Feriadão Literário – Dicas e sugestões para você mergulhar no universo dos livros
Livros para entender o mundo O Capital no Século XXI, de Thomas Piketty Já diziam as filósofas baianas da escola econômica do Bom-xibom-xibombombom: “analisando essa família hereditária, quero me livrar dessa situação precária (…) a verdade todo mundo já conhece: o de cima sobe e de baixo desce”. Thomas Piketty, professor na Escola de Economia de Paris, não é um nome tão conhecido no circuito do Farol da Barra, mas publicou uma obra fundamental para quem quer entender a desigualdade social no novo milênio. O livro, apesar de amplamente aclamado e influente, também é polêmico em suas ideias de aumentar os impostos dos ricos para compensar o abismo entre as classes sociais. Como tudo que tem a ver com orientação política, Piketty tende a ser mais bem aceito pelo pessoal que já achava que As Meninas tinham razão. Ainda assim, é uma leitura útil e necessária para quem quer ir além dos memes de Facebook nas suas discussões politizadas. Tudo ou nada, de Malu Gaspar Eike Batista é o cara. Ou o Kara. Aliás, era. Ascensão e queda do ex da Luma são registradas nos mínimos detalhes nesta obra da jornalista Malu Gaspar. Afinal, como o homem mais rico do país perdeu toda sua fortuna? Como vive um ex-bilionário? E aquele topete? É de verdade? Tudo isto e muito mais em Tudo ou nada , o livro que vai direto ao X da questão (tudummm-tsss). Sem lugar para se esconder, de Glenn Greenwald Nada mais desagradável do que gente fuxiqueira. Imagine então um país inteiro cuidando da vida dos outros? Esse Big Brother das trevas saiu da ficção científica e virou pesadelo da vida real quando Edward Snowden, ex-integrante da NSA, a agência de segurança americana, resolveu vazar os documentos que comprovam que os espiões americanos estão de olhos e ouvidos bem atentos nos negócios de todo mundo. No livro escrito pelo jornalista Glenn Greenwald, Snowden conta como e por que resolveu abrir o bico, e como isso o levou a passar umas férias compulsórias num aeroporto na Rússia. É como um conto de horror, só que, no lugar do Freddy Krueger, quem está à espreita na sua conta do Google é o Obama. Arrepiante. A ditadura envergonhada, de Elio Gaspari Por falar em arrepios, os protestos e panelaços dos últimos dias foram pontuados pelo surgimento de uma ou outra pessoa saudosa da ditadura militar. É verdade que a memória é seletiva e nostalgia tem um impacto estranho na nossa percepção de passado. Durante três décadas, o jornalista Elio Gaspari reuniu documentos e fez uma exaustiva pesquisa sobre o governo militar no Brasil. O resultado foi um conjunto de quatro volumes que compõe uma obra sobre a história recente do país. O primeiro deles, A ditadura envergonhada, é a singela história dos primeiros anos após o golpe de 1964, quando os militares ainda estavam tímidos no emprego da palavra “ditadura” como seu modelo administrativo. Com a invenção do AI-5 em 1968, eles pensaram: “gente, pra que fingir, né?” Os outros títulos da coleção são: A ditadura escancarada, A ditadura derrotada e A ditadura encurralada. Em todos eles estão os top hits do regime, como os relatos de tortura e a violência como forma de réplica política. Além de uma leitura envolvente e esclarecedora, é um ótimo presente para aquele seu tio que adora fazer discurso sobre “os bons tempos” na mesa de domingo. A Fênix Islamista: o Estado Islâmico e a reconfiguração do Oriente Médio, de Loretta Napoleoni Não importa se você Je suis Charlie ou Jamé suis Charlie. Uma coisa é certa: parece que o Oriente Médio foi criado para fundir a cuca do ocidente. A expert em terrorismo Loretta Napoleoni mostra que, por mais que a mídia teime em retratar o Estado Islâmico como uma torcida organizada de turbante, o buraco é bem mais embaixo. Não se trata mais de conquistar o Oriente Médio, a Ásia e mais 24 territórios à sua escolha. “O Estado Islâmico não é apenas mais uma rede terrorista, mas um inimigo implacável”. Uma leitura bem relaxante para o seu feriado.
