Conheça os finalistas do Prêmio São Paulo de Literatura
O Prêmio São Paulo de Literatura seleciona, anualmente, os melhores livros de ficção escritos, editados e publicados no Brasil. Conheça os finalistas deste ano.
O Prêmio São Paulo de Literatura foi criado em 2008 e tem como objetivo estimular a produção literária brasileira, valorizar o setor e favorecer a formação de leitores e escritores. Em sua 15ª edição, o concurso premiará duas obras literárias escritas em língua portuguesa, editadas e comercializadas no Brasil no ano de 2021.
Neste ano, o prêmio alcançou a marca recorde de 317 inscritos, comparado ao ano anterior, quando houve 281. Ao todo, 20 obras foram selecionadas: dez obras concorrendo na categoria de “Melhor romance” e outras dez competindo por “Melhor romance de estreia”.
O vencedor de cada uma das categorias receberá um prêmio em dinheiro no valor de R$ 200 mil. Entre os finalistas ,13 são mulheres. Ou seja, 65% dos classificados. Ficou curioso para saber quem são os escritores? Conheça as obras dos 20 finalistas!
Prêmio São Paulo de Literatura: finalistas da categoria Melhor romance de 2021
Pequena Coreografia do Adeus, de Aline Bei
Em seu segundo livro, Aline Bei ― vencedora do Prêmio São Paulo de Literatura, em 2017, com “O peso do pássaro morto” ― constrói uma narrativa que fala sobre família, amor e abandono. No livro, acompanhamos a história de Julia, filha de pais separados: sua mãe não suporta a ideia de ter sido abandonada pelo marido, enquanto seu pai não suporta a ideia de ter sido casado. Sufocada por uma atmosfera de brigas constantes e falta de afeto, a jovem escritora tenta reconhecer sua individualidade e dar sentido à sua história, tentando se desvencilhar dos traumas familiares.
A Pediatra, de Andréa Del Fuego
O novo romance de Andréa Del Fuego, vencedora do Prêmio Saramago de literatura com o livro “Os Malaquias”, narra a história de uma pediatra (Cecília) que tem pouco apreço por crianças e zero paciência para os pais e mães que as acompanham. Porém a medicina era um caminho natural para ela, que seguiu os passos do pai. Apesar de sua frieza com os pacientes, ela tem um consultório bem-sucedido, mas aos poucos se vê perdendo lugar para um pediatra humanista, que trabalha com doulas, parteiras e acompanha até partos domiciliares.
Uma Tristeza Infinita, Antônio Xerxenesky
Em “Uma tristeza infinita”, acompanhamos a história de Nicolas, um jovem psiquiatra francês, que é convidado para trabalhar na Suíça logo após o fim da Segunda Guerra Mundial. Junto da esposa Anna, ele se muda para um pequeno vilarejo, próximo ao hospital psiquiátrico onde vai trabalhar. O lugar, conhecido por seus métodos humanizados de tratamento, recebe internos de toda a Europa. Resistindo a prescrever tratamentos como o eletrochoque, Nicolas conversa com seus pacientes até que algo seja descoberto – tanto no inconsciente do doente quanto no do próprio médico. Assim, diversas feridas de guerra vêm à tona, em um jogo delicado que mistura confiança e loucura.Tendo como pano de fundo o contexto de desenvolvimento das primeiras drogas contra a depressão e outras doenças psíquicas. Antônio Xerxenesky constrói um romance tocante sobre os traumas, o passado e a possibilidade de ser feliz apesar do sofrimento.
Degeneração, de Fernando Bonassi
“Degeneração” narra a saga de um filho que precisa liberar o corpo do pai que acaba de morrer e está no necrotério de um hospital público de São Paulo, às vésperas da eleição que colocará Jair Bolsonaro e a extrema direita no poder. A partir desse pano de fundo, o narrador-personagem se vê então diante de um confronto íntimo protagonizado pela figura do pai, o que o leva a fazer uma retrospectiva da história dos dois, de sua infância, remontando desde a um episódio traumático a que o pai o submeteu até a descoberta de que o mesmo, na ditadura, agiu como delator e assistente de torturadores, colaborando para um batalhão da PM.
É Sempre a Hora da Nossa Morte Amém, de Mariana Salomão Carrara
Em “É sempre a hora da nossa morte amém”, acompanhamos a história da septuagenária Aurora, encontrada desmemoriada e descalça na beira da estrada e procurando por uma certa Camila. Para uma amnésica, Aurora recorda-se de muito: da mãe que escovava seus cabelos até parecerem “uma peruca eletrizada”; do seu ato falho trágico religioso, de quando rezava na infância e dizia “agora é a hora da nossa morte amém”; dos anos em que deu aula de português em uma escola de riquinhos; da sua covardia perante a ditadura militar. entre outras recordações. Seriam essas lembranças reais ou ela decorou dos muitos livros que leu, protegida, dentro de casa, dos infinitos perigos que existem lá fora?
