14 Livros essenciais para estudar Psicologia
Mergulhe fundo no universo da Psicologia com essas obras.
A consciência humana sempre foi um mistério para a sociedade. Apesar de tantos estudos e teorias com base científica, pouco ainda se tem certeza sobre o cérebro e como ele age sobre a nossa personalidade. No entanto, algumas pessoas ousaram dar um mergulho profundo em nossa psique, como os psiquiatras Sigmund Freud e Carl Jung.
A Estante Virtual conversou com professores e coordenadores de diversas universidades do país, no intuito de conhecer melhor as suas linhas de estudo, além de saber mais sobre os livros utilizados em cada curso. Não importa se você é estudante, psicólogo ou apenas um amante da Psicologia, a lista abaixo vai te ajudar a compreender melhor todos esses mistérios.
Confira os 14 melhores livros de Psicologia!
Incógnito – As vidas secretas do cérebro, David Eagleman
Em Incógnito – as vidas secretas do cérebro, David Eagleman apresenta os mecanismos não conscientes do cérebro, que dirigem diversas ações cotidianas, à revelia da vontade humana.
História da psicologia moderna, Duane P. Schultz e Sydney Ellen Schultz
O tema central deste livro é a história da psicologia moderna, especificamente o período que se inicia no fim do século quando a psicologia torna-se uma disciplina separada e independente. Apesar de recapitular, de forma resumida, os pensamentos filosóficos anteriores, o livro concentra-se nas questões relacionadas ao estabelecimento da psicologia como um novo e distinto campo de estudo.
Princípios básicos de análise do comportamento, Márcio Borges Moreira
Esta é uma obra abrangente, ricamente ilustrada e com uma linguagem dinâmica sobre a psicologia comportamental. Os autores apresentam como lidar efetivamente nos mais variados campos de atuação da psicologia, proporcionando ao leitor uma visão global do comportamento humano. Este livro enriquecerá o profissional das mais diversas áreas: psicologia clínica, organizacional, esportiva, hospitalar, jurídica, escolar.
Microfísica do poder, Michel Foucault
Neste clássico de Foucaut, ele aborda o que chamou de arqueologia do saber dos modos de subjetivação, uma nova orientação para o estudo contemporâneo das ciências humanas e o pensamento sobre o poder individual que é exercido com as relações sociais.
O eu e o inconsciente, Carl G. Jung
Nesta que é, possivelmente, a mais famosa de Carl Jung, o psiquiatra aborda o difícil, perigoso, mas porém necessário relacionamento entre o ego (indivíduo consciente) e o inconsciente, explicando as maneiras do eu diferenciar-se do psiquismo coletivo no processo de individuação ao decorrer da vida.
Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais, Paulo Dalgalarrondo
Este livro tem utilidade prática para o estudante aprender a examinar de forma acurada o paciente, ajudando a identificar diversos transtornos psiquiátricos. é um livro de caráter didático que integra importantes áreas e conhecimentos psicopatológicos. A obra apresenta novos conceitos que vêm com os rápidos avanços da área e que, em parte, modificam as abordagens tradicionais.
Rápido e devagar, Daniel Kahneman
Em Rápido e devagar, Daniel Kahneman explica as duas formas pelas quais se desenvolvem o pensamento humano: uma é rápida, intuitiva e emocional; a outra, mais lenta, deliberativa e lógica. Além disso, o autor expõe as capacidades extraordinárias, os defeitos e os vícios do pensamento rápido e revela o peso das impressões intuitivas no processo de tomada de decisões.
O desenvolvimento da personalidade, Carl G. Jung
Em mais uma obra clássica de Carl Jung, o leitor poderá encontrar uma seleção de trabalhos do autor no qual ele retrata a psicologia infantil, a formação e a percepção de si mesmo (ego) e como se dá o desenvolvimento da personalidade humana, desde suas primeiras influências até a consolidação da mesma.
Inteligência Emocional, Daniel Goleman
Em Inteligência Emocional, Daniel Goleman apresenta o conceito de “duas mentes”, uma racional e a outra emocional, e apresenta como, juntas, elas moldam o nosso destino. A partir de exemplos marcantes, o autor descreve as cinco habilidades-chave da inteligência emocional e mostra como elas determinam o nosso êxito na vida, nos relacionamentos e no trabalho.
