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Atemporal, “Vidas secas” completa 80 anos

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Clássico de Graciliano Ramos escancara a injustiça social, a seca e a falta de oportunidades em um país desigual

Um dos principais clássicos da literatura brasileira, Vidas secas completa 80 anos em 2018. Publicado em 1938, o livro atemporal de Graciliano Ramos escancara a injustiça social no país ao retratar a vida de uma família de retirantes sertanejos. O autor conta a história do pobre vaqueiro Fabiano e de seus parentes, que vivem em situação precária e são obrigados a se deslocar rotineiramente por causa da seca.

O autor mostra-se mais humano e compreensivo com a miséria latente no sertão nordestino, um local áspero, duro e cruel. Além de enfatizar a falta de oportunidades em um país desigual, Graciliano Ramos apresenta uma evolução em sua obra em relação ao estilo e à qualidade literária.

Vidas secas, Graciliano Ramos

Sobre o autor

Seu primeiro conto, O pequeno pedinte foi publicado no jornal da escola O dilúculo. No ano seguinte, Graciliano mudou-se para o Maceió, onde começou sua relação com a literatura. Após terminar o colégio, em 1914, foi para o Rio de Janeiro e trabalhou como revisor dos jornais Correio da manhãO século A tarde.

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Em 1915, o escritor casou-se com Maria Augusta Barros, com quem teve quatro filhos. No entanto, a mulher morreu pouco tempo depois do casamento. Graciliano também teve uma atuação expressiva no meio político. Foi prefeito da cidade de Palmeira dos Índios, no Alagoas, em 1928, e, em 1936, foi preso e deportado acusado de ligação com o Partido Comunista. Um ano depois, o escritor foi solto.

Graciliano morreu, aos 61 anos, no dia 20 de março de 1953, por causa de um câncer de pulmão. Além de Vidas secas, o autor deixou um extenso legado literário. Por isso, para homenageá-lo, selecionamos alguns de seus principais livros. Confira!


São Bernardo

Neste livro, Graciliano Ramos conta a história de Paulo Honório, um homem simples, que movido por uma ambição sem limites, acaba transformando-se em um grande fazendeiro do sertão de Alagoas e casa-se com Madalena para conseguir um herdeiro. Incapaz de entender a forma humanitária pela qual a mulher vê o mundo, ele tenta anulá-la com seu autoritarismo. São Bernardo, de Graciliano Ramos


Angústia

Escrito em ambiente de desassossego e intrigas, em plena repressão do governo Getúlio Vargas, Angústia reflete o desconforto do autor com a situação de insegurança em que vivia. “Falta-me tranquilidade, falta-me inocência, estou feito um molambo que a cidade puiu demais e sujou”, pensa o narrador.

Angústia


Caetés

Primeiro romance de Graciliano Ramos, Caetés retrata a história de João Valério, personagem principal e também narrador. Ele é o guarda-livros da casa comercial Teixeira & Irmão na cidade de Palmeira dos Índios. O enredo se desenvolve em dois planos: a paixão de João Valério por Luísa, mulher de Adrião, dono do armazém onde ele trabalha; e a tentativa de Valério escrever um romance histórico sobre os índios caetés. Caetés, de Graciliano Ramos


Memórias do cárcere

Memórias do cárcere é o testemunho de Graciliano Ramos sobre a prisão a que foi submetido durante o Estado Novo. Uma narrativa amarga de alguém que foi torturado, viveu em porões imundos e sofreu privações provocadas por um regime ditatorial.

Memórias do cárcere


A terra dos meninos pelados

A terra dos meninos pelados tem como pano de fundo o país de Tatipirun, onde não há cabelos e as pessoas têm um olho preto e outro azul. Mas este país é imaginário: criado por um menino diferente que, não tendo com quem se entender, falava sozinho. Raimundo Pelado, como era apelidado pelos vizinhos, tinha o olho direito preto, o esquerdo azul e a cabeça pelada. A terra dos meninos pelados, de Graciliano Ramos


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Gabriela Mattos

Gabriela Mattos

Gabriela é jornalista, editora do Estante Blog e foi repórter em um jornal carioca. Viciada em comprar livros, é apaixonada por literatura contemporânea e jornalismo literário.

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