Flip: Poesia e diálogo de mulheres para mulheres
O fenômeno Rupi Kaur reúne dezenas de pessoas em casa na Flip para conversa com a autora Conceição Evaristo.
Durante o segundo dia da Flip – Festa Literária Internacional de Paraty, a Casa Santa Rita de Cassia recebeu o bate-papo “Outros jeitos de usar a boca”, sobre o surpreendente livro da autora indiana Rupi Kaur. Na mesa participaram integrantes do coletivo Leia Mulheres, da Revista Pólen, Milly Lacombe, Karin Hueck e a aclamada escritora Conceição Evaristo – com mediação de Raquel Cozer.
Conceição Evaristo, a partir de sua escrevivência, como ela mesma gosta de chamar, analisa a poesia de Kaur ressaltando sua coragem na “quebra do silenciamento da mulher”, que emocionou tanto leitoras do mundo todo. Raquel Cozer complementou ressaltando a valorização do feminino que vem ganhando terreno entre as próprias mulheres, que um dia já se vangloriaram de ter apenas amigos homens ou de não se relacionar com outras mulheres. Um discurso que vai cada vez mais desaparecendo.
Outros jeitos de usar a boca
As participantes leram trechos do livro que mais tiveram significado em suas vidas e dividiram com os participantes suas impressões. Ficou o questionamento – partindo da plateia – sobre a linha tênue entre a liberação sexual do corpo, com a objetificação feminina e a falta de afetividade e o vazio das relações. Uma perda de sentido na luta feminista, mas que precisa ser pensada a partir do autoconhecimento.
Leia um trecho do livro:
Quero pedir desculpas a todas as mulheres que descrevi como bonitas antes de dizer inteligentes ou corajosas. Fico triste por ter falado como se algo tão simples que nasceu com você fosse seu maior orgulho quando seu espírito já despedaçou montanhas. De agora em diante, vou dizer coisas como: ‘Você é forte!’ ou ‘Você é incrível!’. Não porque eu não te ache bonita, mas porque você é muito mais do que isso.”
Para quem já leu, como o livro marcou você?