10 livros lançados em 2022 que você precisa ter na estante
Confira alguns livros lançados neste ano. A lista reúne obras de ficção e não ficção para todos os gostos.
Faltam poucos meses para o ano de 2022 acabar. Passou rápido, né? Mas foi um ano muito produtivo não só para o mercado editorial, como também para escritores brasileiros e estrangeiros, que tiveram a oportunidade de apresentar muitas novidades para o público leitor.
Com obras de ficção, não ficção e autoficção, os lançamentos de 2022 trazem à tona um mosaico representativo da produção literária hoje e refletem a diversidade da literatura contemporânea, com estilos, gêneros e temáticas diversas.
Entre os destaques, estão os livros “A vergonha”, de Annie Ernaux (vencedora do Prêmio Nobel de Literatura 2022) e “O livro dos mortos”, de Lourenço Mutarelli. O primeiro, entre a história pessoal e social, evidencia uma experiência traumática: Annie aborda um episódio de violência doméstica do pai contra a mãe quando tinha doze anos.
O segundo, misto de autoficção e narrativa insólita, narra o que o autor chamou de “autobiografia hipnagógica”, revelando uma escrita e imagens construídas em meio à insônia, na transição entre a vigília e o sono. Nesse livro, Mutarelli nos apresenta Pompeu Porfírio Júnior: um homem que ganha a vida contando histórias. Uma espécie de intermediário-inventor, que arquiteta mundos para que os ouvintes o habitem.
Outro destaque de 2022 é o novo romance de Jennifer Egan, escritora que ganhou o Pulitzer de Ficção 2011: “A casa de doces”. Nele, a autora revisita o aclamado “A visita cruel do tempo”, retomando vários personagens secundários daquela história a fim de abordar a influência da tecnologia no comportamento humano.
Então para aqueles que estão procurando lançamentos para ler ainda neste ano ou para compor a lista de 2023, selecionei dez livros incríveis para todos os gostos literários. Confira as novidades e encontre sua próxima leitura!
Corpo desfeito, Jarid Arraes
Em uma cidade do interior do Ceará, uma família vive uma sequência de abusos: avó, mãe e neta estão presas em uma teia complexa e violenta de abuso e negligência. A dureza das expectativas criadas e não cumpridas, do ciúme doentio e do desejo de absoluto controle estão presentes neste primeiro romance de Jarid Arraes. Ao retratar o cotidiano de Amanda, jovem de doze anos que mora sozinha com a avó desde a morte da mãe e do avô, Arraes cria uma narrativa envolvente e brutal sobre os traumas vivenciados e passados adiante. Amanda vai enfrentar desafios cruéis e dolorosos pelas mãos daquela que devia ser seu porto seguro, mas é também lá que a menina descobrirá o poder do primeiro amor e a força necessária para superar qualquer obstáculo.
A vergonha, Annie Ernaux
Com a linguagem cortante e desprovida de sentimentalismos pela qual ficou conhecida, Annie Ernaux inicia mais um capítulo do seu projeto literário, dedicado a investigar a própria existência em sua dimensão social. Ao se debruçar sobre um episódio de violência doméstica do pai contra a mãe quando tinha doze anos, a escritora põe em curso o doloroso processo de rememoração de uma experiência traumática, ao mesmo tempo que identifica nesse incidente a gênese de um sentimento que passaria a acompanhá-la para o resto da vida.
O livro dos mortos, Lourenço Mutarelli
Misto de autoficção e narrativa insólita, o novo romance de Lourenço Mutarelli narra a história de Pompeu Porfírio Júnior, que ganha a vida contando histórias: as pessoas lhe pagam para que sente ao lado delas e conte o que viveu. Como um intermediário-inventor, Pompeu arquiteta mundos para que elas os habitem. Ali, se apaixonam, se decepcionam, gozam e sofrem. Contudo, Pompeu tem seus demônios particulares e, ao ser denunciado ao tribunal da inquisição, passa a responder por crimes que não conhecia. Sem saber quem o acusara, o contador de histórias relembra sua vida e dela monta um caleidoscópio, revisitando, na companhia do leitor, desde a infância até a maioridade e ao infarto que quase o matou.
Estela sem Deus, Jeferson Tenório
Um pouco antes das eleições de 1989, a protagonista deste romance migra de Porto Alegre para o Rio de Janeiro. Entre as duas cidades, entre a infância e a adolescência pobres, acompanhamos a trajetória de Estela em meio a uma sequência de violências, faltas e desamparos a que ela, a mãe e o irmão são submetidos. Manifestando suas inquietações com a vida, as perguntas da jovem perscrutam seu mundo e as dores que carrega. Na relação ambígua com a família, nos embates entre religião e liberdade: a força da escrita de Jeferson Tenório surpreende mais uma vez nesta narrativa sobre crescer num país cruel e desigual.
