Biblioterapia: 10 livros que podem ajudar na cura de doenças físicas e emocionais
Em 12 de março, celebramos o Dia do Bibliotecário. Em homenagem aos profissionais do paraíso dos livros, vamos falar sobre biblioterapia!
Quem chega no meio de uma conversa e escuta a palavra biblioterapia tem grandes chances de fazer várias interpretações aleatórias – e até equívocadas – do seu real significado. Esta comprovado: mergulhar na leitura como prática terapêutica traz mais benefícios do que a medicina poderia supor. E, embora muitos ainda não tenham ouvido falar, a técnica já tem sido estudada – pelo menos – desde os meados ou século 20. A pesquisa intitulada “A leitura como função terapêutica: biblioterapia” (1940), da professora Clarice Fortkamp Caldin, investigou uma série de definições de pesquisadores de diferentes gerações.
No último dia 1º de março, completou um ano que a clínica lisboteca The Therapist decolou com inúmeros tratamentos alternativos – entre eles, as sessões biblioterapêuticas. Cada sessão consulta custa, em média, 60 euros. No lugar de antibióticos, cirurgias e exames delicados, a proposta (genial) de tratamento é prescrita pelo o que mais amamos por aqui: leitura de livros!
Vamos descomplicar?
Os gêneros literários de poesia e ficção, em especial, são os maiores aliados aos tratamentos de doenças físicas e da alma, pois são obras que despertam a imaginação e a identificação com personagens. Isso renova o senso de realidade, de esperança e de vida. A biblioterapia é um método profundo e eficaz que acredita na cura nas feridas do corpo e da simples ato de ler. Mas, atenção: não é qualquer leitura “ao leo” . São bibliografias direcionadas – dependendo das faixas etárias, específicas aos diagnósticos e personalizadas para cada caso. O resultado agrega não apenas ao autoconhecimento, mas impulsiona nosso cérebro ao prazer pela leitura e busca respostas para as angústias.
Biblioterapia em casa!
Baseados na obra Farmácia Literária, de Ella Berthoud e Susan Elderkin, fizemos uma lista de 10 livros recomendados para a biblioterapia. Consultórios psicológicos, hospitais, asilos, penitenciárias e orfanatos já adotaram este método de leitura como um ingrediente imprescindível para um novo recomeço de vida. Confira!
Sentiu que a covardia te dominou?
O sol é para todos, de Harper Lee
Publicado em 1960, o clássico americano escrito por Harper Lee narra a história de Atticus – um correto e corajoso advogado – que assume um caso judiciário de um homem negro – acusado de estupro por uma mulher branca. O resultado é surpreendente. Aprendemos uma grande “lição de moral” – que tem atravessado as gerações e não é à toa que estima-se que a obra tenha vendido mais de 40 milhões de cópias em todo mundo desde o seu lançamento. Vale lembrar também que o título ganhou adaptação para o cinema com três prêmios Oscars, além do Pulitzer de Literatura para a autora em 1961. Veja também algumas curiosidades sobre a autora aqui! Receba uma dose de coragem após esta leitura sensacional!
Você tem medo de uma morte súbita?
Cem anos de solidão, de Gabriel García Márquez
Aqui você se depara com uma narrativa capaz de mudar sua perspectiva da vida como um clico maior. A história se passa na aldeia de Macondo. Trata-se da solitária família Buendía, na qual todos os membros (e todos as gerações) foram acompanhadas por Úrsula, uma personagem centenária e uma famosa matriarca da história da literatura latino-americana. Aprendemos com o clássico do autor colombiano que todos os personagens padecem de solidão – não só pelo isolamento, mas pelo estado de espírito o qual eles são submetidos. Mergulhe de corpo e alma na história!
Vontade de abandonar o barco – no relacionamento, trabalho ou vida?
Coelho corre, de John Updike
Pressão de todos os lados, frustração e zero sentido na rotina. Clichês à parte, mas seu barco parece estar naufragando? Esta é a mesma sensação de Harry “Coelho” Agstrom. No passado, ele foi um astro do basquete juvenil, um grande herói admirado e requisitado. Hoje, porém, ele é um jovem adulto, 27 anos, casado, com um filho (e um bebê a caminho) e convive com a sensação de que o melhor da sua vida ficou pra trás. Diante das suas questões e insatisfações, o personagem apenas corre dos medos, riscos e “perigos” da vida. Tudo muda quando, diante de um frentista no posto de gasolina, Coelho chega a conclusão de que “o único jeito de chegar a algum lugar é pensar para onde você está indo antes de ir”.
Sofreu um aborto?
A mulher viajante no tempo, de Audrey Niffenegger
Poucas episódios são tão traumáticos quanto um aborto. Um ambiente ensanguentado e a impotência de um médico diante da perda de um feto certamente é uma das piores dores da vida. Enquanto você se recupera, então, você precisa ler “A mulher viajante no tempo”. A história de amor entre Clare e Henry – que se conheceram quando ela tinha apenas 6 anos e ele 35. Calma, Henry não é um pedófilo, mas sim, um viajante no tempo. Quando os protagonistas finalmente se casam, começam a lidar com um grande problema: Clare não consegue engravidar. Foram cinco abortos espontâneos e a principal suspeita é a de que os fetos estejam herdando o “gene” da viagem no tempo – e deixando o útero antes do tempo. Um romance simplesmente inspirador!
