10 obras da literatura de cordel que vão encantar você
Através da literatura de cordel, a cultura de uma região pode ser expressada.
A literatura de cordel, que é uma linguagem literária caracterizada por narrar uma história em forma de poesia e de rimas, tem este nome por conta da forma que os livros (ou folhetos) eram comercializados antigamente – pendurados em cordas ou barbantes. O cordel tornou-se uma vertente popular muito forte no nordeste do Brasil, onde as histórias e lendas do sertão foram imortalizadas, junto com os costumes e a cultura da região.
Virgulino Ferreira da Silva, o famoso Lampião, nasceu no dia 7 de julho de 1897 no sertão pernambucano e teve como pano de fundo de sua morte o sertão sergipano. Ele e sua esposa, Maria Bonita, foram atingidos por tiros da polícia no dia 28 de julho de 1938. Lampião foi uma figura importante na história, pois foi o precursor do cangaço – uma manifestação caracterizada pelo banditismo, formada por causa da insatisfação com a realidade do sertão nordestino, na qual predominava a fome, a pobreza e a injustiça social.
Selecionamos as 10 melhores obras de literatura de cordel que irão encantar você!
A chegada de Lampião no céu, de Rodolfo Coelho Cavalcante
“Lampião foi no inferno e depois no céu chegou. São Pedro estava na porta e Lampião então falou: – Meu velho não tenha medo, me diga quem é São Pedro. E logo o rifle puxou!”Esta é, provavelmente, a narrativa de cordel mais popular. Em A chegada de Lampião no céu, o autor Rodolfo Coelho Cavalcante ilustra o imaginário social sobre como teria sido a redenção da alma de Lampião, primeiro no inferno e depois no paraíso.
Cordel, de Patativa do Assaré
Esta obra, nada mais é, do que uma carta de amor em formato de cordel do autor Patativa do Assaré ao sertão nordestino e seus costumes. No livro, o autor expressa seus sentimentos e seu orgulho pela região e sua cultura.
Cordéis que educam e transformam, de Costa Senna
Neste cordel, Costa Senna coloca o dedo nas feridas da humanidade e aborda com simplicidade e desenvoltura temas do nosso cotidiano, como ética, cidadania e educação. Participação na política, alfabetização e uso consciente dos recursos naturais são motes pinçados pelo autor para, de forma lúcida e envolvente, levarem à reflexões diante de escolhas decisivas na vida.
Histórias e lendas do Brasil – contos nordestinos, de Tia Regina
Desde o folclore até a literatura, este livro seleciona e conta as histórias por trás das maiores lendas, contos e costumes da região Nordeste do Brasil.
Antologia da literatura de cordel, de Sebastião Nunes Batista
Nesta obra, os leitores poderão conhecer melhor sobre as origens da literatura de cordel e os seus principais representantes – além dos temas regionais e influências que são mais adaptadas para esta linguagem literária.
A pedra do meio-dia ou Artur e Isadora, de Braulio Tavares
Neste livro é narrada a história de Artur, um andarilho valente que em sua caminhada salva a bela Isadora das garras de uma onça. Isadora precisa encontrar a Pedra do Meio-Dia para salvar seu reino enfeitiçado por um gigante. A narrativa é toda em forma de cordel e ao final da leitura, o autor Bráulio Tavares explica as origens e características do gênero.
O príncipe e a fada, de Manoel Pereira Sobrinho
Esta é uma história que ressalta os tempos de mistério, amor, coragem e heroísmo e é contada com bastante sutileza através dos versos poéticos da literatura de cordel. É uma leitura para toda a família.
O flautista misterioso e os ratos de hamelin, de Braulio Tavares
Esta obra é a versão do paraibano Braulio Tavares para a famosa lenda medieval alemã, também consagrada pelos irmãos Grimm e pelo poeta inglês Robert Browning. Agora narrada em forma de cordel, ela encanta pela leveza que o ritmo dos versos repletos de métricas e as rimas dão a essa história impressionante, que mostra como a corrupção moral de um grupo político é capaz de provocar uma tragédia coletiva. Dessa maneira, os leitores poderão conhecer um pouco mais sobre a tradição oral alemã e sobre este gênero poético tão profundamente enraizado na cultura nordestina e brasileira.
