Centenário de Saramago: “se podes olhar, vê. Se podes ver, repara”
Há exatos 100 anos nascia José Saramago, único escritor de língua portuguesa a vencer o Nobel de Literatura.
“Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara”. Eis a epígrafe do livro “Ensaio sobre a cegueira”, de José Saramago, publicado em 1995. Nela, temos uma espécie de legenda da obra saramaguiana, que nos convida a iluminar e combater o obscurantismo que paira sobre as sociedades.
Fizemos dos olhos uma espécie de espelhos virados para dentro, com o resultado, muitas vezes, de mostrarem eles sem reserva o que estávamos tratando de negar com a boca.
José Saramago
Romancista, dramaturgo, contista, tradutor e poeta, José Saramago nasceu em 1922, na província do Ribatejo, em Portugal. Antes de se dedicar à Literatura, o autor exerceu diversas profissões, como serralheiro, desenhista, funcionário público e jornalista. Aos 25 anos, estreou na literatura com o livro “Terra do Pecado” (1947) – obra que já evocava a tradição realista-naturalista, tão característica do escritor.
Conhecido pelo seu estilo único, Saramago focou na temática social e na crítica política e religiosa. Em relação aos modos de construção, nota-se o uso estratégico da oralidade, técnica do fluxo de consciência, ruptura na sintaxe, intertextualidade e uso de metáforas e alegorias.
Pelo conjunto de sua obra, José Saramago recebeu, em 1998, o Prêmio Nobel de Literatura. Entre os livros do autor, estão Levantado do Chão, Memorial do Convento, O Evangelho Segundo Jesus Cristo e Ensaio sobre a Cegueira.
Para celebrar o centenário de Saramago, selecionei cinco livros para você conhecer ou revisitar a obra do autor. Confira!
O conto da ilha desconhecida, José Saramago
Em O conto da ilha desconhecida, um homem vai ao rei e lhe pede um barco para viajar até uma ilha desconhecida. O rei lhe pergunta como pode saber que essa ilha existe, já que é desconhecida. O homem argumenta que assim são todas as ilhas até que alguém desembarque nelas. Este pequeno conto de José Saramago pode ser lido como uma parábola do sonho realizado, isto é, como um canto de otimismo em que a vontade ou a obstinação fazem a fantasia ancorar em porto seguro. O livro é ilustrado por oito aquarelas de Arthur Luiz Piza.
Ensaio sobre a cegueira, José Saramago
Em Ensaio sobre a cegueira, acompanhamos uma terrível “treva branca” que vai deixando cegos, um a um, os habitantes de uma cidade. Com essa fantasia aterradora, Saramago nos obriga fechar os olhos e ver. Recuperar a lucidez, resgatar o afeto: essas são as tarefas do escritor e de cada leitor, diante da pressão dos tempos e do que se perdeu.
As intermitências da Morte, José Saramago
Depois de séculos sendo odiada pela humanidade, a morte resolve pendurar o chapéu e abandonar o ofício. O acontecimento incomum, que a princípio parece uma benção, logo expõe as intrincadas relações entre Igreja, Estado e a vida cotidiana.
Caim, José Saramago
Em Caim, José Saramago reconta episódios bíblicos do Velho Testamento sob o ponto de vista de Caim, que, depois de assassinar seu irmão, trava um incomum acordo com Deus e parte numa jornada que o levará do jardim do Éden aos mais recônditos confins da criação.
Levantado do Chão, José Saramago
Esta é a história dos Mau-Tempo, família de lavradores do Alentejo cuja trajetória, do início do século XX até a década de 1970, é contada com o arsenal dos melhores fabulistas e o olhar generoso dos grandes críticos sociais. É também a narrativa das mudanças que um país saudoso de poder e glória atravessaria ao longo do tempo; e da luta de muitos de seus cidadãos oprimidos para assegurar uma vida mais digna no campo e na cidade.
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Ler Saramago é algo i nesquecivel e único…certas pessoas não deveriam morrer Saramago é uma delas.
Evangelho segundo Jesus Cristo magnífico,as intermitência da morte que obra fantástica,realmente um dos maiores escritores da humanidade!
Um resumo sucinto e preciso, tanto da biografia do escritor quanto de algumas de suas obras. Uma análise que vai deixar com vontade de conhecer a obra do Saramago quem ainda não conhece, parabéns!!