A potência de Basquiat no cenário artístico mundial
Com mais de 80 peças, exposição sobre o artista americano estreia no CCBB do Rio de Janeiro. Acervo inclui quadros, desenhos e pratos pintados
Sinônimo de potência e transgressão, o americano Jean-Michel Basquiat é um dos principais nomes da arte mundial. Para homenagear o artista, o Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB) do Rio de Janeiro promove uma exposição entre os dias 12 de outubro e 7 de janeiro de 2019. A mostra reúne mais de 80 peças, como quadros, desenhos, pratos pintados e gravuras, e já passou também por São Paulo, Brasília e Belo Horizonte.
Nascido em 22 de dezembro de 1960, em Nova York, nos Estados Unidos, Basquiat era filho de um pai haitiano e de uma mãe com ascendência porto-riquenha. Sua relação com a arte começou cedo: aos cinco anos, desenhava personagens infantis e histórias em quadrinhos.
Curador da mostra, Pieter Tjabbes conta que, mesmo já consolidado como artista plástico, Basquiat preferiu manter os traços infantis em seus quadros. “Para ele, uma criança se expressa melhor do que quem conhece a técnica. Ele sempre dizia que sabia desenhar, mas que lutava contra isso”, explica o organizador, da produtora Art Unlimited, que é holandês radicado no Brasil.
A anatomia humana também foi uma das inspirações artísticas de Basquiat. Aos sete anos, ele sofreu um acidente de carro e ficou internado em estado grave durante um mês. Neste período, sua mãe comprou o livro Anatomia de Gray, de John Gray, publicado inicialmente em 1858. Os desenhos do corpo humano o impressionaram e, anos mais tarde, ele inseriu essas imagens nas obras.
Rebeldia
Desde criança, Basquiat mostrou-se uma pessoa hiperativa e rebelde. Na infância, ele foi transferido para uma escola que pregava um novo conceito de educação, onde as aulas eram dadas na rua, mais voltadas para a parte prática. “Ele começou a ser estimulado a ter uma visão mais ampla do mundo. Desde cedo, foi incentivado por seus pais a ser artista, mesmo que de forma indireta”, analisa Tjabbes.
Basquiat foi criado em Manhattan, na década de 1980, em uma época marcada por crises econômicas e sociais, além do surgimento do hip-hop. Aos 17 anos, o americano decidiu sair da casa dos pais e morar sozinho. No entanto, o curador da exposição ressalta que o artista nunca morou na rua.
“Ele não tinha uma residência fixa e dormia em ateliês ou na casa de amigos. Havia um momento propício para os jovens naquele momento. Os grupos ocupavam prédios abandonados e ficavam fora do controle dos pais, com maior liberdade. Foi uma época marcada pelo crescimento de uso de drogas e por expressões artísticas”, analisa.
Curiosidades
- Amizade com Andy Warhol
Um dos pontos cruciais da carreira de Basquiat é a amizade com o pintor americano Andy Warhol, principal nome da movimento de pop art. Os dois fizeram uma série de pinturas juntos, nas quais Warhol fazia projeções pintadas à mão, como imagens de um cachorro ou de uma cabeça, por exemplo. Nesta época, ele foi incentivado por Basquiat a voltar a pintar. Para o curador, a dupla tinha um jeito muito particular de dialogar como artistas.
- Artistas brasileiros na mostra
Em cartaz no Brasil há quase um ano, a exposição também homenageia os artistas brasileiros que se inspiraram em Basquiat. No térreo do CCBB, há um espaço para pinturas de 16 profissionais, como quadros e até mesmo geladeiras. Neste mesmo local, o público poderá interagir com cinco obras eletrônicas desses artistas.
- Racismo
Transgressor, Basquiat também fez severas críticas ao racismo em suas obras, principalmente no fim da vida. O curador reforça as dificuldades de ser um pintor negro na década de 1980. “Não era fácil, o preconceito era grande. A participação dos negros era mais na música”, completa.
- Vida curta e intensa
Livre do controle dos pais, Basquiat viveu intensamente, inclusive em relação ao sexo e ao uso frequente de uso de drogas. Ele morreu de overdose aos 27 anos, em 12 de agosto de 1988, em Nova York.
Ficou curioso para conhecer mais sobre a vida e carreira de Jean-Michel Basquiat? Selecionamos alguns livros sobre o artista americano e também sobre Andy Warhol, que foi fundamental na carreira dele. Confira!
A vida não me assusta, de Maya Angelou
A vida não me assusta, de Maya Angelou, reúne pinturas originais de Jean-Michel Basquiat. É um pequeno livro de arte para crianças valentes, que enfrentam fantasmas e meninos brigões da escola com a cabeça erguida. A obra foi publicada originalmente há 25 anos, mas é inédita no Brasil. Não importa qual obstáculo apareça no caminho, você sempre pode encontrar forças para superá-lo.
Hip-hop genealogia, de Ed Piskor
O quadrinho Hip-hop genealogia, de Ed Piskor, foi lançado no Brasil em 2016. A HQ relembra as origens do movimento hip-hop e suas vertentes, como o grafite. A obra cita ainda artistas que passariam a dominar a cena entre as décadas de 1970 e 1980, como Basquiat.
Basquiat – The unknown notebooks
Este é um dos livros raros de Basquiat. Na Estante Virtual, você encontra exemplares na versão em inglês. Neste caderno, escrito na década de 1980, o artista combina textos e imagens que refletem seu engajamento na contracultura do grafite e do hip-hop, em Nova York.
Desenhe, pinte e crie gravuras como os grandes artistas, de Marion Deuchars
Desenhe, pinte e crie gravuras como os grandes artistas é o terceiro volume da divertida série da ilustradora inglesa Marion Deuchars. O livro convida as pessoas a experimentar as técnicas artísticas de gênios como Salvador Dalí, Wassily Kandinsky e Andy Wharol. Destinada ao público infantojuvenil, a obra conquistou também os adultos por ir além dos livros de colorir. Ao intercalar lições de movimentos como surrealismo, pop arte e fauvismo, o livro ensina e diverte ao mesmo tempo.
Andy Warhol – O gênio do pop, de Tony Scherman e David Dalton
Não tem como falar de Basquiat sem conhecer o artista Andy Warhol. No mundo da arte, ele é a figura que mais dividiu (e conquistou) a crítica. Em mais de 500 páginas, o leitor é transportado aos bastidores da cena artística conduzida por uma nova estirpe de marchands e comandada pela figura cool de gola alta, peruca prateada e óculos escuros. O livro revela um Warhol impulsionado por anfetamina, obcecado pela aparência e com mania de telefone, mas que destruiu a arte com “A” maiúsculo e abalou o mito do autor.
O que é arte contemporânea?, de Jacky Klein e Suzy Klein
Neste livro, os principais temas da arte contemporânea são apresentados a partir das obras de mais de 70 artistas originários de diferentes partes do planeta. O que é arte contemporânea? é um convite para se conhecer esse universo extravagante e irreverente. Os leitores irão observar, explorar, questionar e aprender a partir do contato com a divertida e encantadora arte contemporânea.
A filosofia de Andy Warhol, de Andy Warhol
Neste livro, o artista Andy Warhol fala sobre beleza, amor, sexo, fama, dinheiro, sua infância na Pensilvânia e suas relações na Nova York, entre as décadas 1960 e 1970. A narrativa é construída sempre na perspectiva desinteressada de Warhol, que foi um dos maiores artistas do século XX.
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