Gestalt-terapia, de Frederick Perl, Ralph Hefferline e Paul Goodman
Esta obra é considerada a base do tripé que segura todo o conhecimento sobre a técnica psicológica da Gestalt-terapia. Aguardada ansiosamente pela comunidade gestáltica no Brasil, foi publicada pela primeira vez em 1951 e reeditada em 1994 para resgatar os fundamentos teóricos sobre os quais o Gestalt se estrutura.
Obras completas de Freud – 3 Volumes, Sigmund Freud
A publicação das Obras Completas de Sigmund Freud prossegue com o quarto lançamento, o do vol. 18, que inclui os textos aparecidos entre 1930 e 1936, entre eles O mal-estar na civilização e Por que a guerra?, que é uma longa carta e aberta para Albert Einstein.
Ser e tempo, Martin Heidegger
Este é um clássico do filósofo alemão Martin Heidegger, que continua sendo fundamental para aqueles que pretendem conhecer e entender o ser humano de forma completa, em toda a sua complexidade e profundidade. A longa trajetória mental deste autor rendeu uma valiosa contribuição intelectual para a humanidade. Ser e tempo ultrapassa em muito uma simples obra de filosofia, ela navega nos oceanos da psicologia e da natureza do ser humano.
Desenvolvimento humano, Diane H. Papalia
O clássico traz dados e tópicos totalmente atualizados sobre as diferentes fases do desenvolvimento, da formação de uma nova vida ao inevitável momento da morte. Seguindo uma abordagem cronológica, as autoras Diane E. Papalia e Ruth Duskin Feldman apresentam os aspectos do desenvolvimento físico, cognitivo e psicossocial de forma didática e ilustrada.
Escuta psicanalítica: métodos, limites e inovações, Salman Akhtar
Partindo da descrição inicial de Freud sobre como um analista deve escutar, Escuta psicanalítica transita por diversos territórios históricos, teóricos e clínicos. Trata dos diferentes métodos de escuta, do potencial informativo da contratransferência e dos limites externos da nossa escuta analítica costumeira.
Indicaria mais algum livro sobre Psicologia? Deixe sua opinião!
Listazinha ruim. Não que não tenha livros bons (os citados Georges Canguilhem, Frederick e Jung são
muito bons), mas o essencial realmente não está ai.
Livros como:
. psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais (Dalgalarrondo) ajuda o estudante e o
profissional da área clínica e hospitalar
. história da psicologia moderna (Schultz) – porque sim, é importante e essencial e ajuda o futuro
profissional a se orientar melhor diante de tantas abordagens da psicologia
. princípios básicos de análise do comportamento (Moreira) – e não tem nada a ver com você ser
behaviorista ou não, é um livro tão básico quanto estudar os livros de Freud ou Jung; às vezes a pessoa é
de uma ou duas abordagens e exclui todo o resto como se não fosse nada
Só para citar alguns exemplos.
Bom, para iniciantes, além do já citado “história da psicologia moderna (Schultz)”, é bom
começar com “processos psicológicos básicos”, pois esta é a base da psicologia. Da mesma
maneira que “as 4 operações básicas estão para a matemática”, “os processos psicológicos
básicos estão para a psicologia”.
No entanto, normalmente conteúdos de processos psicológicos estão em livros com títulos como
“psicologia geral” ou psicologia para iniciantes”.
Então, você pode procurar por:
. introdução a psicologia geral (David Myers), é livro grosso com muita informação
. ou ainda “psicologia geral” (Elaine Maria Braghirolli), um pouco mais básico, mas muito bom para
iniciar, ela dá uma rápida visão do básico e a partir dele saberá se orientar para os próximos com o
objetivo a se aprofundar em temas como “fundamentos biológicos do comportamento”, “fundamentos
sociológicos do comportamento”, “personalidade”, “desenvolvimento humano”
Inclusive, falando em desenvolvimento humano, tem o famoso “desenvolvimento humano” da Papalia,
uma bíblia de 800 páginas. Mas caso queira começar por algo mais simplificado tem o “psicologia e
desenvolvimento humano” da Dinah Martins ou ainda o “atividade de linguagem, discurso e
desenvolvimento humano” de Jean Bronckart.
Tenha em mente que psicologia de verdade é isso: comportamento, linguagem,
inteligência, sentimentos e emoções, memória, sensação e percepção, aprendizagem,
pensamento, atenção, motivação, etc.
