‘O sol na cabeça’ e o Rio de Janeiro como pano de fundo
O jovem autor Geovani Martins renova a literatura carioca arrematando crítica e público.
Escritor por vocação, Geovani Martins é um dos talentos revelados, em 2013, pela Flup – a Festa Literária das Periferias. Mas foi neste ano que o Brasil e outros nove países – incluindo a China – conheceram, de fato, sua potência literária. O jovem de 26 anos publicou, pela Companhia das Letras, o seu primeiro livro O sol na cabeça.
A seleção de 13 contos, com primeira tiragem já de 10 mil exemplares, representa o que Geovani denomina de “quase morte”. Um livro sobre tudo o que pode acontecer. Quebrando preconceitos linguísticos e garantindo protagonismo para crianças e jovens da favela, Geovani amarra – a partir de sua máquina de escrever Remington 22 – as tensões experimentadas pelas personagens, que somam toda a força da oralidade periférica à norma culta da Língua Portuguesa.
Real e muitas vezes crítico, Geovani narra as situações difíceis de seu personagens, mas com um fio de esperança. Um fluxo intenso e positivo. “Não quero apresentar um mundo para ninguém. Quero que o favelado leia esse livro e diga: Caraca, sempre quis ler um livro assim”, explica Geovani durante o lançamento.
Da Zona Oeste à Zona Sul
Nascido em Bangu, na Zona Oeste do Rio, e morador das favelas da Rocinha e Vidigal, o estreante foi lido e elogiado por figuras como Chico Buarque (“Fiquei chapado”), João Moreira Salles e Milton Hatoum. Na última segunda-feira (2), ele abriu a nova temporada do Papo com Bial e o recém-lançado livro já teve os direitos vendidos para uma futura adaptação cinematográfica. O interessado foi o produtor Rodrigo Teixeira de Me Chame Pelo Seu Nome, que se unirá ao diretor Karim Aïnouz, de Praia do Futuro (2014).
Geovani narra com muita coragem e naturalidade seus ambientes mais familiares e seu modo de enxergar o mundo. Garantindo um caráter fantástico à vida cotidiana e compondo o um novo rosto para a representatividade. “Cartola começou a gravar já no final da vida, imagina se ele não tivesse conseguido, o quanto teríamos perdido e quantos outros Cartolas não perdemos por invisibilidade?! Há algum tempo, eu fui convidado para resenhar o livro do Jessé – também autor da Flup – quando que, por exemplo, o meu pai faria uma resenha de um livro do pai do Jessé?!”, compara.
Depois do boom literário, Geovani planeja para 2020 o próximo livro, mas dessa vez um romance, já encomendado pela editora. Além de Geovani, há uma série de jovens produzindo literatura na periferia e brilhando da Flup a concursos literários.
No Estante blog, destacamos alguns que já ocupam presença por aqui. Confira abaixo:
[metaslider id=31447]*Colaborou: Andréia Coutinho | Arte: Igor Defáveri
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