Confira os finalistas do Prêmio Jabuti 2022
Entre os finalistas, estão Ricardo Aleixo, Elisa Lucinda, Natalia Borges Polesso; Stênio Gardel; Andréa Del Fuego; e Aline Bei.
A Câmara Brasileira do Livro (CBL) divulgou as obras selecionadas na primeira fase do Prêmio Jabuti 2022. A 64ª edição do prêmio é composta por quatro eixos, Literatura, Não Ficção, Produção Editorial e Inovação.
Nesses eixos, estão distribuídas 20 categorias: Conto, Crônica, Histórias em Quadrinhos, Juvenil, Poesia, Romance de Entretenimento, Romance Literário, Artes, Biografia e Reportagem, Ciências, Ciências Humanas, Ciências Sociais, Economia Criativa, Capa, Ilustração, Projeto Gráfico,Tradução, Fomento à Leitura, e Livro Brasileiro Publicado no Exterior.
Criado em 1958 , o Prêmio Jabuti é o mais tradicional e prestigiado prêmio do livro do País, conferindo aos vencedores o reconhecimento da comunidade leitora do Brasil. Os critérios de avaliação são diversos e de acordo com cada categoria.
Alguns critérios apreciados pelo júri
Na categoria Poesia, por exemplo, os critérios apreciados pelo júri são domínio das técnicas do gênero para reafirmá-las ou subvertê-las; inventividade e sonoridade na relação entre forma e conteúdo; e interlocução com outros estilos e autores. Entre os finalistas nesta categoria, estão “Extraquadro”, de Ricardo Aleixo; “Risque esta palavra”, de Ana Martins Marques; “Algo antigo”, de Arnaldo Antunes; e “Até aqui”, de Lubi Prates.
Já na categoria Romance de entretenimento, os critérios apreciados pelo júri são desenvolvimento da ação e dos personagens; potencial de engajar o leitor; e originalidade na técnica narrativa. Entre os finalistas nesta categoria, estão “Porco de Raça”, de Bruno Ribeiro; “Quem me leva para passear”, de Elisa Lucinda; “O céu entre mundos”, de Sandra Menezes; e “O drible da vaca”, de Mario Prata.
Cerimônia de premiação
A 64ª edição do Prêmio Jabuti bateu recorde de inscrições com 4.290 livros inscritos. Nesta fase inicial, foram anunciados 10 finalistas por categoria. Na próxima etapa, dia 08 de novembro, serão conhecidos os cinco finalistas e, durante a cerimônia de premiação, serão anunciados os vencedores do Prêmio Jabuti 2022. A cerimônia ocorrerá no Theatro Municipal de São Paulo, no dia 24 de novembro, a partir das 20h.
Conheça os finalistas na categoria Romance Literário
A extinção das abelhas, Natalia Borges Polesso
“As pessoas vão embora, e isso é uma realidade.” Assim começa A extinção das abelhas, novo livro de Natalia Borges Polesso. Nele, conhecemos a história de Regina: depois de ser abandonada pela mãe, ela foi criada apenas pelo pai, que faleceu quando a garota começava a entrar na vida adulta. As vizinhas, Eugênia e Denise, cuidam dela como podem, oferecendo afeto, dinheiro e uma vida em família que lhe faz falta. O círculo se completa com Aline, filha do casal e amiga-irmã de Regina. Sua perspectiva de mudar de vida é diminuta. Ao ver um anúncio na internet sobre camgirls, Regina decide tentar a sorte. Então cobre a cabeça com uma máscara de gorila e encarna um lado seu que não conhecia.
A palavra que resta , Stênio Gardel
Neste primoroso romance de estreia, acompanhamos a trajetória de Raimundo, homem analfabeto que na juventude teve seu amor secreto brutalmente interrompido e que por cinquenta anos guardou consigo uma carta que nunca pôde ler. Aos 71 anos, Raimundo decide aprender a ler e a escrever. Nascido e criado na roça, não foi à escola, pois cedo precisou ajudar o pai na lida diária. Mas há muito deixou a família e a vida no sertão para trás. Desse tempo, Raimundo guarda apenas a carta que recebeu de Cícero, há mais de cinquenta anos, quando o amor escondido entre os dois foi descoberto. Cícero partiu sem deixar pistas, a não ser aquela carta que Raimundo não sabe ler ― ao menos até agora.
A pediatra, Andréa Del Fuego
O novo romance de Andréa Del Fuego, vencedora do Prêmio Saramago de literatura com o livro “Os Malaquias”, narra a história de uma pediatra (Cecília) que tem pouco apreço por crianças e zero paciência para os pais e mães que as acompanham. Porém a medicina era um caminho natural para ela, que seguiu os passos do pai. Apesar de sua frieza com os pacientes, ela tem um consultório bem-sucedido, mas aos poucos se vê perdendo lugar para um pediatra humanista, que trabalha com doulas, parteiras e acompanha até partos domiciliares.
É sempre a hora da nossa morte amém, Mariana Salomão Carrara
Em É sempre a hora da nossa morte amém, acompanhamos a história da septuagenária Aurora, encontrada desmemoriada e descalça na beira da estrada e procurando por uma certa Camila. Para uma amnésica, Aurora recorda-se de muito: da mãe que escovava seus cabelos até parecerem “uma peruca eletrizada”; do seu ato falho trágico religioso, de quando rezava na infância e dizia “agora é a hora da nossa morte amém”; dos anos em que deu aula de português em uma escola de riquinhos; da sua covardia perante a ditadura militar. entre outras recordações. Seriam essas lembranças reais ou ela decorou dos muitos livros que leu, protegida, dentro de casa, dos infinitos perigos que existem lá fora?