Estudando processos psicológicos básicos, desenvolvimento humano e fundamentos biológicos e sociais
do comportamento, você cria uma base firme em seus estudos de psicologia.
Fugiria, no começo, de livros, muitas vezes bonitinhos ou até indicações de faculdade como:
. “o livro da psicologia”, capa vermelha, é um livro muito bonito e traça uma linha
temporal. É um livro bonito de estante, mas de estudo é muito fraco para quem pretende se
tornar um psicólogo. É mais para mostrar para quem gosta de psicologia, mas não pretende
ser um profissional, pois o livro é bonito e todo ilustrado, mas as informações são rasas.
. outro que não recomendo no começo é o famoso “psicologias” da Ana Bock, nos cursos
de psicologia é vendido a ideia (em muitos, não todos) de que esse é um livro de
introdução à psicologia, mas não é verdadeiro isso. Ele de fato é um livro introdutório, mas
introdutório a psicologia socio-histórica. Então, se você tiver interesse nessa área socio-
história, é um livro bom para começar, mas se o interesse é a base da psicologia e não um
ramo da psicologia, este livro não é o ideal para começar.
Sobre a enrolação ou falação, infelizmente é uma realidade do curso. No meu tempo também foi assim. E
muito provavelmente, segundo seu relato e de outros, parece que não mudou muito. Ao me formar, eu não
sentia que estava pronto, sentia-me cru (como profissional).
Minha solução como recém-formado foi fazer um voluntário no último lugar onde fiz estágio
obrigatório do curso (isto é, fiz estágio, não me senti preparado, conversei com minha
orientadora do estágio, que era psicóloga, e pedi para continuar lá como voluntário). A ideia era
continuar trabalhando e ganhar mais experiências, competências e habilidades que não adquiri
ao longo de 5 anos, além, é claro, confiança.
Bom, não estou aqui exatamente para contar minha experiência, mas esta “solução” que tive, você
pode fazer agora, enquanto ainda está no 4o período do seu curso.
No seu caso, procure um estágio voluntário, de preferência algo que você já sinta interesse e vá
para aprender, aprender mesmo, pra valer. Tente manter esse estágio voluntário nesse ou em
outros locais (pode mudar para adquirir novas experiências) até o fim do seu curso. Acredite
vale mais fazer um estágio/voluntário num hospital e aprendendo como é que o psicólogo
hospitalar realmente trabalha do que fazer um curso extra (ou especialidade) em psicologia
hospitalar, por exemplo.
Digo isso, porque infelizmente, muitos alunos de psicologia, às vezes, tem pensamentos imaturos e
não valorizam as experiências de estágio e fazem só para conseguir horas de curso. Em outros
casos, o próprio curso não oferece suporte a estágios e o aluno mesmo que interessado não tem
nenhum tipo de orientação nesse sentido e se sente sem rumo.
Bom, sobre os livros de comportamento e psicanálise:
Na psicanálise:
. escuta psicanalítica: métodos, limites e inovações (Salman Akhtar)
. manual de técnica psicanlítica (David Zimerman)
Sem dúvida deve ter mais, mas sendo bem sincero, psicanálise tem mesmo que se aprofundar nos
fundamentos, então se quiser entrar na linha lacaniana, eu acho bem legal “fundamentos da técnica
psicanalítica: uma abordagem lacaniana para iniciantes” (Bruce Fink). Mas devem ter outros de
outras linhas psicanalíticas, ai vai do seu interesse por alguma abordagem em especial.
Já no comportamentalismo:
. princípios básicos de análise do comportamento (se já não o conhece), não tem como fugir
deste, é realmente bom para iniciantes e ele começa justamente com o básico. Embora ele tenha
sido uma apostila originalmente, às vezes ele pode ser um pouco prolixo, uma dica é fazer um
fichamento só com as partes das definições dos termos usados e exemplos de como são usados
(ajuda bastante em ter um material bem prático, enxuto e usual).
. Tem um outro, mais leve, mais teórico, mas mais direto: comportamento humano, análise,
compreensão e aplicação.
Uma coisa bem legal sobre aprender a respeito de comportamentalismo (behaviorismo), é procurar livros
sobre aprendizagem, pois a aprendizagem diz muito sobre como funciona o nosso comportamento.
