[Resenha] Eurídice Gusmão, uma mulher como todas nós
Livro A vida invisível de Eurídice Gusmão, de Martha Batalha, recebeu adaptação nos cinemas. Filme estreia em 21 de novembro
A história de Eurídice Gusmão ganhará maior visibilidade nacional por meio dos cinemas, a partir do dia 21 de novembro. O filme é inspirado no livro A vida invisível de Eurídice Gusmão, obra de estreia da escritora Martha Batalha, e é cotado para concorrer na categoria de Melhor Filme Estrangeiro no Oscar 2020. Mesmo sendo uma personagem fictícia, em um contexto dos anos 1940, no Rio de Janeiro, Eurídice poderia ser uma mulher como todas nós.
Com muitas habilidades, ela tenta constantemente se reinventar ao longo da vida, mas é barrada pelo machismo latente na sociedade e é fadada a ser dona de casa. Ainda jovem, casa-se com Antenor, um homem que não a deixa trabalhar e exige perfeição em trabalhos domésticos, como preparar as refeições e manter as crianças “em ordem”. Futuramente, Eurídice descobre grandes escritores, como William Shakespeare e Leon Tolstói, e encontra seu refúgio na literatura.
Em paralelo ao seu relacionamento, Eurídice ainda carrega um peso de uma tragédia iniciada na juventude: o desaparecimento de sua irmã, Guida Gusmão. Após começar a namorar um rapaz, a menina saiu de casa sem dar explicações à família. Já na fase adulta, ela retorna e compartilha sua vida com a irmã. Durante a narrativa, percebe-se que a trajetória das duas se assemelham, sobretudo, em relação às exclusões sociais e aos preconceitos.
Ela sempre achou que não valia muito. Ninguém vale muito quando diz ao moço do censo que no campo profissão ele deve escrever as palavras “Do lar”.
Além de Eurídice e Guida, acompanhamos também, de forma mais superficial, a vida de outras mulheres, como Zélia, a vizinha fofoqueira, e Filomena, uma ex-prostituta que cuidava de crianças e foi fundamental na vida de Guida. As personagens são marginalizadas, muitas vezes anônimas, mas que têm histórias de vida que poderiam ser verossímeis até hoje, no século 21.
Com os direitos vendidos para mais de 11 países, A vida invisível de Eurídice Gusmão é finalista do Prêmio São Paulo e foi semifinalista do Prêmio Oceanos. A obra é fundamental para percebermos que já conquistamos muitos direitos ao longo dos últimos 50 anos, mas que ainda há muito para ser feito.
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