Abrindo um sebo (1)
Os primeiros sebos surgiram na Europa, ainda por volta do século XVI, quando os mercadores começaram a vender documentos importantes a pesquisadores da época. Mas, séculos depois, os sebos se popularizaram e tornaram-se conhecidos por disponibilizar uma oferta mais ampla de autores e títulos que as livrarias tradicionais e a preços bem mais acessíveis ao bolso da população. Hoje, além disso, os sebos brasileiros se organizaram, ampliaram seus acervos com a aquisição de livros seminovos e novos e se modernizaram, passando a vender livros também pela internet desde a criação da Estante Virtual. Como qualquer empreendimento, a venda de livros seminovos e usados pode ser uma atividade muito lucrativa, mas requer dedicação e desenvoltura para lidar com os desafios inerentes à qualquer atividade comercial.
Há muitos anos Léa Valentim Bandeira alimentava o sonho de abrir um sebo em sua cidade. “Aqui em Paty de Alferes (RJ) não existe nenhuma livraria. Temos uma boa biblioteca pública mas o único local que vende livros é uma papelaria evangélica”, explica a livreira de 48 anos e também professora do Ensino Fundamental. Com um acervo inicial de 500 livros de sua biblioteca pessoal, Léa alugou uma casa com dois quartos e deu início à construção de seu sonho: o Livros, Café e Cia. “As pessoas gostaram da ideia e foram me ajudando com doações. Hoje, seis meses após a abertura do sebo, possuo um acervo de 8.000 livros”, revela a empreendedora.
Já a ideia de montar a livraria Viajantes do Tempo, localizado no bairro Tucuruvi, em São Paulo (SP), surgiu da vontade do jovem livreiro Pietro Augusto Zanetti, 20 anos, de mudar o conceito de sebo como lugar bagunçado e de livros ultrapassados. “O sebo Viajantes do Tempo iniciou suas atividades em abril de 2010 com uma quantia aproximada de 1.000 livros, 200 cd’s, 1.000 dvd’s e 2.000 lp’s. Após um ano de existência, praticamente quadruplicamos esse estoque”, revela Pietro.
O dia-a-dia no sebo
As rotinas diárias de um sebo variam muito de acordo com o tamanho do empreendimento, do quanto é investido em suas atividade e do lucro que se deseja obter. Mas, em tese, as tarefas básicas são as mesmas: limpar e organizar. “O cadastramento de produtos é algo frequente. Ocorre quase todos os dias já que sempre chegam livros de editoras e distribuidoras”, explica Pietro. Por isso, para um sebo funcionar com rendimento total Léa acredita que é preciso, no mínimo, duas pessoas trabalhando na loja. “Enquanto uma cuida das tarefas administrativas, financeiras e de controle de estoque, como o cadastramento dos livros, a outra volta esforços no atendimento ao público”, afirma a livreira.
A escolha do acervo
Ter bons títulos à disposição dos leitores é um dos principais quesitos para o sucesso e a permanência do empreendimento. Em um sebo, vender bem é o mesmo que comprar bem. “Em geral, o que deve ser observado é o tipo de público da região na qual a loja está localizada. Se há escolas por perto, por exemplo, títulos que constem nas listas de vestibulares como O Cortiço, de Aluísio Azevedo e Vidas Secas, de Graciliano Ramos são fundamentais”, exemplifica Pietro. Foi pesquisando os hábitos de leitura da população local que Léa decidiu investir nos livros sobre religião. “É importante observar a preferência local. Os livros que mais saem na loja são os religiosos: evangélicos e espíritas”, revela.
Mas conseguir bons fornecedores não é fácil. “A procura é cansativa. Sempre existem vendedores oferecendo lotes de livros, cd’s, lp’s, gibis e dvd’s, mas o preço muitas vezes não vale a pena. O segredo, então, é procurar bastante, garimpar mesmo”, enfatiza Pietro. Para isso, além de anúncios nos jornais e parcerias com editoras e distribuidoras, os sebos vão sempre encontrando outras formas de ampliar seus acervos. “Além dos cartõezinhos que distribuo, o boca-a-boca é o que mais me ajuda a conseguir livros novos para o acervo da loja”, conta Léa.
O importante, então, é que o livreiro tenha sensibilidade para identificar livros que terão fácil revenda. Para minimizar os riscos financeiros e evitar o encalhe de estoque, uma opção usada em alguns sebos é a compra por consignação. Nesta modalidade, as pessoas deixam seus livros na loja e caso o produto seja vendido, o ex-dono do livro é remunerado com um percentual sobre a venda.
A decisão pelo ponto
Além da escolha do acervo, a localização da loja também é determinante para o sucesso do negócio. Portanto, além de determinar o perfil dos consumidores locais, é preciso considerar a densidade populacional da região, a concorrência, os fatores de acesso e locomoção, a proximidade com os fornecedores e a segurança do local. “Regiões em que existem muitas escolas e grande circulação de pessoas são mais vantajosas”, garante Pietro. Léa concorda: “livros precisam de exposição. Por isso, o melhor local para abertura de um sebo é onde o trânsito de pedestres é intenso”. Mas apostar no volume de clientes em potencial não é suficiente. “É importante observar também o desenvolvimento socioeconômico da região, assim como alguns facilitadores: estacionamento, caixas-eletrônicos, bancos e supermercados próximos. Tudo isso chama o público de outras regiões para a loja”, enfatiza Pietro. Lojas próximas a universidades, centros de ensino, centros culturais e locais onde ocorrem feiras podem representar um grande diferencial estratégico.
No caso de Léa, apesar da loja estar no centro da cidade, o local é de difícil acesso. “Como meu sebo fica em um beco, estou providenciando placas de sinalização a serem colocadas em lugares estratégicos para divulgação da loja”, revela a livreira. Para evitar esses desafios, antes de escolher a localização da sua loja, realize algumas pesquisa de mercado para avaliar a demanda do lugar e também a concorrência. A prefeitura, o IBGE e associações de bairro podem ser fontes valiosas para obter informações do mercado-alvo. Alguns detalhes também devem ser observados no imóvel que dará lugar à loja. Verifique se ele atende a todas as necessidades operacionais do negócio, se oferece serviços de água, luz, esgoto, telefone e internet. Se é um local de fácil acesso e conta com serviços de transporte coletivo nas redondezas. Se o imóvel está legalizado e regularizado junto aos órgãos públicos municipais. E se todas as contas do imóvel se encontram em dia.
Gostou? Então não deixe de comentar esse post. E aguarde a segunda parte da matéria “Abrindo um sebo”. Nela iremos dar dicas para criar um diferencial competitivo para seu sebo.]]>
Ótima matéria.
Bom dia!
Ótimas dicas
Excelentes dicas principalmente para quem esta começando…
Excelente!
Minha cidade tem quarenta mil habitantes e não abriga nenhuma livraria. Será que isso torna um sebo viável?
Excelente matéria! Algumas dicas citadas são de grande valor! Parabéns!
Muito legal esta matéria!!
Achei ótima essas dicas, obrigado foi muito esclarecedor e nos ajudou muito a nos direcionar.
Ótimas dicas. Vão me ajudar muito.
Muito bom.
Adorei a matéria, me ajudou muito. Obrigada!
Ótimas dicas.