Do outro lado do balcão: conheça escritores que já foram livreiros
No prefácio da obra Eu queria um livro: antologia de contos e cenas livrescas, o autor e roteirista de cinema Rubem Fonseca afirma: “a minha ideia de paraíso é uma livraria”. Apesar de ser conhecido por não escrever prefácios de livros, Rubem Fonseca afirma que sentiu-se seduzido pelos contos de 16 livreiros reunidos nesta obra organizada pelo escritor, e também livreiro, Leandro Müller. Decidido, então, a burlar sua própria tradição, Rubem Fonseca prestou homenagem a todos os livreiros, que segundo ele, permitiram que em sua infância passasse grande parte do seu tempo nas livrarias, folheando livros e lendo muitos títulos. Outros autores foram além e, seduzidos pelo encanto das estantes e prateleiras repletas de livros, decidiram pular o balcão tornando-se livreiros ou vivenciando a experiência por um tempo. A Shakespeare & Company, livraria localizada em Paris, e fundada em 1919, tornou-se famosa não só por ser referência de literatura inglesa em terreno francês. Parte de seu reconhecimento advém do fato de o local ter abrigado, no período entre guerras, muitos escritores que em troca de cama e comida, vivenciaram de perto a experiência de vender livros. Ernest Hemingway, Ezra Pound, F. Scott Fitzgerald, Gertrude Stein são alguns dos nomes famosos da literatura que passaram parte de seu tempo na livraria, aprendendo sobre a rotina de um livreiro e vivenciando as experiências de quem vive da venda de livros. O escritor de origem irlandesa, James Joyce, chegou a fazer do local seu próprio escritório. Da amizade particular com Sylvia Beach, fundadora da Shakespeare & Company, surgiu a oportunidade de publicar, em 1922, o livro Ulisses, uma das principais obras do autor e por vezes rejeitada por inúmeros editores. Reza a lenda que a livraria foi fechada, em 1941, durante a ocupação alemã, porque Sylvia teria negado a um oficial alemão a última cópia de outra obra do autor: Finnegans Wake. Em 1951 foi a vez de George Whitman “reabrir” a Shakespeare & Company em tributo a Sylvia Beach. E novos autores, 40 mil segundo o próprio empresário, foram convidados a passar por lá e ajudar no trabalho de livreiro. Foi então que Henry Miller, Samuel Beckett, Anaïs Nin e outros puderam passar algumas tardes dividindo o tempo entre a leitura, a escrita e a venda de livros. Jeremy Mercer, jornalista canadense que viveu na livraria escreveu o livro Um livro por dia: minha temporada parisiense na Shakespeare and Company sobre o dia-a-dia da livraria e os personagens ilustres que já circularam no local. Atualmente a loja está sobre a administração da filha de George Whitman, Sylvia Beach Whitman, e permanece com a tradição de permitir que jovens escritores vivam e trabalhem na livraria. Mesmo sem terem tornado-se livreiros, outros autores famosos já manifestaram seu interesse pelo dia-a-dia das livrarias, à semelhança de Rubem Fonseca. George Orwell, autor de 1984 e A revolução dos bichos, já declarou que passou dias felizes dentro de uma livraria e chegou a se questionar se seria um bom livreiro. Para responder a essa pergunta e atender o desejo de muitos escritores em tornarem-se livreiros, na Inglaterra, a Associação de Vendedores de Livros convidou vários autores a irem até suas livrarias preferidas e passarem um tempo lá exercendo funções de um livreiro, como organizar os livros nas estantes e vender os exemplares aos leitores que frequentam os locais. A iniciativa, conhecida como Strictly Come Bookselling foi apenas uma das atividades organizadas pela associação para celebrar a Semana de Livreiros Independentes. Gostou? Deixe um comentário com sua impressão sobre esse post.]]>
A Shakespeare & Company foi a mais glamourosa das livrarias do mundo, sem querer, com a afirmação, desprezar a José Olympio.
Sem o mesmo glamur, muitos escritores vendem seus livros por meio de livrarias virtuais próprias. É barato, no Facebook é gratuito, eu mesmo tenho uma. É interessante pelo contato direto com os leitores.