Livros sobre aprendizagem:
Tem um bem simples que é “neurociência e educação: como o cérebro aprende”. O livro é
mais focado na aprendizagem e como a nossa mente aprende. Claro que você pode procurar outros
com esse tema de aprendizagem, há muitos.
Um livro especial, que merece o olhar de todo psicólogo e estudante é “o corpo fala: a
linguagem silenciosa da comunicação não-verbal”. Não é exatamente um livro de psicologia,
embora podemos ver diversas associações e outras nem tantas assim. Mas é possível aprender
bastante com este livro.
técnicas psicoterapêuticas
Acaso, no entanto, tivesse interesse em livros sobre especificamente técnicas psicoterapêuticas, talvez
seja interessante aguardar por disciplinas no seu curso sobre as mesmas.
Acredito que assim não atropela os conteúdos e quando chegar lá se sentirá mais preparada
para abordar o conteúdo.
Fundamentos biológicos do comportamento
Os fundamentos biológicos do comportamento, na psicologia tem o nome também de fisiologia aplicada à
psicologia (ou simplesmente psicofisiologia).
O livro “psicofisiologia” de Marcus Brandão é um bom livro para começar e se
aprofundar. Infelizmente, livros específicos dessa temática são mais salgados. Mas em
livros de psicologia geral, mais em conta, costumam, digamos, fazer a introdução nesses
temas.
Fundamentos sociológicos do comportamento
Já os fundamentos sociológicos, assim como os fisiológicos, em livros de psicologia geral o tema é
abordado de forma introdutória.
Mas caso queira algo específico, talvez já conheça o “psicologia social para
principiantes” do Aroldo Rodrigues, que apesar de ser “para principiantes”, ele é
fundamental e ajuda a entender esta área que é muito ampla. Então, começar por ele é
ótimo.
Mas caso queira algo mais avançado ou profundo, tem o “psicologia social” do Aroldo
Rodrigues também (que pode ser visto como complemento), e o também chamado de
“psicologia social” do Elliot Aronso, mais complexo.
Personalidade
Sobre personalidade, os livros entitulados “teorias da personalidade” são todos profundos ao mesmo
tempo que são prolixos (o que não significa que o conteúdo não seja bom, pelo contrário, são bons). Os
autores são Susan Cloninger, Jess Feist, Calvin, e Duane e Sydney Schultz.
Se quiser fugir um pouco, mas ainda dentro do tema personalidade: “desenvolvimento da
personalidade” (ai tem o do Flavio Fortes e o clássico do C. G. Jung que é uma
perspectiva bem interessante), e
o “a formação da personalidade” do padre Leonel Franca, que na verdade é voltado
mais para educação, mas é bacana de ver essa perspectiva também.
Dependentes químicos
Bom, para dependentes químicos, tem um livro chamado “dependência química” (Wagner Cunha). É
interessante por dois motivos: o primeiro, é que o autor está relatando sua experiência pessoal com
drogas; e segundo, é que o autor é psicólogo. Então, ele aborda dúvidas sobre cura (que é um tema muito
delicado na psicologia – apesar de muitos psicólogos falarem sobre o tema como se fosse um gripe e que
logo vai passar, sabemos que não funciona assim). E claro, ele está se referindo a cura do dependente
químico, os tipos de tratamentos que existem, os mais adequados, etc. E a questão importante sobre: o
dependente precisa ter vontade, é preciso criar essa vontade para que se consiga ter resultado.
Mas se quiser no estilo “passo a passo”, um dos mais conhecidos se chama “o caminho dos 12 passos”
(John Burns). O livro é bem mais direto e o autor vai falando sobre os 12 passos do tratamento até a
recuperação.
E se quiser algo mais técnico e profissional (não sei se depois o seu interesse indica se queres estudar
psicologia só por curiosidade ou se realmente pretende tentar se formar na área). Em todo caso, o livro é
“o tratamento da dependência química e as terapias cognitivo-comportamentais” (Neide Zanelatto
e Ronaldo Laranjeira). Apesar de ser um livro cognitivo-comportamental, não quero dizer que estou
induzindo a essa escola especificamente. Mas é fato que tratamentos cognitivo-comportamentais são
eficazes no tratamento de dependentes químicos.
