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[Resenha] “O Clube dos Jardineiros de Fumaça” e sua realidade particular

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Um dos vencedores do Jabuti 2018, livro de Carol Bensimon cativa o leitor com seu cenário marcante

Quando pensamos em tráfico de drogas e consumo de maconha, é provável que o contexto brasileiro faça a nossa imaginação pintar um cenário completamente diferente do que encontramos em O Clube dos Jardineiros de Fumaça, de Carol Bensimon.

Na obra da escritora gaúcha – que lhe rendeu o Prêmio Jabuti 2018 na categoria Romance – nós conhecemos Arthur, um professor de ensino médio que, após largar a vida em Porto Alegre, passa a viver no condado de Mendocino, Califórnia, em busca de trabalhar em uma das várias plantações ilegais de maconha que existem na região.

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Enquanto narra a trajetória do personagem e suas relações com as outras pessoas que vivem ali, Carol também apresenta nomes importantes da história da legalização da droga nos Estados Unidos. Ao misturar realidade e ficção, esses capítulos servem para ampliar a nossa visão em torno da maconha enquanto produto medicinal, fonte de renda para a economia americana e questão policial.

No entanto, o que mais se destaca no romance é, de fato, seus protagonistas. Além de Arthur, cujo passado no Brasil descobrimos ao longo do livro, nós conhecemos também Tamara e Sylvia, duas mulheres residentes de Mendocino que o recebem na condado. Apesar de suas particularidades e diferenças de idade, os três compartilham o processo de se descobrirem na vida após as crises que cada um viveu.

“Ela não quis ser rude, mas às vezes fica cansada. Muitas respostas e muitas opiniões. Quando foi mesmo que ele aprendeu tanta coisa sobre um lugar que não é o dele? Está usando aquela camiseta da galáxia. Deixou crescer o cabelo e a barba. Parece tão satisfeito agora consigo mesmo, tem o trabalho que queria, uma mulher bonita e inteligente, está em um bar agradável bebendo o seu pinot noir orgânico enquanto sabe-se lá quantos brasileiros presos no seu abismo tropical simplesmente tentam sobreviver”.

Com um belo trabalho de pesquisa, a autora consegue transformar a região pouco conhecida da Califórnia em um quarto personagem. É fácil imaginar as casas, ruas, lojas e florestas daquele local aparentemente pacato, mas que recebe pessoas de vários lugares do mundo em busca de transformação (e dinheiro). A maconha, no fim das contas, acaba sendo um detalhe, ainda que importante, de uma história, que acima de tudo, é sobre hábitos.

Sobre a autora

Carol Bensimon nasceu em 1982, na cidade de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul. Antes de se dedicar completamente à literatura, cursou Comunicação Social na UFRGS entre 2000 e 2005. Publicou contos e ensaios em veículos como os jornais O Globo, Folha de S. Paulo e as revistas Piauí e Superinteressante. Seu primeiro livro foi lançado em 2008 e outros quatro vieram na sequência, sendo O Clube dos Jardineiros de Fumaça o mais recente.

Quer conhecer mais do trabalho da escritora?


Pó de parede

Em sua estréia no mundo dos livros, Carol Bensimon reúne três histórias distintas de personagens femininas que encaram diferentes questões em suas vidas. Alice, Clara e as irmãs Lina e Titi são as protagonistas dos contos que compõem Pó de Parede e “encaram com sarcasmo e delicadeza as suas desilusões, revelando o lado melancólico da juventude”, diz a sinopse.

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Sinuca embaixo d’água

Quando a jovem Antônia morre em um acidente de carro, seus amigos Bernardo e Camilo precisam aprender a lidar com uma perda prematura e inesperada. A rotina de diversão, jogos e bebidas na sinuca do bar do Polaco não é mais a mesma e a maturidade forçada pelo luto obriga os personagens a se reinventarem diante dos acasos da vida.

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Todos nós adorávamos caubóis

Em seu terceiro livro, sendo o segundo romance, Carol Bensimon narra a road trip das amigas Cora e Julia pelo interior do Rio Grande do Sul. As duas buscam entender quem são no mundo enquanto viajam pelo lugar onde nasceram. Com toques de sarcasmo e drama, a história transcorre entre passado e presente enquanto a dupla de amigas se questiona acerca do futuro.

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Uma estranha na cidade

Crônicas e reflexões publicadas em jornais e blogs se juntam a um ensaio inédito no primeiro livro de não ficção da autora gaúcha. “Uma estranha na cidade” traz textos que falam sobre planejamento urbano, tecnologia, viagens, formas de consumo, expressão sexual e sentimental e outros temas comuns à geração atual.

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Leonardo Loio

Leonardo Loio

SEM, SEO e tudo relacionado a buscadores, é o que eu gosto. Carioca, marketeiro, profissional de marketing digital, search marketing, tento aprender, discutir e ensinar.

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