10 livros de José Saramago que você precisa conhecer
Vencedor do Prêmio Nobel, escritor português morreu no dia 18 de junho de 2010. Para homenageá-lo, fizemos uma lista com suas principais obras
Vencedor dos prêmios Nobel e Camões, o escritor português José Saramago fez história na literatura por “brincar” com a pontuação e adotar uma escrita inovadora em seus textos. Com uma vasta lista de obras literárias, ele ainda conquista leitores pelo mundo. As histórias do autor também invadiram os cinemas: sete livros foram adaptados para as telonas, como Ensaio sobre a cegueira e O homem duplicado.
Saramago nasceu na aldeia portuguesa de Azinhaga e se mudou para Lisboa com sua família, aos dois anos. Filho de camponeses sem terra, o autor concluiu os estudos secundários em uma escola técnica, mas não cursou uma universidade por dificuldades financeiras. Ele só conseguiu comprar pela primeira vez um livro aos 19 anos, após um amigo emprestar dinheiro.
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Antes de ser escritor, Saramago trabalhou como jornalista, desenhista, tradutor, editor e funcionário público. Ele morava em Lanzarote, nas Ilhas Canárias, com sua mulher, a tradutora Pilar del Río. Foi na residência do casal que o autor morreu, aos 87 anos, no dia 18 de junho de 2010. Para homenagear Saramago e relembrar sua obra, selecionamos dez de seus principais livros. Veja a lista completa!
Ensaio sobre a cegueira
Ensaio sobre a cegueira é uma das obras mais marcantes do século XX. Vencedor do Prêmio Nobel, em 1998, o livro retrata a “treva branca”, que logo se espalha para o resto da sociedade. É a fantasia que nos faz lembrar a “responsabilidade de ter olhos quando os outros perderam”. Por meio da história, que foi adaptada para o cinema, em 2008, Saramago dá ao leitor uma imagem aterradora e comovente de tempos sombrios, à beira de um novo milênio. O autor nos obriga a parar, fechar os olhos e ver. Cada leitor vive uma experiência imaginativa única.
O homem duplicado
O que você faria se encontrasse um sósia com o mesmo corpo que o seu? Esse foi o caso do personagem Tertuliano Máximo Afonso, do livro O homem duplicado, que descobriu ser um homem duplicado após assistir a um vídeo. Um dos atores do filme tem um corpo idêntico ao seu. No entanto, Saramago esclarece que o romance não tem nada a ver com clonagem ou experiências de laboratório. Inquietante, a obra discute a perda de identidade em uma sociedade que cultiva a individualidade e que estabelece padrões de aparência.
Ensaio sobre a lucidez
Em uma manhã de votação, na capital de um país imaginário, os funcionários de uma das seções eleitorais se deparam com uma situação espantosa: todos os eleitores votam em branco. No livro Ensaio sobre a lucidez, Saramago remete ao Ensaio sobre a cegueira no título e também na trama, ao retomar personagens e situações da outra obra. Ao narrar as providências de governo, polícia e imprensa para entender as razões da “epidemia branca”, o autor faz uma alegoria da fragilidade dos rituais democráticos, do sistema político e das instituições que nos governam.
Caim
Em Caim, Saramago reconta episódios bíblicos do Velho Testamento sob o ponto de vista de Caim, que, após matar seu próprio irmão, trava um incomum acordo com Deus e começa uma jornada que o levará do jardim do Éden aos mais recônditos confins da criação. O autor percorre cidades decadentes e estábulos, palácios de tiranos e campos de batalha. No trajeto, há a reconstrução de episódios bíblicos conhecidos, mas com uma perspectiva diferente.
As intermitências da morte
O livro As intermitências da morte retrata um país fabuloso, no qual as pessoas não morrem mais. No início, a novidade foi recebida com clamor patriótico. No entanto, a sociedade enfrenta um grande problema: os idosos e doentes agonizam em leitos de hospitais, os empresários do serviço funerário entram em crise e asilos enfrentam superlotação crônica. Os vínculos que ligam o Estado, as religiões e o cotidiano à mortalidade comum de todos os cidadãos são expostos na obra.
As pequenas memórias
Durante 20 anos, Saramago elaborou um projeto autobiográfico e o livro As pequenas memórias faz justamente a junção de todos esses relatos, ora alegres ora dilacerantes, sobre os primeiros 15 anos de vida do escritor. As histórias começam em seu nascimento, na aldeia da Azinhaga, passam pelos estudos na escola industrial de Lisboa, relembram o convívio do autor com seu avô camponês e falam também da mudança para Lisboa. É um livro ideal para quem quer conhecer mais sobre a vida do autor português.
Claraboia
Um prédio de seis apartamentos em uma rua modesta de Lisboa é o cenário principal das histórias simultâneas que compõem o romance Claraboia. Os dramas rotineiros dos moradores constroem uma trama repleta de elementos característicos da escrita de Saramago. As peripécias de Lídia, uma bela mulher sustentada pelo amante misterioso, e Abel, um jovem outsider à procura de um sentido para a vida, se contrapõem ao árduo cotidiano dos outros habitantes.
O evangelho segundo Jesus Cristo
Todos conhecem a história de Jesus, filho de José e Maria, mas nesta narrativa ela ganha mais beleza. É como se estivesse sendo contada pela primeira vez. “O filho de José e de Maria nasceu como todos os filhos dos homens, sujo de sangue de sua mãe, viscoso das suas mucosidades e sofrendo em silêncio. CHorou porque o fizeram chorar, e chorará por esse mesmo e único motivo”, diz um dos trechos.
Memorial do convento
O foco central do Memorial do convento é a construção do Palácio Nacional de Mafra, conhecido como Convento. No início do século XVIII, o monarca D. João V ordenou que o edifício fosse erguido, à custa de uma imensa quantidade de ouro e diamantes vindos do Brasil. Publicado pela primeira vez em 1982, o livro tornou Saramago um nome internacionalmente aclamado na literatura contemporânea, graças à mistura entre narrativa histórica e história individual.
Alabardas, alabardas
A lista também não podia deixar de incluir o último projeto de Saramago. Com título retirado da obra Exortação da guerra, de Gil Vicente, Alabardas, alabardas conta a história de Artur Paz Semedo, um homem comum que trabalha na fábrica de armas Produções Belona S.A. Funcionário exemplar, ele não questionava as ordens de seus superiores, até sentia um orgulho do renome da firma. No entanto, sua mulher, Felícia, deixa-o por não suportar mais conviver com o ofício do marido.
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São todos fantásticos, se puderem leiam tudo deste magnífico e lúcido homem que nos dá uma visão da vida através da sua escrita apaixonante.
Histório do cerca de lisboa é interessante
Mas .. ninguém supera Jorge Luis Borges
Essa certamente é uma das listas que mais demonstram ausência de contato com a obra do Saramago. Claraboia, Caim ou Alabarbardas(…) ocupando lugar de O ano da morte de Ricardo Reis? Ou de Levantado do Chão, ou de História do cerco de Lisboa. Sugiro desconsiderarem essa lista; ao menos para aqueles que possuem 1 dose de interesse por Saramago.