[Resenha] Colson Whitehead e Os Caminhos para a Liberdade
Em The Underground Railroad: Os Caminhos Para a Liberdade, o romancista americano, Whitehead explora ficção e não-ficção através de relatos de ex-escravos americanos em fuga para o norte.
As questões raciais americanas são tão mal resolvidas quanto as nossas. Escravidão, abusos e segregação fizeram parte da construção dos Estados Unidos e deixaram profundas marcas na sociedade até hoje. É nessa cicatriz, que o escritor americano Colson Whitehead escreveu seu romance lançado pelo braço brasileiro da editora americana Harper Collins, que obteve seis prêmios literários, entre eles o Prêmio Nacional do Livro 2016 e o Prêmio Pulitzer 2017, ambos por Ficção.
Em The Underground Railroad: Os Caminhos Para a Liberdade, o autor explora uma metáfora existente no século XIX, quando existiu uma rede de pessoas brancas que ajudavam escravos foragidos a passar às terras de estados livres do Norte. A rede era conhecida como a ferrovia subterrânea. E foi ela que inspirou Colson Whitehead.
A história começa no estado sulista da Georgia, na Fazenda Randal, onde Cora uma escrava inconformista vive. Sua vida muda, quando ela aceita o convite de César para fugir rumo ao Norte. Antes, apenas sua mãe havia conseguido cruzar a fronteira da fazenda sem ser trazida de volta ou castigada. Agora era a hora de Cora.
A fuga acontece pelos místicos trilhos da estrada subterrânea. Uma fábula antiga sobre a rede de estações clandestinas unidas por um caminho-de-ferro que cruzava os Estados Unidos. Mas pouca coisa sai como o planejado. Cora e Caesar começam a ser caçados enquanto vão descobrindo os estados e outras formas de crueldade – em tempos de escravidão – ao mesmo tempo em que fogem de uma existência sem liberdade.
Whitehead explora diferentes formas de desumanização do corpo negro e de quem ousasse ter piedade. Desde o trabalho braçal na fazenda de algodão, a programa de esterilização de negros em estados progressistas e detalhes documentais brutais, como preços para captura de escravos. Esse é um passeio pela América, por quem ela é. E que por vezes tenta voltar com o reaparecimento de supremacistas brancos.
Logo que chegou às prateleiras americanas, Underground Railroad conquistou uma série de leitores com um realismo fantástico, ganhando elogios de importantes figuras públicas e do universo literário. Definido por Barack Obama como: “Incrível e poderoso”. Esse é o oitavo livro publicado pelo autor e ultrapassando 825 mil cópias vendidas no mundo. Oprah Winfrey escolheu a obra para seu clube do livro e agora, a história de Cora irá para a TV: Barry Jenkins, diretor de Moonlight, trabalha em uma minissérie para a Amazon Prime Video inspirada na obra.
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