar como comissário de polícia nos anos 1950. No entanto, logo largou a carreira para dedicar-se à ficção.
Com uma escrita afiada e marcada pela violência, Rubem Fonseca escreveu romances e contos policiais que botaram luz sobre histórias de prostitutas, cafetões e outros personagens moradores do submundo das cidades. O caráter inovador e contundente de sua obra, rendeu ao escritor o posto de fundador de uma nova ficção brasileira, mais voltada para as discussões sobre o ambiente urbano.
Ao longo de sua carreira, o autor escreveu clássicos como “Feliz ano novo” (1976), censurado durante a ditadura militar, e “Agosto” (1990) e foi vencedor de importantes premiações como o prêmio Camões, em 2003, e o Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras (ABL), em 2015.
Aqui, nós preparamos uma lista com algumas das principais obras da carreira do escritor. Confira!
Amálgama
Aqui residem todos os elementos clássicos de Rubem: o erotismo, a violência, a velocidade narrativa e o clima noir. Uma narrativa que se desenha ao longo dos contos e, ineditamente, das poesias. Personagens e situações unidos pela tristeza, pela dor, pela raiva, pelo fracasso, pela ternura e pelo amor, um verdadeiro amálgama de vidas que se constroem e se destroem num instante.
A grande arte
O livro apresenta o personagem Mandrake, advogado charmoso e de prestígio, que se envolve em uma misteriosa trama no submundo carioca e no deserto boliviano ao juntar-se a um matador profissional, especialista em facas, na tentativa de desvendar o misterioso assassinato de uma prostituta.
Agosto
1º de agosto de 1954, Rio de Janeiro, capital da República. Um empresário é assassinado e outro crime é planejado na sede do Governo Federal. Em obra que relaciona ficção com fatos, Rubem Fonseca traz à tona o atentado frustrado contra Carlos Lacerda, opositor de Getúlio Vargas, que causará uma das maiores reviravoltas da história do Brasil.
Bufo & Spallanzani
O personagem principal é Ivan Canabrava, detetive da Companhia Panamericana de Seguros. Ele investiga o caso de um fazendeiro que morreu pouco após fazer um seguro de um milhão de dólares. Bufo & Spallanzani é um romance repleto de citações de e sobre outros autores e livros, além de muitas digressões sobre a arte de escrever narrativas.
Carne Crua
No livro mais recente de sua carreira, Rubem Fonseca reuniu 26 textos que abordam a crueza de assassinatos, traições e injustiças sociais. Por outro lado, a obra também revela a avidez das descobertas, a delicadeza das histórias de amor, além de uns flertes com a poesia.
Diário de um Fescenino
Rufus, um escritor de sucesso, carioca e solteirão decide se aventurar a escrever algo que afirma que nunca publicaria: um diário em que registra suas aventuras amorosas com diversas mulheres. Diário de um fescenino, palavra que define algo de caráter obsceno e devasso, promove uma reflexão sobre as relações erótico-afetivas e também sobre o processo de criação literária.
Feliz ano novo
Uma reunião de contos repletos de violência com uma linguagem precisa e contundente que veio a se tornar a mais significativa marca autoral do escritor. Uma dura crítica social numa obra que há quase quatro décadas se mantém atual e relevante, mostrando o motivo pelo qual Rubem Fonseca se tornou inigualável.
Histórias curtas
Em uma das últimas obras, Rubem Fonseca escreveu quarenta histórias, em que trata de assuntos já recorrentes, como a velhice, a gordura e todo tipo de decadência humana, mas agora com uma ênfase especial na loucura.
Lúcia McCartney
Terceiro livro de Rubem Fonseca. São dezenove histórias que têm o vigor das manchetes de jornais e a consagrada verve ficcional de Rubem Fonseca.
Mandrake a Bíblia e a Bengala
Nesse livro, o escritor traz de volta à cena Mandrake, um de seus mais célebres personagens. Só que desta vez, o cínico advogado criminalista precisará investigar dois casos insólitos. Assim, “Mandrake a Bíblia e a Bengala” reúne elementos clássicos do gênero policial em histórias repletas de viradas, jogos de sedução e reflexões sobre a ética dos advogados.
Romance negro e outras histórias
Com histórias carregadas de mistério e suspense, Rubem Fonseca dá vida a personagens enigmáticos, diferentes dos anteriores, que expressavam suas angústias com violência física, motivo pelo qual sua literatura foi chamada de “brutalista” por Alfredo Bosi. Em Romance negro e outras histórias há um fio condutor sombrio, um sentimento de desilusão e de aceitação dos fatos que percorre os contos como uma espinha dorsal.
O caso Morel
Literatura policial, investigação sobre os limites do desejo, experimento narrativo. O primeiro romance de Fonseca parece um jogo de espelhos, em que os personagens se desdobram em dois, e também a história e o próprio narrador se dividem, sem que saibamos quais são os originais e quais são os reflexos.
Qual é o seu livro preferido do escritor?
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