O regionalismo poético de Dalcídio Jurandir
Dalcídio Jurandir quebrou paradigmas de estilos literários e foi muito além do regionalismo em suas obras.
Dalcídio Jurandir foi um autor brasileiro que, em sua obra, defendeu as belezas do povo nortista e apresentou para a elite brasileira as mazelas e injustiças cometidas com a região em que nasceu. Para Jorge Amado, Dalcídio fez “um levantamento repleto de ternura da humanidade paraense”, o que tornou a obra do autor um elemento essencial de pesquisa em diversas áreas do conhecimento.
Nascido na Ilha de Marajó, no dia 10 de janeiro de 1909, Dalcídio Jurandir Ramos Pereira frequentou alguns dos melhores colégios do Pará. Em 1925, começou a estudar no tradicional colégio Paes de Carvalho, mas dois anos depois deixou a escola para estudar no Rio de Janeiro. Com dificuldades financeiras, trabalhou como revisor em uma revista e também como lavador de pratos. Ergueu sua carreira escrevendo para diversos jornais e revistas, como o popular periódico O Cruzeiro. Em seu tempo livre, Dalcídio dedicava-se ao livros que escrevia, todos ambientados em sua terra natal.
Além do regionalismo
Em 1972, a Academia Brasileira de Letras concedeu ao autor o Prêmio Machado de Assis, pelo conjunto de sua obra, o qual foi entregue pelo escritor baiano Jorge Amado. Militante comunista, Dalcídio Jurandir foi preso duas vezes, permanecendo, ao todo, seis meses em cárcere. Em viagens para a antiga União Soviética e para o Chile, Jurandir publicou sua obra em outros idiomas. A sua exploração poética de temas universais e inerentes à condição humana, tornou sua obra muito mais do que apenas regionalista. E, de acordo com especialistas, aproxima-se de grandes nomes como Graciliano Ramos e Jorge Amado.
Grande parte das obras de Dalcídio Jurandir é rara. O acervo perdeu-se com o tempo e novas edições deixaram de ser publicadas. Por conta disso, a editora Pará.grafo iniciou uma campanha de financiamento coletivo para a reedição dos livros do autor. Para doar ou saber mais informações sobre a campanha, basta acessar o link http://catarse.me/dalcidiojurandir. Por enquanto, o raro acervo do autor você encontra aqui na Estante Virtual. Confira as obras abaixo!
Chove nos campos de cachoeira, de Dalcídio Jurandir
A primeira edição de Chove nos campos de Cachoeira foi publicada em 1940, depois que o romance ganhou o prêmio Dom Casmurro. O prêmio e a publicação deste seu primeiro livro abriram caminho para que Dalcídio Jurandir se tornasse um dos mais importantes autores brasileiros do século XX.
Chão dos lobos, de Dalcidio Jurandir
A história de Alfredo, o personagem que percorre quase todos os livros do autor, começa na cidade de Belém, Amazonas, onde descobre em sua juventude o amor, a tristeza e a solidão – o que leva-o a fugir da cidade.
Primeira manhã, de Dalcídio Jurandir
Neste livro, Dalcídio Jurandir mostra novamente a faceta documental de sua literatura. Através do protagonista Alfredo, o autor denuncia as mazelas da educação brasileira – que duram até hoje – e os malefícios do capitalismo dentro deste sistema de ensino.
Belem do Grão Pará, de Dalcidio Jurandir
Ambientado na cidade de Belém, esta obra conta a história da decadente família Alcântara, que após a queda do senador Lemos tem de abrir mão da vida luxuosa repleta de eventos, beneficiada pela Ciclo da Borracha. Alfredo, protagonista do romance anterior, chega a Belém para estudar e morar na casa desta família em declínio financeiro e social.
Marajó, de Dalcídio Jurandir
Nesta obra, o autor Dalcídio Jurandir aborda a questão da Terra, mais especificamente do latifúndio, e da população excluída na região Norte do Brasil. É a cultura e a história da vida amazônica, a paisagem física, humana e social do marajoara que emergem neste romance quase documental.