O som do rugido da onça, Micheliny Verunschk
O som do rugido da onça constrói uma poderosa narrativa que deixa de lado a historiografia hegemônica para dar protagonismo às crianças – batizadas aqui de Iñe-e e Juri – arrancadas de sua terra natal. Entrelaçando a trama do século XIX ao Brasil contemporâneo, somos apresentados também a Josefa, jovem que reconhece as lacunas de seu passado ao ver a imagem de Iñe-e em uma exposição. Em 1817, Spix e Martius desembarcaram no Brasil com a missão de registrar suas impressões sobre o país. Três anos e 10 mil quilômetros depois, os exploradores voltaram a Munique trazendo consigo não apenas um extenso relato da viagem, mas também um menino e uma menina indígenas, que morreriam pouco tempo depois de chegar em solo europeu.
Pequena coreografia do adeus, Aline Bei
Em seu segundo livro, Aline Bei ― vencedora do Prêmio São Paulo de Literatura, em 2017, com O peso do pássaro morto― constrói uma narrativa que fala sobre família, amor e abandono. No livro, acompanhamos a história de Julia, filha de pais separados: sua mãe não suporta a ideia de ter sido abandonada pelo marido, enquanto seu pai não suporta a ideia de ter sido casado. Sufocada por uma atmosfera de brigas constantes e falta de afeto, a jovem escritora tenta reconhecer sua individualidade e dar sentido à sua história, tentando se desvencilhar dos traumas familiares.
Uma tristeza infinita, Antônio Xerxenesky
Em Uma tristeza infinita, acompanhamos a história de Nicolas, um jovem psiquiatra francês, que é convidado para trabalhar na Suíça logo após o fim da Segunda Guerra Mundial. Junto da esposa Anna, ele se muda para um pequeno vilarejo, próximo ao hospital psiquiátrico onde vai trabalhar. O lugar, conhecido por seus métodos humanizados de tratamento, recebe internos de toda a Europa. Resistindo a prescrever tratamentos como o eletrochoque, Nicolas conversa com seus pacientes até que algo seja descoberto – tanto no inconsciente do doente quanto no do próprio médico. Assim, diversas feridas de guerra vêm à tona, em um jogo delicado que mistura confiança e loucura. Tendo como pano de fundo o contexto de desenvolvimento das primeiras drogas contra a depressão e outras doenças psíquicas. Antônio Xerxenesky constrói um romance tocante sobre os traumas, o passado e a possibilidade de ser feliz apesar do sofrimento.
Vista chinesa, Tatiana Salem Levy
Em Vista Chinesa, acompanhamos a história de Júlia: sócia de um escritório de arquitetura que está planejando alguns projetos na futura Vila Olímpica. A história acontece em 2014: período de euforia no Brasil, especialmente na cidade do Rio de Janeiro. Copa do Mundo prestes a acontecer, Olimpíadas de 2016 à vista. Tempo de esperança e construção. Júlia sai para correr no Alto da Boa Vista. A certa altura, alguém encosta um cano de revólver na sua cabeça e a leva para uma área baldia. É estuprada. Deixada largada e exangue na mata. Ela se arrasta para casa, onde o namorado e alguns familiares a esperam. O rosário de dor é descrito com crueza e qualidade literária poucas vezes vistas em nossa ficção. Trata-se de uma narrativa calcada no real que transforma o capítulo trágico na história de uma mulher em grande literatura.
Vozes de batalha, Marina Colasanti
Em Vozes de batalha, Marina Colasanti traz um delicioso retrato da sociedade carioca das décadas de 1920-40, tendo como ponto focal a intimidade do casal Henrique Lage e Gabriella Besanzoni. Ele, brasileiro e um dos maiores magnatas de nossa história, grande empreendedor e responsável por avanços significativos na infraestrutura do país em seu tempo. Ela, italiana e cantora lírica, contralto de enorme sucesso na Europa e na América Latina. Juntos, moldaram o círculo social e cultural da então capital do Brasil, vivendo naquele que hoje é um dos cartões postais mais emblemáticos do Rio de Janeiro: o Parque Lage, à época Quinta Gabriella, palacete construído por Henrique para sua amada. Marina, sobrinha-neta de Gabriella, mudou-se para o Brasil – e para o palacete – em 1948. Considera este livro “o cumprimento de uma promessa nunca feita”, seu “testemunho de gratidão” a essa impressionante mulher que foi Gabriella Besanzoni.
Vozes de retratos íntimos, Taiasmin Ohnmacht
A partir da contemplação de fotografias da família, a narradora-personagem de Vozes de retratos íntimos tece a trajetória da sua cor e do seu sobrenome, evidenciando como o racismo se encrusta na história brasileira. A reconstituição de memórias empreendida na obra, que traz traços autobiográficos, expõe as marcas sociais com que se deparam os brasileiros ao abrir um álbum de família em que está presente o corpo negro ao lado do corpo branco.
Conheça os finalistas das outras categorias:
https://www.premiojabuti.com.br/10-finalistas/
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