Euclides da Cunha, o revelador da realidade brasileira
Euclides da Cunha é autor de um dos maiores clássicos da literatura nacional. Além de escritor, foi um jornalista que dedicou-se a revelar os povos e regiões negligenciados pela elite.
Euclides da Cunha foi um escritor desbravador, com atitude rebelde e inconformista em relação a desigualdade entre os homens e os povos. Em sua vida, buscou a interseção entre a ciência e a arte, a realidade e o lirismo e a poesia e a denúncia. Nascido no Rio de Janeiro em 20 de janeiro de 1866, estudou na Escola Politécnica e na Escola Militar da Praia Vermelha, tornando-se mais tarde um militar. Trabalhou nos primeiros anos do jornal O Estado de S. Paulo e em 1897 tornou-se jornalista correspondente de guerra, cobrindo alguns dos principais conflitos brasileiros, como a Guerra dos Canudos e a revolta liderada por Antônio Conselheiro.
Historiador por vocação, levou para a sua literatura as experiências vividas durante a Guerra dos Canudos, que se transformou em um dos maiores clássicos nacionais, o livro Os sertões. Além de narrar a revolta, Euclides faz uma denúncia poética sobre a incompreensão e a indiferença das elites brasileiras em relação aos problemas sociais, financeiros e ambientais das regiões Norte e Nordeste.
A obra foi tão notável, tanto para o público quanto para a crítica, que Euclides da Cunha foi eleito em 21 de setembro de 1903 para ocupar a cadeira 7 da Academia Brasileira de Letras. Os sertões é considerado uma das maiores obras que antecederam o movimento modernista, iniciado por Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Tarsila do Amaral.
A tragédia da Piedade
A morte de Euclides levou o apelido de “Tragédia da Piedade”, o título nasceu do episódio no qual o autor enfrentou o amante de sua esposa Anna de Assis, dizendo-se disposto a “matar ou morrer”. Em seu casamento, o autor aceitou os dois filhos que Anna teve com este amante, chamado Dilermando – um tenente 17 anos mais jovem do que ela. Confrontado, ele atirou e matou Euclides da Cunha. Apesar da tragédia, o tenente foi absolvido pela justiça militar da época e casou-se, mais tarde, com a ex esposa do autor.
Confira suas obras!
Os sertões, de Euclides da Cunha
Publicado originalmente em 1902, Os sertões marcou a literatura e a sociedade brasileira com a narrativa sombria e realista do autor, Euclides da Cunha. Como correspondente do jornal O Estado de São Paulo, Euclides presenciou de perto a Guerra de Canudos, no interior da Bahia, situação que deu para ele o aval de contar de forma poética a realidade do homem nordestino. Até hoje, Os sertões é requisitado para vestibulares, escolas e é uma das bases mais concretas do estudo da Sociologia, Geografia e História do Brasil.
À margem da história, de Euclides da Cunha
Antes de escritor, Euclides da Cunha era apaixonado por pesquisas, especialmente históricas. Este livro reúne alguns ensaios do escritor, onde se evidenciam sua disposição de colher os dados que compõem a história do Brasil.
Contrastes e confrontos, de Euclides da Cunha
A primeira edição de Contrastes e confrontos reuniu, em 1907, artigos de Euclides da Cunha publicados originalmente na imprensa. Esses textos compõem um retrato dos primeiros anos da República, no qual Cunha expõe sua visão a respeito de figuras históricas, como o marechal Floriano Peixoto, segundo presidente do Brasil, e de questões sociais que acompanham o país até hoje, como o descaso com as secas da região Norte e Nordeste.
O episódio de Canudos, de Euclides da Cunha
Euclides da Cunha interpretou o conflito de Canudos a partir de fontes orais, para afirmar o caráter quase apocalíptico e religioso do movimento. Baseando-se em poemas populares e em profecias apocalípticas, Euclides começa a criar a partir de O episodio de Canudos o que se transformaria na grande epopeia de Os sertões.
Ondas, de Euclides da Cunha
Euclides da Cunha também escreveu poesias, ensaios, crônicas e reportagens. Misturando ciência e arte, poesia e realidade, Euclides da Cunha trouxe para o centro de sua obra o homem do sertão brasileiro.