Canudos na literatura de cordel, de José Calasans
A Guerra dos Canudos, liderada por Antônio Conselheiro no território baiano, é contada com riqueza de detalhes poéticos através da narrativa de cordel, pelo autor José Calansans.
Heroínas Negras Brasileiras, de
Neste livro, reunimos 15 dessas histórias, que ganharam uma nova versão da autora e a beleza das ilustrações de Gabriela Pires. Conheça a história de: Antonieta de Barros Aqualtune Carolina Maria de Jesus Dandara dos Palmares Esperança Garcia Eva Maria do Bonsucesso Laudelina de Campos Luísa Mahin Maria Felipa Maria Firmina dos Reis Mariana Crioula Na Agontimé Tereza de Benguela Tia Ciata Zacimba Gaba.
Qual obra de literatura de cordel você já leu? E qual mais gostou? Deixe sua opinião!
Para o Ronaldo
Folheto editado em Juazeiro do Norte-CE, na Tipografia São Francisco
TRECHOS DA PELEJA COM SEVERINO PINTO
Peleja de Pinto com Milanês
Autor: Severino Milanês da Silva
Milanês estava cantando
em vitória de Santo Antão
chegou Severino Pinto
nessa mesma ocasião
em casa de um marchante
travaram uma discussão.
M – Pinto, você veio aqui
se acabar no desespero
eu quero cortar-lhe a crista
desmantelar seu poleiro
aonde tem galo velho
pinto não canta em terreiro
P – mas comigo é diferente
eu sou um pinto graúdo
arranco esporão de galo
ele corre e fica mudo
deixa as galinhas sem dono
eu tomo conta de tudo
M – Para um pinto é bastante
um banho de água quente
um gavião na cabeça
uma raposa na frente
um maracajá atrás
não há pinto que agüente
P – Da raposa eu tiro o couro
de mim não se aproxima
o maracajá se esconde
o gavião desanima
do dono faço poleiro
durmo, canto e choco em cima.
M – Pinto, cantador de fora
aqui não terá partido
tem que ser obediente
cortês e bem resumido
ou rende-me obediência
ou então é destruído
P – Meu passeio nesta terra
foi acabar sua fama
derribar a sua casa
quebrar-lhe as varas da cama
deixar os cacos na rua
você dormindo na lama
M – Quando vier se confessar
deixe em casa uma quantia
encomende o ataúde
e avise a feguezia
que é para ouvir a sua
missa do sétimo dia
P – Ainda eu estando doente
com uma asa quebrada
o bico todo rombudo
e a titela pelada
aonde eu estiver cantando
você não torna chegada
M – O pinto que eu pegar
pélo logo e não prometo
vindo grande sai pequeno
chegando branco sai preto
sendo de aço eu envergo
sendo de ferro eu derreto
P – No dia que eu tenho raiva
o vento sente um cansaço
o dia perde a beleza
a lua perde o espaço
o sol transforma-se em gelo
cai de pedaço em pedaço
M – No dia que dou um grito
estremece o ocidente
o globo fica parado
o fruto não dá semente
a terra foge do eixo
o sol deixa de ser quente
P – Eu sou um pinto de raça
o bico é como marreta
onde bate quebra osso
sai felpa que dá palheta
abre buraco na carne
que dá pra fazer gaveta
M – Eu pego um pinto de raça
e amolo uma faquinha
faço um trabalho com ele
depois pesponto com linha
ele vivendo cem anos
não vai perto de galinha
A chegada de lampião no inferno,Antônio cobra choca,A triste sorte de Jovelina, João de calais, José de Sousa leão,A história do boi leitão e outras obras que li na minha infância
Queria muito encontrar um cordel que lia quando criança não lembro o título so o nome dos personagens falava de um casal que se amava Maria da Conceição e Luís Pereira Brandão ela muito linda foi cobiçada por um homem que deu algo pra ela tomar e todos acreditarem que ela tinha morrido quando enterrada ele roubou seu corpo do cemiterio mim ajudem a encontrar
O pavão misterioso,a menina perdida,Juvenal e o face ao….Nossa como eu amava essas histórias. Meu pai sempre comprava e eu amava ouvir essas histórias maravilhosas.gostaria de saber onde encontro pra comprar e assim relembrar minha infância linda é cheia de sonhos.