O livro aborda os trantornos psiquiátricos desses pacientes (o uso das substâncias), fala da aplicação, o
que é eficaz, o que não é, o alcance da terapia, a abstinência (em diversos tipos de drogas, desde o tabaco,
álcool, etc.). É um livro realmente para o profissional ou quem pretende se tornar um, já que o foco é
auxiliar também no processo do diagnóstico do paciente, a melhor forma de atender o paciente, os
cuidados que precisa ter com ele (a questão da vulnerabilidade, carência, atenção, afeto – coisas
importantes que são, na maioria das vezes ignoradas).
temperamento, caráter, personalidade
E só por curiosidade, há um livro bem popular sobre caráter, se chama “mente, caráter e personalidade”
(Ellen White). É um livro na verdade cristão e fala desses conceitos sob essa ótica. Estou mencionando
ele por ser muito popular.
Mas caso queira algo, digamos, mais neutro em relação a isso, o livro da editora paulus “temperamento,
caráter, personalidade”, é um livro mais psicanalítico que faz a diferenciação desses três termos-títulos.
E se quiser algo realmente profundo, acho que até já mencionei ele acima, tem o “teorias da
personalidade” (James Fadiman e Robert Frager). Uma bíblia abordando o tema sob a ótica das
principais teorias e estudos sobre. Não é de fácil leitura, não por ser complexo (na verdade é um
bocadinho), mas por ser maçante. Há capítulos, devemos reconhecer, serem bem prolixos, como abordar
sobre os autores para então entrar na teoria que eles criaram, isto torna a leitura curiosa, mas cansativa.
psicanálise
Bom, eu não sou psicanalista e nunca utilizei as técnicas da psicanálise em meus atendimentos. Seria
muito pretensioso que eu diga algo assim. Mas converso com outros colegas de profissão e a tendência
que vejo é a seguinte:
. As maiores críticas sobre a psicanálise vem de estudiosos que não necessariamente atuam com a
psicanálise, mas existe toda aquela argumentação de que não há cientificidade na psicanálise e por
isso essa ideação filosófica.
. Dentre o grupo de psicanalistas. Aqueles que simpatizam com psicanálise clássica (freudiana),
obviamente a defendem. Aqueles que simpatizam com outras ramificações psicanalíticas,
reconhecem aspectos ultrapassados na clássica, mas não naquelas que eles mesmo simpatizam.
. Há ainda um terceiro grupo, dos que começaram apaixonados pela psicanálise, mas ao longo do
curso ou de experiências profissionais, acabou conhecendo outras abordagens e com o tempo
abandonou parcial ou definitivamente a psicanálise.
Ainda penso que a psicoterapia em si é uma ferramenta que ajuda a estabelecer um relacionamento com o
paciente. Esse relacionamento por si só já causa algum efeito ao paciente (que pode ser tanto positivo
como negativo), não há dúvidas quanto a isso. Considerando isso, as técnicas ou métodos psicanalíticos
podem ser duvidosos para quem não simpatiza com a mesma, mas não significa que não resultam em
algum efeito para o paciente. O que passa a estar em jogo não é se tem algum efeito ou não, mas a
eficácia desse efeito e como ele se dá.
O que sabemos é que o método é geralmente longo e que há diversos casos em que não é indicado (o que
é comum em todas as abordagens, algumas servindo mais para casos X e outras para Y), uma vez que, em
contrapartida, outras abordagens, além de serem mais indicadas, costumam apresentar resultados mais
rápidos e duradouros (haverá psicanalistas que defendem que são sim duradouros, mas até esse exato
momento desconheço trabalhos cientificos que mostrem esses resultados duradouros – há muitos trabalhos
textuais e aprovados por faculdades e universidades, mas o método científico não está presente ou é falho,
ou ainda incompleto).
O que penso sobre é que a psicanálise carece de estudos científicos para se estabelecer na atualidade e,
possivelmente, atualizar-se. Diferente de outras abordagens, a psicanálise já definiu seus autores
permanentes, enquanto outras abordagens, estuda-se os clássicos, mas reconhecem em que ponto ele
parou e novos autores surgem apresentando novos pontos de vista. Não há muito disso na psicanálise
(veja que a maioria dos livros psicanalíticos são sempre revisões de Freud, Jung, etc., algo como “o que
Freud quis dizer com isso?”, “entenda o que são os arquétipos” e dificilmente vemos algo diferente disso –
enquanto que livros ou estudos de novos autores que não sejam reproduções do que Freud já disse ou são
ignorados por não conseguirem sobrepor a sombra do seu criador ou são irrelevantes a ponto de serem
ignorados). Sendo que muitos psicanalistas atuais reconhecidos são exatamente os mesmos que
perpetuam Freud e outros clássicos psicanalistas. Não há nada de errado você citar um autor clássico, de
qualquer abordagem, mas quando você só consegue citar os clássicos e não apresenta nada muito atual, é
algo que precisa ser observado.
