‘Wandinha’: conheça as referências literárias citadas na série
Wandinha Addams é uma das leitoras mais vorazes da ficção. Que tal conhecer as referências literárias citadas na série?
E aí, assistiu à série Wandinha, estrelada por Jenna Ortega? O spin-off da família mais sinistra de todos os tempos, a Addams, ocupa o segundo lugar do Top 10 Global da Netflix. A produção foi assistida em mais de 150 milhões de residências (1,02 bilhão de horas dividido por 6,8 horas de duração).
Desde o seu lançamento, a série Wandinha, dirigida e produzida por Tim Burton, é uma das produções mais populares da Netflix. Não só conquistou o público de todas as idades, como também foi indicada para duas categorias no Globo de Ouro 2023: “Melhor Série de Drama ou Comédia” e Jenna Ortega concorre como “Melhor Atriz”.
Veja o trailer :
Mistério investigativo e sobrenatural
Wandinha (Wednesday ), baseada na clássica série A Família Addams, narra a trajetória da gótica Wandinha – filha mais velha do casal Morticia e Gomez Addams – e as suas experiências como aluna da Escola Nunca Mais (Nevermore Academy) – uma instituição para seres sobrenaturais, como psíquicos, sereias, górgonas, lobisomens e vampiros.
Na trama, Wandinha Addams (Jenna Ortega) investiga uma onda de assassinatos que está atrelada ao passado de sua família. Trata-se de um mistério sobrenatural que aterroriza a cidade e a Escola Nunca Mais.
Criada por Alfred Gough, Miles Millar e Tim Burton, Wandinha (Wednesday ) conta ainda com Catherine Zeta-Jones, Luis Guzmán, Isaac Ordonez e Gwendoline Christie como parte do principal elenco.
Referências literárias
Nesse mistério investigativo e sobrenatural, temos inúmeras referências a filmes e livros de fantasia, terror , mistério etc. Em relação às referências literárias, uma das principais alusões é ao poeta gótico Edgar Allan Poe. A começar pelo nome da escola de Wandinha, “Nunca Mais” (Nevermore), que faz alusão ao poema de Poe, “O Corvo” (1845).
Na série, Poe é citado como um dos ex-alunos da escola, e há uma estátua em sua homenagem. Há ainda outras referências ao escritor, considerado um dos mais importantes nomes do gênero de terror.
Além de Edgar Allan Poe, há outras referências literárias, alusões às obras de Mary Shelley, Agatha Christie, Shakespeare, Robert Louis Stevenson, Maquiavel e Sartre enriquecem a narrativa e revelam não só as referências da personagem Wandinha, que é uma leitora voraz e escritora, como também de Tim Burton, que bebe nas águas da fantasia e do terror.
Que tal então ler os autores citados na série e ampliar o repertório de leitura? Selecionei alguns livros incríveis para você conhecer ou revisitar. Confira!
O corvo, Edgar Allan Poe
“A morte de uma mulher bela é, sem sombra de dúvida, o tema mais poético do mundo.” Assim Edgar Allan Poe justificaria a gênese de “O corvo”, poema publicado em 1845. Mas o que faz com que esses versos hipnotizantes sobre perda e desejo, escritos de modo tão calculado pelo mestre do terror há quase dois séculos, tenham merecido tantos elogios e tamanha controvérsia? Nesta edição, o leitor vai conhecer as traduções mais notáveis de “O corvo” para a nossa língua ― as de Fernando Pessoa e Machado de Assis ―, analisadas pelo poeta, tradutor e professor Paulo Henriques Britto, que também traduz três textos fundamentais de Poe sobre poesia (“A filosofia da composição”, “A razão do verso” e “O princípio poético”) e examina a faceta ensaística do escritor.
Frankenstein, Mary Shelley
Frankenstein é um marco do romance gótico, um clássico do romantismo inglês do século XIX que retrata, entre outros aspectos, a vida do cientista Victor Frankenstein, ávido por descobrir os segredos da vida e da morte. Para compor sua bem-sucedida experiência literária, Shelley costurou influências diversas, que vão do livro do Gênesis a Paraíso Perdido, da Grécia Antiga ao Iluminismo. Frankenstein, considerado o primeiro livro de ficção científica, faz sucesso arrebatador desde o lançamento em 1818, sendo assim, é anterior à obra de Poe, Bram Stoker ou H.G. Wells.
O Natal de Poirot, de Agatha Christie
Para a maioria das pessoas, o Natal é uma época de paz e harmonia, em que famílias se reúnem e deixam de lado suas diferenças em nome de valores como o amor e o perdão. Mas Hercule Poirot sabe quão mal essas confraternizações podem terminar. Acompanhado do coronel Johnson, nosso detetive belga é convidado a investigar um caso de assassinato ocorrido na mansão de um velho e odioso milionário, na véspera de Natal. Quem seria capaz de algo tão atroz, arruinando a noite de todos? Bem, aparentemente, cada membro da família tinha motivos bem particulares para tirar a vida de seu patriarca. Como Poirot encontrará o verdadeiro culpado no meio desse covil de lobos?
Hamlet , William Shakespeare
Um jovem príncipe se reúne com o fantasma de seu pai, que alega que seu próprio irmão, agora casado com sua viúva, o assassinou. O príncipe cria um plano para testar a veracidade de tal acusação, forjando uma brutal loucura para traçar sua vingança. Mas sua aparente insanidade logo começa a causar estragos – para culpados e inocentes. Esta é a sinopse da tragédia de Shakespeare. Mas a trama inventada pelo dramaturgo inglês vai muito além disso: Hamlet é um dos momentos mais altos da criação artística mundial, um retrato – eletrizante e sempre contemporâneo – da vida emocional de um Homo sapiens adulto.
O Médico e o Monstro, Robert Louis Stevenson
Poucos clássicos da literatura são tão conhecidos e adorados como O médico e o monstro. O romance foi um sucesso imediato de público e inseriu Robert Louis Stevenson no grupo seleto dos grandes escritores da literatura universal. Ao narrar as experiências de um médico que, numa “noite maldita”, tomou uma poção fumegante de coloração avermelhada e descobriu “a dualidade absoluta e primordial do homem”, o autor escocês criou uma história de suspense e horror, em que o perigo iminente não está do lado de fora, mas do lado de dentro, na parte obscura da alma.
Entre quatro paredes , Jean-Paul Sartre
Neste drama estão todos mortos e, ao contrário do que acreditavam, percebem que o inferno não é uma câmara de tortura, mas uma sala de estar ao estilo do Segundo Império francês. Lá eles irão – eternamente – espionar, provocar, tentar seduzir e, acima de tudo, dilacerar uns aos outros. “O inferno são os outros.” Essa é, certamente, a frase que pontua Entre quatro paredes, peça escrita pelo filósofo existencialista Jean-Paul Sartre em 1944 e publicada no ano seguinte. A ação se passa no inferno, mas não no inferno cristão ao qual estamos acostumados, com demônios, castigos físicos e outros estereótipos. Nele, o jornalista Joseph Garcin, a lésbica Inês Serrano e a fútil Estelle Rigault são levados a um salão sem janelas, iluminado todo o tempo. Ali, enclausurados, são condenados a uma “vida sem interrupção”, o que torna a sobrevivência insuportável. Confinados na eternidade, os personagens são seres atormentados pelos próprios fantasmas.
E aí, curtiu as dicas e as referências? Qual livro você incluiria nesta lista?
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