Sempre procurei um livrinho de literatura de cordel, mas nunca o encontrei. Li-lo em 1966. Esse livro conta a geografia do Brasil de forma rimado, acho que o nome do livrinho é: Meu Brasil Rimado. É uma verdadeira obra de arte!
Tem umas estrofes que ainda me lembro: Vamos ver um pedacinho…
” O mundo era antigamente coberto com a solidão,
As águas cobriam a terra, não davam vegetação,
O sol a lua e as estrelas não davam iluminação,
Mas Deus Pai, todo poderoso, Juiz e Justo que não erra.
Mandou que as águas se abrissem, descobrindo vales e serra,
Fez todos animais, também fez Adão e Eva,
De Adão e Eva nasceu toda a humanidade,
Bons, maus, mulatos e brancos, provem da mesma unidade,
só diferem nos traços físicos, nos defeitos e qualidades….. ” Continua falando da geografia do Brasil.
Quando criança ouvia muito meu pai narrando um folheto que não sei ao certo se o título é esse que citarei: Milanez e Severino Pinto.
Um breve trecho: ” Milanez estava cantando em Vitória de Santo Antão, chegou Severino Pinto nessa mesma ocasião na casa de um marchante travou se uma discussão. Pinto você veio aqui nesse maior desespero eu vou lhe cortar as crista e desmanchar o seu puleiro aonde tem galo velho pinto não toma chegada….”
Já procurei em vários lugares não encontrei e queria muito ter essa herança. Alguém conhece? Poderia me indicar?
Ronaldo Carneiro
Muito bom recomendo
Fui nascido e criado ouvido meus pais ler literatura de cordel tais como o Romance de manacei e marili pavao misterioso e etc e é tc isto que é educacional porque estimulava aleitura eu por exemplo so fui pra escola so pra apreder aler pra ler cordeis e canções
Gostei muito e bom saber que Pernambuco faz parte deses cordeis
A melhor e mais didática literatura de cordel feita nos últimos anos foi “O gol contra do crack” de autoria do cordelista maranhense Paulinho Nó Cego. Pense num cordel altamente preventivo e que deveria ser visto nas Escolas da rede municipal e federal. Recomendo.
Tenho 7 livros de poesia de cordel, gostaria de ilustrar cada tema, é muito caro e não tenho patrocinador
Eu amo cordel
Oi! Gosto muito da literatura de cordel e hoje topei com essa postagem no facebook. Opinião todo mundo tem, e que bom que podemos somar na diversidade. Não sei se você conhece, mas acredito que em qualquer lista de cordeis não poderia faltar “Os cabras de Lampião”, de Manoel D’Almeida Filho. O “Pavão Misterioso” parece ser o mais conhecido no Brasil, mas em reconhecimento internacional nenhum supera o que citei, sendo conhecido como a epopeia do sertão. Tem muitas esrtrofes e basicamente é uma biografia de Lampião, com extraordinários detalhamentos, Esse cordel precisa ser redescoberto no nosso país. Esse é o link no SKOOB para quem quiser conhecer, pois mostra onde está on line na cordelteca
Obrigada, Rogério. Adoramos suas sugestões e na próxima lista não vão faltar! Essa cordelteca está incrível!
meu pai falava muito de um poeta com livros de literatura de cordel que se chamava Joaquim Teodoro dos Santos. Onde encontrar a biografia
…e O cachorro dos mortos.
“O Pavão Misterioso” é um clássico da Literatura de Cordel. Deveria estar na lista. 😉