Humanos exemplares, por Juliana Leite
Natália é uma mulher velha, muito velha, que passa os dias reclusa em seu apartamento à espera de telefonemas da filha que mora em outro país. Viúva e última sobrevivente de um grande grupo de amigos, ela carrega os seus queridos humanos como um buquê íntimo de desaparecidos, companhias invisíveis que povoam a casa a partir de suas memórias. Vicente, companheiro de Natália, era professor de geografia e foi perseguido pela ditadura. Sarah, sua melhor amiga, era uma mulher de temperamento impossível e dona de uma loja de biscoitos. Jorge, um morador de rua, lia cartas prevendo o futuro e recebia doses de Campari em troca. Natalia vive a solidão passeando entre a janela da sala e a mesa da cozinha, às vezes preparando torradas com geleia que a transportam para cenários vívidos em torno dos quais a vida acontecia. Ela sabe que existe mais novidade no que passou do que no presente ― e que, portanto, cultivar aquilo que ficou para trás é uma forma de se mover, ainda que parada. Trata-se de um romance sobre família e amor, sobre envelhecer e o tempo das ausências e da memória.
Dias que eu não esqueci, Santiago H. Amigorena
A descoberta da infidelidade da esplêndida mulher e atriz com quem convivia havia anos e com quem teve dois filhos leva o narrador a passar por múltiplas etapas do sofrimento e das dores da traição: um espectro de sentimentos que vai do desconforto e da dor à busca de si mesmo.
A Casa de Doces, Jennifer Egan
“A Casa de doces”, de Jennifer Egan, é uma espécie de continuação do aclamado “A visita cruel do tempo” (Pulitzer em 2011). Em seu novo livro, a autora retoma vários personagens secundários daquela história, a começar por Bix Bouton, um empresário de sucesso, conhecido por todos como um “semideus da tecnologia”. Mas, aos 40 anos, ele está exausto e desesperado por uma nova ideia. Até que se depara com um debate entre professores da Universidade de Columbia e descobre que um deles está pesquisando a “externalização” da memória humana. Em 2020, a nova e assustadora ferramenta de Bix, ‘Domine Seu Inconsciente’, já seduziu multidões. Mas nem todos se renderam aos seus encantos.
Conto de fadas , Stephen King
O novo livro do mestre do terror, Stephen King, é uma fantasia sombria que conta a história de Charlie Reade, um garoto que descobre o portal para um novo mundo, onde Bem e Mal estão em guerra. Charlie é um garoto comum, que após perder a mãe num grave acidente, precisa aprender a cuidar de si e do pai. Certo dia, ao pedalar pela rua de casa, o menino atende um pedido de socorro vindo do quintal de um dos vizinhos: Howard Bowditch. O homem recluso e rabugento, que amedrontava as crianças do bairro, cai de uma escada e se machuca gravemente. Enquanto Bowditch se recupera, Charlie passa a ajudar o vizinho. Quando Bowditch morre, Charlie se depara com uma fita cassete que revela um segredo inimaginável.
Via ápia, Geovani Martins
“Via Ápia” é o primeiro romance de Geovani Martins. Trata-se de uma narrativa que aborda os impactos da instalação da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) na vida dos moradores da Rocinha. A trama é dividida em três partes: a expectativa com relação à invasão; a ruidosa instalação da UPP; e a silenciosa partida da polícia e a retomada dos bailes funk que fazem o chão da favela tremer. Em capítulos curtos, que trazem perspectivas cruzadas, o narrador nos conduz pelas vidas dos cinco jovens protagonistas – suas paixões, amizades, dramas pessoais, ambições, frustrações, sonhos e pesadelos.
Uma temporada no inferno, Henrique Marques Samyn
Romance em fragmentos, “Uma temporada no inferno” dialoga intensamente com a vida e a obra de Lima Barreto e reconstitui um período no qual os discursos e as práticas eugenistas faziam convergir o racismo e a violência manicomial. Após a transferência dos internos do Hospício Nacional de Alienados, descobrem-se no prédio duas pilhas de anotações atribuídas a um paciente jamais identificado. A leitura dos fragmentos revela a história de um escritor que voluntariamente se internou no Hospício para seguir os passos de Lima Barreto, mas que conheceu um trágico destino ao tornar-se uma espécie de duplo do autor de “Triste fim de Policarpo Quaresma”.
E aí, gostou das dicas literárias ? Qual lançamento de 2022 você incluiria na lista?
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