Cuidando de alguém com câncer?
Um quarto para ela, de Helen Garner
O primeiro romance da autora australiana após um intervalo de 16 anos sem escrever. A autora narra a história de amizade entre Helen e Nicola. Helen se prepara para acolher sua amiga debilitada pelo câncer, que luta para não perder a fé e a esperança. O livro nos ensina sobre empatia, encorajamento e força quando nos deparamos com cenas – disfarçadas de tratamento – que estão levando uma das pessoas mais importantes da nossa vida irem embora gradativamente.
Você tem vontade de sumir e sair sem rumo?
Qualquer lugar menos aqui, de Mona Simpson
Se você convive com uma sensação de fuga constantemente, tem pavor de tudo o que te prende e sente que a estrada é seu lugar, encontramos uma bibliografia (perfeita) para você. Anne tem 12 anos e sofre de ansiedade por não ter uma residência fixa. Sua mãe, Adele, após romper do terceiro casamento entra num ciclo de mudanças de casa junto com a filha. O que faz a adolescente entrar em profunda crise consigo, pois ela compreende que precisa de estabilidade e uma rotina “normal” para se desenvolver como uma adolescente.
Problemas com alcoolismo?
O iluminado, de Stephen King
A história de Jack Torrance é arrepiante, mas dois grandes males acometem a sua vida: o consumo excessivo de álcool e seu temperamento explosivo. A combinação o levará a um hotel fantasmagórico onde, provavelmente, o personagem ficará isolado por vários dias até a neve cair. Até que ele entra em uma onda imaginária e de “espíritos” que lhe coloca diante de um legítimo gim – episódio que fará o leitor ir atrás de um suco de laranja em vez de um drinque (para sempre!).
Síndrome do pânico?
Mulher das dunas, de Kobo Abe
Só quem é “agorafóbico” sabe o desconforto de se ver em um lugar novo. Talvez o personagem Jumperi Niki se sinta da mesma forma e por isso decide viajar para uma região deserta e costeira, procurando por uma nova espécie de insetos. O trajeto seguia bem, mas a leitura nos surpreende com um ponto de virada ao se deprar com casas alojadas no fundo de buracos com 15 metros de profundidade.
Você se sente malsucedido?
Pétala escarlate, flor branca, de Michel Faber
Todo dia você recebe notícias de coisas boas da vida que estão acontecendo na vida dos seus amigos, familiares, conhecidos e vizinhos? O que acaba despertando uma certa confusão sobre o que você realmente quer, já que se afundou em seus insucessos e fracassos. Talvez Michel Faber tenha algumas respostas satisfatórias com seu enredo. Uma jovem heroína começa sua história em um lugar totalmente improvável: em uma zona de prostituição. Forçada a vender o seu corpo, Sugar cresce acreditando que não existe outra possibilidade de “ser aquecida”. Aprendemos com o escritor uma lição muito além do que questões de sorte ou pontos de partida, mas sobre elevar-se à sabedoria e determinar seu próprio futuro – e não o dos outros.
Uma amizade que se rompeu ou acabou?
Até mais, vejo você amanhã, de William Maxwell
A realidade de nunca mais rever alguém que amamos parece uma tragédia. Mas esse romance (um tanto triste, se prepare!) nos leva a refletir sobre o quanto vale a pena consertar uma amizade. Inicialmente, o livro conta a história de dois amigos vivem isolados nas vastas campinas, são únicos um para o outro. Cinquenta anos depois, o narrador muda o curso da história e nos ensina uma profunda lição sobre mágoas, ressentimentos, perdão e reconciliação. A maior premissa da obra é nos ensinar a nunca tratar um amigo de uma forma a qual você possa se arrepender no futuro.
** Arte: Igor Defáveri
Qual outro livro deveria entrar para esta lista?
Bem interessante essa matéria
Moro na Dinamarca e não sei como adquirir livros em português por aqui. Vocês podem me recomendar sites internacionais?
Olá! Gostei muito. Podem enviar p meu e -mail essa lista e TB vcs podem indicar leitura para mulher vítima de violência física, verbal c baixa autoestima e em busca de um recomeço e superação? E TB mulheres que sofrem por traumas na família, devido terem perdido filhos ou maridos assassinados ou presos por envolvimento no crime? Gratidão! 🌷
Gostei muito das sugestões, porém não vi nenhum especialmente para idosos. E outros com o fundamento de quando realmente começou a falar-se, sobre a biblioterapia.
Inteligência quântica 1 de Jorge Menezes.
A leitura abre horizontes, acalma e instrui!
É verdade, Ana Helena. Faz tudo isso e ainda é capaz de nos curar <3