Vida de Livreiro – Rodrigo e a Academia do Saber

Continuamos a série de posts sobre os livreiros da nossa rede. Encerrando a trilogia dos Leonardo, conheceremos a história de Rodrigo, o mais novo dos irmãos a seguir o caminho trilhado pelo patriarca da família Leonardo no comando da Academia do Saber.

Episódio 3

Rodrigo Correia Leonardo Pereira, 34 anos, nasceu em meio aos livros. “Nossa família morava num apartamento no Grajaú de três quartos, dois eram ocupados por livros. A gente brincava que eu tinha nascido numa biblioteca”, diverte-se o livreiro. Mario Leonardo Pereira, o patriarca da família, teve várias profissões até decidir entrar numa sociedade em uma livraria que ele frequentava muito. Uma aposta que gerou as três livrarias que hoje se confundem com a história dos irmãos Leonardo. Da sua infância livreira, Rodrigo, o caçula, guarda uma obra com especial carinho. “Quando eu tinha uns cinco ou seis anos, meu pai me deu um livro chamado “As Aventuras do Avião Vermelho”, do Érico Veríssimo. Era uma história bem lúdica, bem legal. E tinha uma brincadeira de falar as palavras invertidas. Eu adorava sorvetes. Aí, quando sorvetes, de trás para frente, é ‘setrevos’, mergulhei na brincadeira e comecei a decorar um monte de palavras de trás pra frente”, recorda-se. Último dos irmãos a decidir tocar o negócio da família, Rodrigo trabalhou um tempo no mercado financeiro antes de assumir uma das filiais. “De vez em quando eu vinha dar plantão na loja, mas eu trabalhava fora. Quando eu saí da minha empresa, meu irmão estava de mudança na livraria. Quando eu vim pra cá eu descobri que os livros me davam mais prazer e mais liberdade que o antigo emprego. Aí eu me encontrei”, conta. “Eu trabalho com todo tipo de público literário. Mas eu tenho um leque ainda maior por causa dos gibis e mangás. É um público com uma linguagem muito diferente. O gostoso de trabalhar nesse ramo é isso. A troca de conhecimento que enriquece ambos os lados”. E os clientes de Rodrigo costumam voltar. “A gente tem um acervo grande, mas muito rotativo. Tem cliente que vem todo dia porque sempre tem coisa nova. E há o prazer de encontrar pessoas com afinidades e gostos literários similares”. Rodrigo tem gostos literários ecléticos mas, quando o assunto é indicações, ele é cauteloso. “Livro pra mim é como perfume. Para fazer uma indicação, eu preciso saber um pouco da pessoa, da época da vida, das expectativas que essa pessoa tem com a leitura. É preciso saber um pouco mais pra fazer uma indicação precisa”, pondera. Sua primeira filha, Ana Júlia acaba de nascer. Rodrigo ainda evita fazer planos a longo prazo para a pequena. “Eu quero que ela siga o lado cultural da família. A leitura, o prazer de conversar sobre livros, isso eu quero que ela cultive”. Para a eventualidade de ela será uma futura livreira, porém, Rodrigo traça o cenário ideal.  “Para a Ana Julia, eu não abriria uma livraria como a nossa, não. É um acervo muito grande, dá muito trabalho. É um trabalho de formiguinha. Eu montaria livraria mais tranquila para ela. Uma livraria pequena, com um café. Talvez em Petrópolis. Comigo ajudando, claro.   A série “Vida de Livreiro” vai continuar a contar as histórias dos personagens da nossa rede. Quer compartilhar suas experiências com os leitores do Estante Blog? Conte a sua jornada pelo universo dos livros através do e-mail: suahistoria@estantevirtual.com.br]]>