Livros para entender a Estrada
De moto pela América do Sul, de Ernesto Che Guevara Che Guevara era um jovem estudante de medicina que, em 1952, viajou de moto pela América do Sul na companhia do seu amigo Alberto Granado. Depois de alguns meses, é claro que a moto quebrou. Mas Che, como todo bom argentino, não se fez de rogado: de carona e carona, caíram na estrada e conheceram uma colônia de pacientes com hanseníase. O choque daquela realidade de pessoas excluídas inspirou Guevara a virar o revolucionário que vemos nas camisetas e confundimos com o Jim Morrison. Espécie de Smalville socialista, este livro conta a história da viagem que deu origem ao mito, mas termina antes de sua ascensão ao poder, que é quando o bicho normalmente pega. Adaptado para o cinema com o título de Diários de motocicleta. Não conta lá em casa, de André Fran Viajar é bom, mas ficar no conforto do seu lar e se deliciar com as roubadas de quem viaja para os mais variados cafundós é melhor ainda. Em Não conta lá em casa, o autor relata suas andanças por lugares inusitados como o Iraque ainda praticamente em guerra, a impenetrável Coreia do Norte, o Afeganistão dos talibãs, Tuvalu, a ilha-país prestes a sumir do mapa pelos efeitos do Aquecimento Global, além de Somália, Etiópia, o Japão logo após o tsunami, entre outros. Cheio de histórias que divertem e emocionam, o livro revela também alguns detalhes curiosos e inusitados para os aventureiros apaixonados por roteiros bizarros. E, obviamente, também virou programa do canal Multishow. Obrigatório para quem trabalha nesse ramo. A irmandade das calças viajantes, de Ann Brashares Você tem uma, duas ou três amigas inseparáveis? Tibby, Carmen, Bridget e Lena são como vocês, queridas. Companheiras, cúmplices, miguxas. Mas, pela primeira vez, as quatro adolescentes terão que passar o verão separadas, tadinhas. Mas as quatro inventam um elo que as unisse durante esse cruel período de separação: calças jeans compradas de brechó servirão de elo entre nossas protagonistas. Como as Calças, você, amiga leitora, será convidada a viver cada momentos intenso, cada grande prova de amor, cada problema, cada garoto magia com Tibby, Carmem, Bridget e Lena. Espécie de mistura de Confissões de Adolescente com Comer, rezar e amar, A irmandade das calças viajantes é um prato cheio para quem vive ou sente saudades dos dramas da vida adolescente. On the road – Pé na estrada, Jack Kerouac Dizem que um bom livro sobre viagens não é sobre o que o viajante descobre na paisagem, mas dentro de si mesmo. Sal Paradise e Dean Moriarty levam esse conselho quase que literalmente. Cruzando os EUA de carro, os jovens metem o pé na jaca ao som de jazz. Sexo, drogas, álcool e, acima de tudo, liberdade. Aliás, liberdade é o tema central da obra, que inaugurou um novo tipo de prosa, em que as palavras fluem soltas como um jazzista improvisando no clarinete. E, como num solo deste instrumento, a gente só percebe que acabou quando o silêncio da página em branco bate. Uma viagem. Um certo verão na Sicília, de Marlena de Blasi Quando você pensa em Sicília, você lembra de que? Máfia? Limão? Sua prima esquisita que você só vê no Natal? Conheça a misteriosa Villa Donnafugata, onde um casal passa um mês aprendendo sobre os lavradores locais e sua vida bucólica. Gente humilde, da lavoura. Gente que rala de sol a sol e não reclama, gente que canta, reza e fala “má quê?!”. Gente como a gente. No meio desse reconfortante marasmo, você conhecerá a Tosca dona da Villa. Com todo respeito, é claro. A signora Tosca Brozzi, que vive lá desde os nove anos, quando seu pai a trocou por um dos cavalos do príncipe Leo. A história de abandono épico (e hípico) vai dar lugar a um romance arrebatador envolvendo a nobreza, a Segunda Guerra Mundial e, como estamos na Sicília, a Máfia, é claro. Para ler comendo spaguetti, tomando um bom vinho e suspirando.Livros para entender a família
Melancia, de Marian Keyes O nascimento do primeiro filho é um evento inesquecível. Ainda mais para Claire, que recebeu o filho junto com a notícia de que o marido ia deixá-la pra fugir com a vizinha. Ao sair da maternidade sozinha com um bebê, um par de chifres e um corpo de forma (de Melancia. Daí o título), a protagonista volta a morar com sua família adorável: irmã esotérica, outra periguete pegadora e uma mãe com fobia de cozinha. Ah, tem também o pai histérico. Mergulhada até a testa nessa depressão pós-parto, Claire medita sobre seu casamento falido até o dia que o ex-marido bate à porta para culpá-la por ter se apaixonado pela vizinha. Mas o que é dele está guardado. Precisamos falar sobre o Kevin, de Lionel Shiver Precisamos falar sobre o Kevin é como uma maratona. Você começa animado, depois se pergunta por que se meteu nessa roubada. Depois começa achar que desistir não é tão ruim assim. Aí você começa a se arrastar e odiar quem disse que isso era uma boa ideia. Mas, quando você enxerga a linha de chegada, a sensação é gloriosa. Aí você chega ao final e ninguém ama você. Escrito na forma de cartas de uma mãe para seu marido, o livro explora a sina de uma família marcada pela desconexão afetiva de mãe e filho. É lindo, sombrio e triste. Mas é uma experiência para ser lembrada por um bom tempo. Família, de Barbara Delinsky Dana Clark está num conto de fadas republicano: vive numa sociedade branca e conservadora no norte dos EUA. Tudo vai bem, até que sua primeira filha nasce. E ela é negra. E o marido é branco. E a cor da pele do bebê desestabiliza a vida da comunidade toda. É claro que o pai tem que lutar contra os preconceitos próprios e da sociedade para amar sua filha e manter sua família unida. Homens, Mulheres & Filhos, de Chad Kultgen Uma coisa complicada sobre a família é que ela começa no sexo e depois passa a vida fingindo que ele não existe. Chad Kultgen elabora uma colcha de retalhos de personagens unidos por laços familiares, redes sociais e taras sexuais. Um crônica sobre as relações superficiais da sociedade na era digital e seus subtextos marotos. Tem um quê de Nelson Rodrigues na era do Tinder, mas com muito menos sangue. A Villa, de Nora Roberts Uma dinastia de vinicultores. Uma família tradicional. Inveja. Intriga. Paixões. Uma história de amor na ponte aérea entre Califórnia e Veneza. Até parece enredo de novela da Glória Perez, mas é um envolvente romance sobre uma das mais famosas vinícolas do mundo. Sophia Giambelli é herdeira de uma vinícola que precisa conciliar sua vida emocional com seu papel nos negócios da família. Para piorar a situação, os ataques misteriosos ameaçam a reputação dos vinhos Giambelli. Já falei que esse livro é sobre vinhos?]]>- Cinco livros e cinco frases para lembrar de Henfil - 16.01.2017
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- Livros inesquecíveis de Pablo Neruda - 14.09.2016
Ótimas dicas de livros ! Adorei