Então, a psicanálise é sim de grande contribuição, mas está estacionada faz muitas décadas (na verdade já
se passou um século). Ela atrai muitos estudantes iniciantes antes mesmo de entenderem o que é e como
funciona o método científico, esses estudante já sabem e conhecem todos os trabalhos de Freud e se
apaixonam por ele e pelos seus trabalhos. Muito disso vem de influência de professores de faculdades,
que também são apaixonados por psicanálise e fazem questão de perpetuar esse seguimento.
Considero ainda que o psicólogo lê pouco e muito mal, a maioria não sabe determinar com precisão o
método científico e nem reconhecer a existência ou ausência dele num artigo (a maioria considera que:
“isso é um artigo científico, logo é científico”, mas são incapazes de perceber ou entender se o artigo
realmente é válido ou não).
A verdade é que nossa psicologia está pautada no que o conselho determina e vemos mais
“bandeiras” sendo erguidas do que trabalhos científicos (até os trabalhos científicos aprovados em
faculdades, tem como pano de fundo defender bandeiras sociais). Note, não acho errado que, como
indivíduo, seja a favor desta ou daquela bandeira, todos temos direitos livres de ser a favor ou
contra ao que quisermos, mas não é papel da psicologia ser ativista, o papel da psicologia é ser
ciência. A psicologia no Brasil é, hoje (desde o início deste século), uma psicologia sócio-histórica
que tem como objetivo principal lutar pelas bandeiras determinadas pelo conselho. Isto é tão
verdadeiro que em faculdades o livro para iniciantes costuma ser “psicologias” da Ana Bock, um
livro de introdução a psicologia sócio-história e não de introdução a psicologia em si.
Sobre abordagens é um tema que não era para ser difícil, mas infelizmente se tornou delicado.
Eu penso que primeiro o estudante ou formado deve se encaminhar para uma abordagem que ele queira
dominar. Depois, partir para outras abordagens e perspectivas se for do interesse do estudante.
Na psicologia existe um discurso perpetuado por professores, conselho de psicologia e profissionais
formados que diz “não existe uma abordagem certa ou errada”. Eu particularmente discordo disso, uma
vez que uma abordagem não funcione ou apresente resultados pífios, logo ela é a abordagem errada,
considerando que há outras cujos resultados são mais satisfatórios.
O que costuma ocorrer, é que muitas vezes o atendimento do profissional foi muito bom, muito empático,
muito atencioso e todos esses pontos fez a pessoa se sentir muito bem. O psicólogo logo conclui que a
abordagem dele funciona, mas na verdade foi o seu comportamento que proporcionou o sentimento de
bem-estar. Uma coisa que, infelizmente, muitos psicólogos ignoram: a qualidade do atendimento. Nós
sabemos que na psicoterapia o rapport é um fator essencial, independente da abordagem praticada. Nada
adianta, por exemplo, você ser de comportamental e a pessoa não se sentir a vontade com você. É
possível ter um erro de percepção e achar que é a abordagem que não funciona.
Mas, sim, aprender outras abordagens, pode mesmo abrir suas opções e possibilidades.
Sobre usar um pouco de cada, não é bem assim. Deve-se ter o domínio de duas ou mais (se for do
interesse). Usar as técnicas de cada abordagem vai depender do resultado que elas conseguem extrair,
sempre considerando a melhora ou adesão da pessoa (afinal, não há motivos de insistir em uma técnica,
por melhor que digam que seja, se estamos vendo que não está dando resultado).
No entanto, geralmente o uso de outra abordagem além inicial é mais quando já se sabe que determinada
abordagem não tem bons resultados para casos X, e que outra abordagem é reconhecida como mais
eficiente nesses casos X.
É importante verificar, antes de sair estudando as centenas de abordagens, qual é a sua demanda. Isso
ajuda a evitar aprender conhecimento morto (que não vai te servir para nada).
