Estante Resenha: A morte do pai, de Karl Ove Knausgård
O relato sincero de um dos grandes autores da atualidade Sinopse: Uma noite de ano-novo e rebeldia, regada a cervejas vedadas aos menores, um amasso nauseante na primeira namorada, um show fracassado com a banda de punk no shopping center. Em A morte do pai, primeiro romance da série autobiográfica Minha Luta, Karl Ove Knausgård se concentra em narrar os anos de sua juventude. Ao embarcar numa investigação proustiana e incansável do próprio passado, o narrador busca reconstruir, sobretudo, a trajetória do pai, figura distante e insondável que entra em declínio e leva o núcleo familiar à ruína. Honesto e sensível, Knausgård investiga também o próprio presente: aos 39 anos, pai de três filhos, ele deve se ajustar à rotina em família, trocar fraldas e apartar brigas, tudo isso enquanto tenta escrever seu novo romance, numa luta diária. Neste livro meio autobiográfico meio romance, um dos fatores que mais impressiona é o modo como o autor fala sobre a escrita enquanto desenvolve a própria obra. O livro que o personagem está escrevendo e o que estamos lendo andam juntos. Tudo sem ser forçado e sem precisar ser didático, diferente de como a maioria das obras que seguem o mesmo caminho fazem. Incrível. Um dos melhores momentos do livro é a análise a respeito da diferença entre compreensão e sabedoria:
Compreensão não deve ser confundida com sabedoria, pois eu não sabia quase nada.Certamente, o leitor ficará impressionado com a angústia do protagonista, reflexo claro de uma relação conflituosa com o pai. O personagem é completamente paradoxal, assim como o livro que está escrevendo. E, da mesma forma que ocorre com os sentimentos, há uma confusão quanto à sua memória. Os fatos são criação da cabeça de Karl Ove Knausgård ou 100% verdade? Aliás, isso não é o que acontece com todos nós? Leia trechos marcantes de A morte do pai.
A única coisa que não envelhece no rosto são os olhos. Tem o mesmo brilho no dia em que nascemos e no dia em que morremos. Quando sabemos muito pouco, é como se esse pouco não existisse. Quando sabemos muito, é como se esse muito não existisse. Escrever é retirar da sombra a essência do que sabemos. É disso que a escrita se ocupa. Não do que acontece aí, não das ações que se praticam aí, mas do aí em si. Aí, é esse o lugar e o propósito da escrita. Mas como chegar a ele? Sentimentos são como água, sempre adquirem a forma do meio que os circunda. Nem mesmo o pior luto deixa vestígios, se é esmagador e dura muito tempo, não é porque os sentimentos congelaram, isso eles não conseguem fazer, mas porque não se mexem, como a água estagnada de um charco.A morte do pai é o primeiro volume da série de seis livros do autor. No Brasil, já foram publicados quatro deles. Confira! [caption id="attachment_23360" align="aligncenter" width="200"] Clique na imagem e confira na Estante Virtual[/caption]
[caption id="attachment_23361" align="aligncenter" width="200"] Clique na imagem e confira na Estante Virtual[/caption]
[caption id="attachment_23359" align="aligncenter" width="200"] Clique na imagem e confira na Estante Virtual[/caption]
[caption id="attachment_23362" align="aligncenter" width="200"] Clique na imagem e confira na Estante Virtual[/caption]
Descubra na Estante Virtual a obra completa do autor. Qual sua obra preferida de Karl Ove Knausgård? Compartilhe e participe da conversa.]]>