Estante Entrevista: Os livros indicados por Letícia Bonetti
Bibliotecária participou de live no nosso TikTok, sobre “Os Clássicos e a Literatura Young Adult”. Veja as sugestões!
Em mais uma live da série “Estante Entrevista”, a bibliotecária Letícia Bonetti conversou sobre ”Os clássicos e a literatura Young Adult”, no nosso TikTok, na última sexta-feira (12). Durante o bate-papo, a bibliotecária falou sobre a importância da literatura jovem adulta na formação dos leitores.
Aos 25 anos, Letícia construiu sua carreira como produtora de conteúdo na internet e já soma mais de 500 mil seguidores no TikTok e 42 mil no Instagram. A bibliotecária compartilha sua rotina de leitura, apresenta edições, curiosidades e desafios com seus seguidores. Na live, além de falar sobre a literatura YA e como esse gênero aumenta a procura de livros clássicos por parte dos jovens, Letícia também falou sobre a influência do TikTok no mundo literário e deu dicas para a conservação de livros. Entre as dicas, a bibliotecária frisou:
- Guardar os livros sempre na vertical
- Limpar os livros no mínimo uma vez ao mês
- Folhear os livros para aumentar a oxigenação das páginas
- Limpar as lombadas com um pano seco
- Manter as edições fora da luz direta do sol
Entre os assuntos abordados na live, Letícia deu dicas para jovens buscando uma formação em biblioteconomia e indicou alguns livros para jovens interessados em literatura YA e clássicos, confira!
Os Sete Maridos de Evelyn Hugo (Taylor Jenkins Reid)
Lendária estrela de Hollywood, Evelyn Hugo sempre esteve sob os holofotes ― seja estrelando uma produção vencedora do Oscar, protagonizando algum escândalo ou aparecendo com um novo marido… pela sétima vez. Agora, prestes a completar oitenta anos e reclusa em seu apartamento no Upper East Side, a famigerada atriz decide contar a própria história ― ou sua “verdadeira história” ―, mas com uma condição: que Monique Grant, jornalista iniciante e até então desconhecida, seja a entrevistadora. Ao embarcar nessa misteriosa empreitada, a jovem repórter começa a se dar conta de que nada é por acaso ― e que suas trajetórias podem estar profunda e irreversivelmente conectadas.
A vida invisível de Addie LaRue (V.E Schwab)
Uma vida que ninguém lembra. Um livro que ninguém esquece. Em A vida invisível de Addie LaRue, o aguardado best-seller de V.E. Schwab, conheça Addie e se perca em sua vida invisível ― porém memorável. França: 1714. Addie LaRue não queria pertencer a ninguém ou a lugar nenhum. Em um momento de desespero, a jovem faz um pacto: a vida eterna, sob a condição de ser esquecida por quem a conhecer. Um piscar de olhos, e, como um sopro, Addie se vai. Uma virada de costas, e sua existência se dissipa na memória de todos. Após tanto tempo vivendo uma existência deslumbrante, aproveitando a vida de todas as formas, fazendo uso de tantos artifícios quanto fosse possível e viajando pelo tempo e espaço, através dos séculos e continentes, da história e da arte, Addie entende seus limites e descobre ― apesar de fadada ao esquecimento ― até onde é capaz de ir para deixar sua marca no mundo. Trezentos anos depois, em uma livraria, um acontecimento inesperado: Addie LaRue esbarra com um rapaz. Ele enuncia cinco palavras. Cinco palavras capazes de colocar a vida que conhecia abaixo: Eu me lembro de você. Uma jornada inspirada no mito faustiano sobre busca e perda, eternidade e finitude e, acima de tudo, uma questão: até onde se vai para alcançar a liberdade?
Dom Casmurro (Machado de Assis)
Em Dom Casmurro, o narrador Bento Santiago retoma a infância que passou na Rua de Matacavalos e conta a história do amor e das desventuras que viveu com Capitu, uma das personagens mais enigmáticas e intrigantes da literatura brasileira. Nas páginas deste romance, encontra-se a versão de um homem perturbado pelo ciúme, que revela aos poucos sua psicologia complexa e enreda o leitor em sua narrativa ambígua acerca do acontecimento ou não do adultério da mulher com olhos de ressaca, uma das maiores polêmicas da literatura brasileira.
Perto do coração selvagem (Clarice Lispector)
O surgimento de Perto do coração selvagem, em 1943, causou grande impacto no cenário literário brasileiro, proporcionando à autora aclamação imediata da crítica e de seus colegas escritores. Houve quem encontrasse no livro a influência de Virginia Woolf, ao passo que outros apostavam em Joyce, seguindo a falsa pista da epígrafe da qual Clarice pinçou seu título: “Ele estava só. Estava abandonado, feliz, perto do coração selvagem da vida.” Ambos os grupos estavam errados, apesar do uso do fluxo de consciência pela escritora estreante a justificar tais correlações. Ocorre, no entanto, que esse havia sido um achado natural e espontâneo para Clarice Lispector, que admitiu como única influência neste caso O lobo da estepe, de Hermann Hesse. Não em termos estilísticos tampouco por se identificar com o caráter do protagonista, mas sim por compartilhar com ele e, sobretudo, com Hesse, o desejo imperioso de romper todas as barreiras e ultrapassar todos os limites na busca da própria verdade interior. Anseio personificado pela personagem central, Joana, com uma expressão que se tornou célebre: “Liberdade é pouco. O que desejo ainda não tem nome.” Íntima e universal, destemida e secreta, Joana “sentia o mundo palpitar docemente em seu peito, doía-lhe o corpo como se nele suportasse a feminilidade de todas as mulheres” e ela destoava do sistema patriarcal em que se encontrava inserida da mesma forma que Clarice se distanciava da literatura de seu tempo, ainda dominada pelo regionalismo e o realismo. Ambas, autora e protagonista, eram forças divergentes, porém não dissonantes, já que introduziam uma nova musicalidade, uma harmonia própria, poética e triunfal, na aspereza circundante, enquanto buscavam “o centro luminoso das coisas” sem hesitar em “mergulhar em águas desconhecidas”, deixando o silêncio e partindo para a luta. Deste embate à beira do íntimo abismo, Joana torna-se uma mulher completa e Clarice, uma escritora singular e inimitável.