Lembrando que estou falando somente de abordagens psicológicas, outras abordagens que costumam ser
adotadas por psicólogos e que não são psicológicas, não entrou no tema da minha resposta (creio ser um
assunto mais delicado ainda).
psicologia positiva
Livros:
Livros de psicologia positiva podem ser bem suspeitos mesmo, visto que o mais famoso deles é
“felicidade autêntica” de Martin Seligman (chamado em diversos sites de “o pai da psicologia
positiva). A sensação de estar lendo um livro de autoajuda e não um livro de psicologia é bem grande,
uma vez que o público alvo do livro não são psicólogos. E nada contra livros de autoajuda, acredito que
eles podem ser bastante úteis se bem utilizados, mas definitivamente autoajuda não é psicologia.
No entanto, eu não recomendo se prender muito em autores. Isso ajuda a olhar coisas diferentes do
popular.
Livros de psicologia positiva, creio que é sempre bom focar em livros que tentam abordar de forma mais
científica (e não de “oba-oba é ciência da felicidade”, etc.), e voltados para psicólogos, assim, evita
alimentar conceitos falsos disfarçados de ciência. Então, focar em livros mais práticos pode ser mais
interessante. A psicologia positiva não é nova, mas a explosão dela, principalmente no Brasil, é bem
recente. Então os livros que eu daria olhada:
. avaliação em psicologia positiva (Claudio Hutz)
O livro fala de avaliação, mostra escalas de autoestima, bem-estar, afeto e faz explicações de como aplicar
no seu trabalho. Acho que este pode ajudar um pouco mais sobre como funciona na prática.
. psicologia positiva – uma abordagem científica e práticas das qualidades humanas (Snyder C. R.)
Aqui é colocado a psicologia positiva como promoção de saúde, o que é comum na maioria dos livros
desse tema. Mas no livro ele faz uma revisão bibliográfica que ajuda a compreender os princípios da
abordagem. Ele dá uma enfeitada, uma exagerada, mas é bem interessante.
. psicoterapia positiva: manual do terapeuta
O livro faz uma explanação da parte teórica logo no começo, mas também fala da prática e os processos e
mecanismos de mudanças segundo a psicologia positiva. Uma coisa bem legal no livro é que ele traz
sessões de psicoterapia positiva, assim podes ter uma noção de como é a aplicação.
. psicologia positiva aplicada à psicologia clínica
Seguindo a linha da indicação anterior. Aborda diversas temáticas em situações como depressão,
ansiedade, estresse, problemas pessoais, dificuldades no trabalho, desemprego, pânico, etc.
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https://blog.estantevirtual.com.br/2017/07/11/14-livros-essenciais-para-estudar-psicologia/
A Psicologia se descolou da Filosofia desde finais do século XIX. Boa parte dessas obras são importantes ensaios de filosofia, tangenciam a Psicologia. Foucault e seus discípulos, seu neo-estruturalismo, são boas referências para uma crítica do pensamento clínico. Crítica filosófica, muitíssimo descolada do contexto real. Inclusive já com suficientes estragos para relativizar sua contundência. Impressionaram e fizeram muito barulho nas décadas finais do séc. XX mas suas consequências práticas foram desastrosas. São leituras paralelas, jamais essenciais.
Não sou psicólogo de formação, mas sei que essa lista prende um pouco a psicologia á sua mãe filosofia. Com certeza, para conhecer a ciência da psicologia hoje, é preciso ampliar a rede de autores e obras.
Sigmund Freud e Carl Jung não eram psiquiatras! :/
Realmente muito limitada. Achei que limita a Psicologia ao campo filosófico. Contribui para a expansão do conhecimento mas pouco para a atuação. Vamos lá para mais alguns autores:
Lacan
Klein
Winnicot
Fiorini
Zimerman
Bion
Sílvia Lane
Wanderley Como
Bleger
Rollo May
Vogotsky
Marilena Chaui
Mezan
Sem falar na abordagem comportamental e cognitiva que não é minha área. Mas faz parte do enredo e tem sua contribuição
Lista maravilhosa e seguindo bem a linha filosófica da Uff. Amei!
Uma pena que em uma lista reduzida de livros sobre psicologia (14) apenas quatro livros sejam de psicologia. Os demais são todos ótimos livros, não há representantes da psicologia comportamental, somente Perls no vasto campo da psicologia humanista, nem Piaget nem Vigotskii… Sei que a lista é pequena mas apenas quatro livros de psicólogos é estranho.