O Som do Rugido da Onça, de Micheliny Verunschk
“O som do rugido da onça” constrói uma poderosa narrativa que deixa de lado a historiografia hegemônica para dar protagonismo às crianças – batizadas aqui de Iñe-e e Juri – arrancadas de sua terra natal. Entrelaçando a trama do século XIX ao Brasil contemporâneo, somos apresentados também a Josefa, jovem que reconhece as lacunas de seu passado ao ver a imagem de Iñe-e em uma exposição. Em 1817, Spix e Martius desembarcaram no Brasil com a missão de registrar suas impressões sobre o país. Três anos e 10 mil quilômetros depois, os exploradores voltaram a Munique trazendo consigo não apenas um extenso relato da viagem, mas também um menino e uma menina indígenas, que morreriam pouco tempo depois de chegar em solo europeu.
A Extinção das Abelhas, de Natalia Borges Polesso
“As pessoas vão embora, e isso é uma realidade.” Assim começa “A extinção das abelhas”, novo livro de Natalia Borges Polesso, segundo romance da ganhadora do prêmio Jabuti. Nele, conhecemos a história de Regina: depois de ser abandonada pela mãe, ela foi criada apenas pelo pai, que faleceu quando a garota começava a entrar na vida adulta. As vizinhas, Eugênia e Denise, cuidam dela como podem, oferecendo afeto, dinheiro e uma vida em família que lhe faz falta. O círculo se completa com Aline, filha do casal e amiga-irmã de Regina.Sua perspectiva de mudar de vida é diminuta. Ao ver um anúncio na internet sobre camgirls, Regina decide tentar a sorte. Então cobre a cabeça com uma máscara de gorila e encarna um lado seu que não conhecia.
Lili: novela de um luto, Noemi Jaffe
Em fevereiro de 2020, aos 93 anos, falece Lili, sobrevivente do Holocausto, mãe de três filhas e viúva. Sua doença vinha se estendendo há tempos, mas isso não faz com que a dor de sua partida seja menor. A banalidade da causa, “uma infecção nos pés”, é confrontada com um sentimento de descrença. Como é possível que aquela que sempre esteve presente não exista mais? Com domínio narrativo único e uma honestidade perturbadora, Noemi Jaffe relata os primeiros dias após a perda da mãe, indo fundo em suas lembranças e seus anseios para produzir uma história sobre a morte, mas também sobre o que fica depois dela.
Menino Sem Passado, Silviano Santiago
Enquanto descobre a magia do cinema e das revistas em quadrinhos, o jovem Silviano Santiago nos conta a história de sua vida marcada pela perda da mãe, a conturbada relação com o pai e com o restante da família tradicional do interior de Minas Gerais. Contudo, ao narrar sua infância, Silviano narra também momentos decisivos da história do Brasil entre os anos 1940 e 1960.
Vista Chinesa, Tatiana Salem Levy
Em “Vista Chinesa”, acompanhamos a história de Júlia: sócia de um escritório de arquitetura que está planejando alguns projetos na futura Vila Olímpica. A história acontece em 2014: período de euforia no Brasil, especialmente na cidade do Rio de Janeiro. Copa do Mundo prestes a acontecer, Olimpíadas de 2016 à vista. Tempo de esperança e construção. Júlia sai para correr no Alto da Boa Vista. A certa altura, alguém encosta um cano de revólver na sua cabeça e a leva para uma área baldia. É estuprada. Deixada largada e exangue na mata. Ela se arrasta para casa, onde o namorado e alguns familiares a esperam. O rosário de dor é descrito com crueza e qualidade literária poucas vezes vistas em nossa ficção. Trata-se de uma narrativa calcada no real que transforma o capítulo trágico na história de uma mulher em grande literatura.
Conheça também as obras dos 10 finalistas na categoria Melhor Romance de Estreia do Ano de 2021
- Ana Kiffer e Marie-Aude Alia, “O canto dela” (Editora Patuá);
- Fabiane Guimarães, “Apague a luz se for chorar” (Editora Schwarcz);
- Fábio Horácio-Castro, “O réptil melancólico” (Editora Record);
- Lilian Sais, “O funeral da baleia” (Editora Patuá);
- Natália Zuccala,” Cheia” (Editora Urutau);
- Rita Carelli, “Terrapreta” (Editora 34);
- Roger Rocha, “Ouro de Moscou” (Editora Urutau);
- Stênio Gardel,” A palavra que resta” (Editora Schwarcz);
- Taiasmin Ohnmacht, “Vozes de retratos íntimos” (Livraria e Editora Taverna);
- Thiago Souza de Souza, “Jamais serei seu filho e você sempre será meu pai” (Livraria e Editora Taverna).
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